ra o dia da formatura.
Mel andava de um lado para o outro em seu quarto, ansiosa. Helena, como sempre, já havia decidido os vestidos delas duas.
— Mel, você vai arrasar corações! — disse Helena, empolgada enquanto ajeitava os detalhes do vestido vermelho com brilho discreto, porém impactante. — E se você ganhar como a princesa do baile, leva a viagem e ainda cinco mil reais! Olha que sonho!
— Eu nem tenho par, Helena… — respondeu Mel com um sorriso sem graça. — Até o Éric já se arranjou! Você tá maluca se acha que vou ganhar!
— Aí, aí… só espero que o seu amorzinho Eduardo vá mesmo — cutucou Helena, rindo. — Já o amigo dele... espero que nem apareça! Arrasa, amiga. Até mais!
Assim que desligou a chamada, Mel desceu para a cozinha.
— Boa tarde, minha menina — disse Maria, com seu jeitinho doce.
— Boa tarde, Maria… então… acho que vou no baile. Helena me convenceu — disse Mel, tentando soar animada. — Queria mesmo a viagem... mas ninguém me escolhe como princesa. Até o Éric, Maria... já tem par! Dá pra acreditar?
— Não creio! — respondeu Maria, rindo.
Carlos ouvia tudo atrás da porta da sala, em silêncio, com o rosto sério.
— Tudo culpa do crápula com quem vou me casar — comentou Mel, rindo nervosa. — Será que ainda dá tempo de alugar um príncipe, Maria?
— Ai, minha menina... você com esse nome doce só assusta os gatinhos mesmo! — brincou a governanta.
— A viagem é pra uma ilha, Maria... dessas paradisíacas. Um sonho! Mas ir sozinha... não tem graça. A pessoa com quem eu sempre sonhei em ir, hoje… só me causa medo. Dá até tremedeira quando vejo.
Maria olhou com carinho para a jovem.
— Minha menina, você...
Mas, antes que pudesse completar, Carlos apareceu, com a voz seca:
— Tudo certo para o seu baile?
Mel se calou. Ficou tensa. Desviou o olhar e saiu rapidamente, sem responder.
— Menino, menino! — repreendeu Maria. — Vocês precisam conversar como adultos!
— Como, se ela ainda é uma criança? — retrucou Carlos, sem encará-la.
— Não vejo nenhuma criança ali, Carlos.
— Eu vejo — murmurou ele, quase pra si mesmo.
— Você é um tolo — disse Maria, balançando a cabeça.
À noite... o baile
A casa já estava em silêncio. Maria e Carlos estavam prontos, aguardando Mel.
Mas ela não descia.
— Mel! Menina! Cadê você? — chamou Maria, impaciente.
Do alto da escada, uma voz insegura respondeu:
— Maria... acho que não vou mais. Tô horrível...
— Nem se você quisesse conseguiria, com tamanha perfeição e beleza! — respondeu Maria, com firmeza e carinho.
Carlos, sentado no sofá, comentou com desdém:
— Puxa-saco...
Maria olhou para ele e sorriu de lado.
— Não. Apenas enxergo o que você insiste em ignorar.
Carlos abaixou o olhar, sem resposta.
Maria
— Mel! — a voz da irmã Maria ecoou escada acima. — Vamos nos atrasar! Desça logo, menina!
Mel fechou os olhos por um instante, respirou fundo e resmungou para si mesma:
— Tá bom… — suspirou, abrindo a porta devagar. — Não tem outra forma, né...
Sabia que ia ter que descer… e encarar aquele homem que confundia sua mente e embaralhava seus sentimentos com um simples olhar.
Carlos olha para Maria, dá um sorriso malicioso, mas tenta disfarçar.
— Meu Deus, que mulher maravilhosa — pensa ele. — Não pode ser só uma menina... jamais!
Mel desce as escadas muito tímida, quase envergonhada, mas logo Maria puxa conversa, e as duas saem rindo pelo caminho.
No baile, todos estão lindos e bem vestidos, mas Mel realmente rouba a cena. Ela está deslumbrante, e todos a admiram. Carlos, no entanto, não consegue disfarçar o incômodo.
Logo, um homem se aproxima para convidá-la para dançar. Ela aceita, mas Carlos, preocupado, não deixa que ela vá.
— Poxa vida, que saco! — Mel reclama, brincando. — Eu queria muito ganhar! Aquele moço seria um par perfeito, sem dúvida! — Ri.
Carlos pega seu braço delicadamente e, sem dizer uma palavra, a conduz para a pista de dança.
Ele coloca as mãos na cintura dela e a puxa para perto. Mel sente seu corpo tremer, mas Carlos começa a falar baixinho em seu ouvido:
— Você é uma obra-prima… Queria poder passar o pincel em cada pedacinho do seu corpo.
