Capítulo 01 - Vida Nova

Na minha vida, desde quando era criança, sempre acreditei no romance. Algo como um sapatinho de cristal e o momento certo onde os olhares se encontram, parecia-me algo mágico e que eu sempre acreditei que também poderia ter esta sorte:

Mãe:

— Mel! Se não descer para o almoço outra vez, eu juro que vou-lhe amarrar na cadeira de jantar e você sabe que eu faço isso!

Berrou a minha mãe, lá da sala de jantar. A nossa casa é grande, com quatro quartos e duas suites, uma sala de jantar no andar de baixo e outra de tv., onde temos uma lareira a gás e uma grande cozinha com bancadas também. O relvado verde na frente, uma porta de madeira alta e janelas de vidro correm por toda a casa, as cores seguem o tom mesclado e bordô.

Bom, fechei o meu computador onde eu estava escrevendo o que eu sinto e desci para comer, pelo menos isso é algo que eu pretendo fazer hoje, desde que eu fui deixada no altar... eu sinto a vontade de acabar com tudo, principalmente porque a vida amorosa que eu tinha parecia perfeita e duradoura mais no final, ele veio com aquela desculpa esfarrapada de "a eu… sonhei e depois vi." e já tem pouco mais de um mês que eu não sei nada sobre ele e nem se ele se arrepende.

Na sala de jantar, o cheiro de frango assado invadiu os meus pulmões e pela primeira vez em semanas, eu senti-me renovada e acolhida também quando a mamãe, antes de dar outra garfada na sua coxa de frango, disse:

Maria:

— Eu vendi a casa filha, comprei aquela que escolhemos em MoonWolf se lembra?

Eu quase engasguei, finalmente vou sair deste lugar:

— É sério mãe?

Então ela sorriu amorosamente e continuo:

Maria:

- O seu pai já voltou do hospital, a sua perna já se recuperou bem e estamos com mais dinheiro na conta, quer levar as suas coisas, do seu quarto filha?

Respirei fundo, fechei os olhos e o meu coração apertou-se outra vez. Tudo neste lugar lembra-me ele, as paredes desta casa estão incrustadas com as lembranças dos momentos que passamos juntos. É por está razão que estamos nos mudando, os meus pais pensam que estou a ponto de uma depressão:

— Não mãe, quero tudo novo, não preciso de móveis e roupas caras só... de um novo lar e um recomeço.

E então o papai apareceu na sala de jantar, encostou a sua cadeira de rodas na mesa e após começar a comer em silêncio, disse, juntando-se a nossa conversa:

Jean:

— Amor, vamos comprar as coisas dela, o resto nós levamos o que cabe na casa e vamos nos adaptando. Todos nós precisamos de um recomeço

Sequei as poucas lágrimas que me brotavam dos olhos, levantei da mesa de madeira um tanto cabisbaixa e disse:

— Eu tenho que ir, vou com a Bia comprar roupas novas. Até mais tarde pai, mãe!

Na porta da frente e com as chaves do carro na mão, escutei a minha mãe gritando outra vez:

Maria:

- Você não comeu muito, Mel!

Apenas fechei a porta e saí. Dirige em silêncio, o foco na estrada manteve-me numa sintonia boa e reconfortante. Chegando no ‘shopping’ DN e após estacionar, fui encontrar a Bia na loja de roupas esportivas, ela já estava-me ligando sem parar a uns dez minutos:

Bia:

— Migah que demora hein?! Estou plantada aqui já tem uma hora, ainda bem que decide comer sem você desta vez.

Putz! Que droga... a minha cabeça realmente anda fora do lugar:

— Me desculpe Bih (Apelido), eu esqueci que iríamos comer juntas hoje...

Então ela soltou os braços de forma amável e abraçou-me:

Bia:

— Ei, eu estou aqui com você, está bem?

Então ela olhou-me amorosamente e disse:

Bia:

— Você vai conseguir dar a volta por cima, ele não merece as suas lágrimas migah...

Disse ela secando o meu rosto com a manda da sua blusa e um sorriso materno nos olhos, muitos tem feito isso ultimamente:

— Estou pronta para mudar... esta cidade e este lugar, fazem-me mal e eu não aguento mais chorar por ele...

Ela puxou-me para dentro da loja dizendo:

Bia:

— Vem! Vamos comprar roupas novas de academia, precisa atrair olhares Mel! Ainda mais estando numa cidade nova em outro país!

Ela disse toda animada enquanto, ela mesma escolhia para mim, roupas de acadêmia mais ousadas e eu a respondi:

— Tipo aqueles olhares que a gente vê...

Eu disse de forma pensativa e usando a minha criatividade:

— Naqueles seriados antigos de Tv, Bih?

Entrei no trocador com as montanhas de roupas até o queixo, com ela respondendo do outro lado da porta extremamente animada por mim:

Bia:

— Exatamente! Imagina você malhando na academia nova e, ele entra todo descontraído usando jaqueta preta e-

Eu gargalhei e respondi:

— Boné preto e todo tatuado! Não podemos esquecer as tattos amiga Hahaha

Bia:

— E um corpo de dar agua na boca! Então saia daí logo, vamos ver essas curvas!

— Ok!

Abri a porta já me esquecendo da dor, estar com a Bia faz-me rir e isso sempre me deixa feliz por dias. Ela olhou e a sua boca parecia estar caída no chão:

(roupa Exatamente escandalosa que a minha suposta, "Melhor amigah", escolheu)

Bia:

— amigah!! Eu mandei bem! Fala aê, gostou?

Ela disse, toda orgulhosa de si. A Bia, tem quase a mesma altura que eu, de quase um e setenta e três, cabelos louros e o corpo trabalhado. Nos conhecemos na academia do meu bairro, a quase quatro anos, ela acompanhou tudo de perto:

— Bom, pelo menos as roupas de trabalho que você escolheu são mais portadas...

Ela fez cara feia, saímos da loja depois de pagar e fomos tomar uma daquelas casquinhas de sorvete artesanais que vendem nos corredores. Então eu ri outra vez e disse, enquanto comíamos:

— Eu adorei tudo que nós compramos nos últimos dias Bih, Estou me sentindo renovada e louca para deixar o Brasil também!

Ela finalmente retirou o bico da cara, sorriu e disse:

Bia:

— Não esqueça de me ligar toda semana, ok? Me avise quando chegar também migah!

Depois de mais algumas voltas pelas lojas, um celular e linha de telefone nova, voltei para casa após dar carona para a Bia. Entrei com as compras, os meus pais já estavam dormindo e as malas estavam na entrada de casa. Subi as escadas, tomei banho no meu quarto mesmo e depois de colocar o restante das roupas novas na minha bolsa, deitei-me e adormeci... E no preâmbulo dos sonhos e a realidade, naquele momento em que o corpo está relaxado e quase se deixando levitar no descanso, tive a sensação de escutar uma voz na minha cabeça:

"— Mel… mel..."

É um sonho?... acho que sim. Amanhã, a minha vida recomeça.

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Mel Safena, 25 anos. Filha de Jean e Maria Safena, humanos. Gosta de chá de camomila, é sonhadora e muito romântica também. Sofreu uma decepção amorosa e esta se reequilibrando na vida.

Jean Safena - Ele tem quase 50 anos, sofreu um acidente na escada de sua casa e quebrou a perna esquerda. Usa cadeira de rodas. Dentista. Gosta de frango assado e cerveja

Maria Safena, 45 anos. Depiladora, gosta de peixes e comida caseira.

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