Pai?

Alguns meses depois...

Bernardo.

Tomei uma importante decisão. Decidi que já é hora de estreitar os laços com a Duda,nos entendemos tão bem e gostamos tanto da companhia um do outro... Não tem porque adiar,vou pedi-la em casamento!

Vou aproveitar que hoje ela está no fórum e não notará minha ausência ,para comprar nossas alianças.

Passo na sala do André e aviso que preciso resolver algumas coisas na rua ,mas que em breve estarei de volta.

Pego meu carro e sigo para o shopping,pretendo comprar na joalheria que já me é conhecida.

O movimento hoje está um pouco maior, o que me faz estranhar um pouco,pois,mesmo sendo sexta-feira, ainda é cedo para toda essa movimentação.

Ao entrar,reparo que uma música suave toma conta da praça de alimentação, e chegando um pouco mais adiante,vejo pequenas bailarinas fazendo uma bela apresentação no palco de eventos do shopping.

Volto minha atenção para elas,são tão pequeninas e fofas ,que se tornou impossível não admirá-las. Fiquei parado por alguns minutos assistindo e ao chegar ao fim da apresentação,a professora subiu ao palco para ajudar as pequenas a se retirarem sem tropeçarem umas nas outras.

Ao olhar admirar a paciência da professora com as pequenas,me dei conta de que não se tratava de uma estranha,muito pelo contrário,era um rosto que esteve presente diariamente nos meus pensamentos por muito tempo.

Era a Bia,já havia me esquecido que esse era o seu trabalho e o quanto ela amava dar ensinar a sua arte as pequenas alunas.

Senti meu coração bater erradamente ao ver a forma doce que tratava as suas alunas . Eu conhecia bem aquela doçura, aquele sorriso que me desmontava inteiro...

Balanço minha cabeça tentando sair do transe em que me encontro. Não me parecia correto trazer de volta aquelas lembranças,ainda mais no dia em que decidi pedir a mão da minha namorada.

Andei até uma lanchonete próximo de onde me encontrava parado e pedi um suco,para ver se refrescava a minha a mente e afastava os meus pensamentos impróprios.

Peguei o meu suco e me sentei para tomar Para meu alívio,Beatriz já não se encontrava mais no meu campo de visão. Ao terminar o suco,fiz o caminho até a joalheria,pois,é para isso que estou aqui.

Uma vendedora muito simpática me apresentou diversos modelos,mas não tive dúvida quando vi o belo par de alianças de ouro branco, elas combinavam perfeitamente conosco.

Escolhi a nossa numeração e paguei por elas, saindo em seguida da loja com a caixinha que me ajudaria a tomar um dos passos mais importantes da minha vida.

Já no estacionamento,avisto uma moça apaiada em um carro como se precisasse dele para se manter de pé. Continuo andando em direção ao meu carro ,que está próximo de onde a moça se encontra. Paro de prestar a atenção na moça e destravou o carro para entrar,mas antes que eu entre,ouço um barulho na direção daquela mulher que não parecia nada bem,e ao olhar para saber o que estava acontecendo... me deparo com a moça caída no chão,desacordada.

Corro até ela e vejo que se tratava de Beatriz,que agora já não estava mais com sua malha de balé como antes. Me ajoelhei e tentei acordá-la,mas sem sucesso.

A peguei no colo e a coloquei no banco de trás do meu carro,na intenção de deixa- lá mais confortável. Fiquei por alguns minutos sem saber o que fazer. Passei a mão pelo seu rosto e a chamei mais uma vez,e aos poucos ela foi mexendo os olhos até abri-los.

Beatriz: Bernardo!( com a voz fraca)

Bernardo: O que está sentindo?

Beatriz: Não sei direito... Eu ia entrar no carro para voltar para casa,mas comecei a sentir uma tontura,até que tudo ficou escuro... e agora estou aqui.

Bernardo: Você está pálida e não parece nada bem. Vamos ligar para o Gustavo para que lhe acompanhe a um hospital.

Beatriz: Não precisa,deve ter sido uma queda de pressão, e ele está em uma reunião importante nesse momento,não vai atender o telefone.

Passei as mãos pelos meus cabelos,pensando no que fazer... eu não podia deixa-la dirigir naquele estado.

Beatriz tentou se levantar,e novamente tonteou...

Bernardo: Continue deitada,eu levo você.

Beatriz: Não precisa,eu só preciso de alguns minutos para me recuperar...

Sem que ela terminasse de falar,eu fechei a porta de traz e entrei pelo lado do motorista. Liguei o carro e segui para o Hospital mais próximo ,pois, tinha certeza que ela precisava de cuidados,estava fraca e pálida feito neve.

Chegando ao hospital,passei meu braço em volta dela e a ajudei a chegar até a entrada. Depois de termos feito todos os procedimentos, sentamos para aguardar o atendimento. Enquanto isso,liguei para o Gustavo diversas vezes,mas como ela já tinha me alertado,só caia na caixa postal.

Algum tempo depois ela foi chamada e eu a ajudei a chegar até o consultório. Aguardei de pé do lado de fora do consultório por alguns minutos ,até que vi o médico saindo como se procurasse algum responsável.

Bernardo: Ela está bem?

Medico: Então o senhor é o pai?

Bernardo: Pai?

Médico: O que ela teve é normal nesse início da gestação,mas vai precisar de acompanhamento pré-natal.

Eu fiquei sem palavras, não consegui nem dizer que não era eu o pai. Na verdade,naquele momento,eu senti vontade de ser,minha imaginação me levou para um momento feliz em família,eu,ela e nosso filho,um momento que existia apenas nos meus sonhos.

Saio do meu devaneio com a chegada da Bia.

Beatriz: Muito obrigada Bernardo!

Bernardo: Se sente melhor?

Beatriz: Sim,vou pegar um taxi pra casa...

Bernardo: Não,eu te deixo em casa.

Beatriz: Já te dei muito trabalho,eu...

Bernardo: Vamos,vou te levar.

Dirigi até o condomínio em silêncio, enquanto ela olhava a paisagem pela janela do carro, e pela seu semblante,a gravidez também era uma surpresa para ela e ela não fazia ideia de que eu já tinha sido informado pelo médico.

Chegando ao condomínio...

Beatriz: Mais uma vez,muito obrigada!

Bernardo: De nada,se cuida...

Continua....

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