Daqui. — expliquei-me e notei alguns sorrisos condizentes nas
mesas mais próximas. — Fui convidada por um dos donos a
cantar aqui hoje, e espero que possa contribuir para o melhor
jantar de suas vidas. — sorri e peguei o violão que estava ao meu
lado. — A primeira música tem um tom pessoal, admito, e como a
acho incrível, resolvi fazer uma versão. Espero que gostem!
Muitas pessoas não tinham sua atenção no palco, e era
acostumada com tal coisa, até porque não era a estrela da noite,
nunca quis ser. Era mais como colocar o coração para fora de um
jeito saudável, colocar as emoções mais perturbadoras em viva-
voz. Cantar me fazia sentir livre. Liberdade era a palavra com
maior significado em minha vida, e estava marcada em minha
pele como lembrança constante de como cheguei até ali.
Toqueis os primeiros acordes e muitas cabeças se viraram
para o palco. Aquela música realmente conquistava, o tanto
quanto, intrigava. Não existia a forma certa de definir como era
bonita, ao menos, em minha concepção. De certa forma, ela me
ajudava a colocar várias verdades íntimas para fora. Uma forma
de protesto muitas vezesAbri os olhos novamente e notei que praticamente todos
estavam conectados ao violão e minha voz, e não quis
decepcioná-los. Dei meu melhor e Take Me To Church pareceu
tocar cada pessoa presente. Minutos depois, encerrei a canção e
uma salva de palmas fora dada. Sorri, pois não era comum ter
felicitações nessas apresentações. Não estava ali por fama ou
dinheiro, era apenas para cantar. Mas fazia-me feliz saber que
tinham gostado.
Continuei minha playlist e sorri por saber que a maioria
parecia com o coração tão aberto quanto o meu naqueles poucos
instantes. Quando finalmente terminei, ao fim da noite, agradeci
brevemente e saí do pequeno palco.
Will me recebeu com um abraço, e foi impossível não
retribuir. Dei-lhe um beijo no rosto e sorri em sua direção.
— Acho que mereço uma bebida. — sugeri e ele assentiu.Tudo para a dona da porra toda. — gargalhei de seu
vocabulário e segui com ele até o bar. — A estrela da noite.
Assim que parei, Will se adiantou e pediu a dose de meu
uísque favorito.
— Vou andar por aí, meu amor. — assenti para seu olhar
atento. — Precisa de algo?
Beijei seu rosto mais uma vez e agradeci internamente por
ter aquele homem em minha vida. Ele era um dos poucos, os
quais realmente, poderiam se aproximar. Will era como um irmão
para mim, e cuidava de meu real irmão como deveria. Senti falta
de Lucas no mesmo instante.
— Lucas ainda está no escritório? — perguntei, e ele
assentiu. Uma careta emoldurou seu rosto.
— Eu sou o sociável no restaurante, e seu irmão, o que
posso dizer? — bufou, fazendo-me sorrir. — Adora seu próprio
espaço e cuidar dos papéis chatos.
— Lucas e sua mania de ser entediante quando quer. —
provoquei.
— Reconheço que em alguns momentos ele não é nem um
pouco...Will! — bati em seu peito e ele gargalhou. — Vai
atazanar outro! Não quero saber da forma como você e meu
irmão transam.
— Mas eu...
— Tchau, Will!
Levantei a mão e virei o uísque. Deixei o copo sobre o
balcão e meu cunhado para trás, seguindo por entre as pessoas.
Assim que saí do estabelecimento, respirei fundo e tentei evitar a
vontade de fumar. Aquela merda ainda me atormentava, e tentava
evitá-la ao máximo. Os remédios controlados tomados toda noite
eram o bastante para deixar meu organismo uma grande bagunça
“organizada”.
Passei as mãos por meus braços e respirei fundo mais
uma vez, sentindo falta da música que cantara há poucos
minutos. Cantar me mantinha sã, lembrava-me de momentos
bons e inesquecíveis. Lembrava-me do homem que tanto queria
de volta, mas não poderia ter. Era uma merda apenas conseguir
confiar seu coração a um, que só tinha olhos para outra.
— Com licença.
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Atualizado até capítulo 41
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