— Mas eu conheço cada parte dele — completa, sorrindo. — Consigo até fazer um raio-x.
Mel sorri, mas uma lágrima escapa, e ela se afasta.
Carlos percebe, mas não comenta.
Mais tarde, anunciam que em cinco minutos chamarão o casal ganhador da dança de formatura. Mel quer ir embora mas Maria insiste para que ela fique.
Enquanto isso, Mel já está tomando um copo de vinho quando anunciam que ela e Carlos são os ganhadores!
Para receber o prêmio, o casal deve fazer uma última dança. A música toca, Mel se aconchega no ombro dele, e juntos dançam lindamente. Todos comentam sobre a sintonia e a beleza dos dois.
Ao final da dança, Mel corre para Maria, e juntas saem em direção ao carro.
Carlos chega cinco minutos depois, em silêncio. Maria não ousa quebrar o clima.
Em casa, Maria vai para seu quarto, e Mel corre até a geladeira, pegando uma garrafa de água para beber. Insatisfeita, pega um pouco de vinho e toma um gole, quando se depara com Carlos.
Ela larga a garrafa, assustada, e sai apressada. Carlos a segura suavemente, encosta-a na parede e a beija profundamente.
Mel, um pouco surpresa, afasta-se e corre para longe.
Na manhã seguinte, Mel veste uma roupa confortável e vai tomar café.
— Bom dia, minha menina — diz Maria com um sorriso.
— Bom dia, Maria — responde Mel.
— Bom dia, Mel — cumprimenta Carlos.
— Para você também — diz Mel, sem olhar muito para ele.
— Maria, hoje você vai sair? — pergunta Mel.
— Sim! Vou aproveitar o final de semana e viajar com minhas amigas da terceira idade — responde Maria, rindo.
— Que legal — diz Mel, sorrindo.
— Menina, onde você vai assim, tão linda? — pergunta Maria.
— No meu lugar favorito. Um dia levo você lá, tá? Só levo pessoas que amo nesse lugar — responde Mel, emocionada.
— Que bom saber que você me ama — brinca Maria.
— Sim, antes você era a número dois, agora é a número um! — responde Mel, rindo.
— Meninaaa! — ri Maria.
— Tchau para vocês — Mel se despede, já pronta para sair.
Mel pega um táxi e parte. Maria logo segue seu caminho, deixando Carlos pensativo.
— Essa menina me irrita demais, me deixa louco — pensa ele.
Lugar preferido... Será que ainda é o mesmo?
Carlos pega seu carro, uma sunga, uma toalha, e corre para onde acha que Mel deve estar. Depois de pensar por um tempo, chega exatamente onde imaginava: a cachoeira deserta onde Mel costumava ir com seus pais.
Ele chega e observa-a de longe, suspeitando que ela espera alguém.
Mel, sentada à beira da água, diz:
— Esse lugar é incrível, é muito importante para mim.
— Amo estar em paz. Tudo que eu mais aprecio.
Ela pega uma garrafa de vinho e começa a beber. Depois, entra na água para se refrescar. Quando sai, percebe que não está sozinha.
— Você me assustou — diz Mel, surpresa.
— Pare de beber — diz Carlos, preocupado.
— Já tenho 18 anos, posso fazer o que quiser — responde ela, sorrindo.
Carlos se aproxima, bebe o vinho da boca dela, a coloca sobre as pedras e a beija ardentemente.
Mel não resiste, sente o fogo da paixão e a excitação. Depois do beijo, ela sussurra:
— Você está brincando comigo, não é? Sabia que eu estaria aqui.
— Sabe que sou uma idiota desde que era muito menina, por sua causa.
— Pare de brincar assim comigo.
Ela começa a se vestir e corre.
Carlos vai até ela, a pega no ombro e a coloca no carro e prende o cinto de segurança.
No caminho para casa, o silêncio toma conta.
Chegando, Mel corre para seu quarto e se tranca.
Três dias depois...
— Bom dia, menina... parabéns, meu raio de sol! — diz Maria, entrando no quarto.
— Cadê o café? — pergunta Carlos.
— Na mesa — responde Maria.
— Mel, você está bem? Está trancada há dias — comenta Maria.
— Decepção, Maria... — responde Mel, com a voz baixa.
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Atualizado até capítulo 32
Comments
Luisa Nascimento
Só vai assumir o amor quando ela não estiver mais interessada.
2025-01-29
0
Fatima Gonçalves
OU FOR EMBORA DE VEZ
2025-03-26
0
Maria Aparecida Nascimento
Esse Carlos não tem jeito
2024-06-05
2