Depois do episódio da visita comecei a sair do quarto, todos pareciam surpresos ao mesmo tempo que felizes. Quis aproximar de Zuri Ahmed mais ela estava fria como sempre. Fiquei frustado pois esperava outra atitude dela, mas nenhuma palavra foi dirigida para mim. Mesmo assim almocei na mesa com todos, agora fazia questão de provocar ela com a minha presença nas refeições. Esperava com paciência as orações sem sentido em todas as refeições feitas. Acho que oram até pra ir no banheiro, isso é tão sem sentido.
Descobri que Zuri é estudante de medicina teve que interromper seu aprendizado por causa da guerra mais está aprendendo com seu pai. Todos os dias eles sai de casa para salvar vidas de desconhecidos, ali perto está havendo uma batalha sangrenta. Muitos homens precisam de cuidados médicos que quase não tem no exército pois são os primeiros a perder sua vida como forma de imobilizar os combatentes inimigos. Se eles não tiver como se levantar então terá menos soldados armados. Deveriam estar cuidando de suas vidas mais se arriscam para salvar desconhecidos. Isso não é coragem mas sim uma tremenda burrice.
Não deixo de me preocupar que Zuri possa ser pega tendo diversos pesadelos com a jovem menina que uma vez foi oferecida para mim, no entanto me neguei e ela foi morta da pior forma que existe entre abusos em grupos que destruiu seu corpo. A imagem dela no chão de mim passando por cima agora era trocada por Zuri Ahmed fazendo eu entrar em pânico. Numa noite desses pesadelos desci assustado para pegar uma jarra de água para acalmar meus nervos.
Ali estava ela ajoelha no chão com as mãos juntas no sofá rezando para seu Deus invisível.
- Dein Gott kann dich nicht retten. *( Seu Deus não pode lhe salvar)
Irritada se levantou vindo em minha direção.
- C'est mon Dieu qui t'a sauvé.
De pé perto de mim, meus olhos não desgruda de seus lábios, meus lábios está seco querendo ser molhados então sou acordado pela dura realidade.
- Qu'est-ce que tu fais encore ici? Va-t'en, retourne dans ta foutue armée.
Estou a bastante tempo neste lugar para entender algumas palavras, por isso sabia exatamente o que ela está pedindo para mim porém fingi não compreender.
- Je sais que tu me comprends. S'en aller!
Foram muitas vezes ela dizer as últimas sílabas para seu pai, apenas ignorei com uma dor por dentro muito maior do que a ferida que abriu minha cintura. Voltei para o quarto sem a água que necessitava enquanto ela continua a me expulsar da sua casa.
Esta noite não dormir com pesadelos terríveis do que poderia acontecer com todos como avisos de que o perigo se aproxima. No outro dia enquanto pai e filha arrisca suas vidas ajudei a dona da casa com os afazeres. As crianças já não tinha medo de mim, aproxima com curiosidade fazendo perguntas aos montes pedindo para as ensinar a se proteger. No começo tentei ignorar mas logo as enormes insistência amoleceu meu coração. As ensinei a fazer armadilhas para pegar pássaros, ensinei a fabricar armas com gravetos, ensinei a lutar e retirar armas dos outros. Todos os dias treinamos até seus corpos mover por si mesmo, comecei a ri sem perceber quando tentavam me derrubar juntos e conseguiam. Me tornei parte da família sem ne dar conta do que estava fazendo, me apelidaram de Alemão, carregava o que era pesado e limpava o estábulos dos cavalos. Comecei a fechar meus olhos na suas orações, aos poucos a nuvem do soldado que fui ficava para trás.
Até o pai de Zuri ser ferido por bala das armas alemãs, trazido por soldados da aliança inimiga tive de me esconder ou colocaria toda a família em perigo. Estes homens eram arrogantes desrespeitaram a família com suas botinas cheias de lamas sujando a casa, fazendo as mulheres o servir refeição como agradecimento. Tinha visto homens como estes, o que fariam com elas indefesas. O medo percorreu minhas veias pois estou desarmado escondido impossibilitado de ajudar, enfrentar só me levará a morte.
- Suas filhas são lindas.
Este sorriso malicioso, elogios com segundas intenções me lembrou dos meus próprios soldados, quase não consegui ficar parado vendo todas ser intimidados. Até seu tenente chegar e os fazer deixar a família em paz.
- Desculpa pelos meus homens, seu marido fez muito por nós mas devo pedir para partirem. Não sabemos por quanto tempo a resistência irá suportar, além de termos ordens para deixar estás terras.
Assim que foram embora sai do esconderijo arrumando malas para partirmos.
- Que faites-vous?
- Du hast ihn gehört, wir müssen gehen.
- -Où au nom de Dieu irions-nous ? En Allemagne avec vous ? Vous savez ce qui va nous arriver.
- Wir fahren nicht nach Deutschland. Lass uns an einen sicheren Ort fliehen, es muss einen Ort geben, an dem wir bleiben können.
- Arrête s'il-te-plaît.
Com o mundo em guerra sei que não existe um local seguro em toda a Europa que se transformou em zona de guerra. Porém se tem uma chance quero que está família continue segura. Insisti o que pude para irmos embora, até me exaltei em gritos o que nada mudou.
Se não queriam sair minhas opções foi de fazer armadilha criar bombas e enterrar no terreno pra afastar os soldados que viram, eu sei que viram. O pai de Zuri uma noite me chamou no seu leito para conversarmos.
-Tu dois y aller, mon travail avec toi est terminé. Allez en paix, jeune homme. ( Você deve ir embora,meu trabalho com você foi concluído. Vá em paz, jovem)
Como sempre fingi não compreender ajudando a se cobrir, até aquele momento não sabia como orar pra este Deus invisível mesmo vendo como faziam todos os dias a cada hora do dia. Acredito naquilo que posso ver e matar, fui ensinado a não depender de ninguém além da minha capacidade mas sabendo do terror que vi durante as batalhas sangrentas tive medo de acontecer o mesmo com eles. Por isso sozinho na sala no meio da noite juntei minhas mãos sentados de olhos fechados rezando pela primeira vez na vida e nem era pra mim que estava pedindo.
- Deus dessa família eu sou o carrasco do seu povo, um dia pagarei pelo que fiz, estou ciente de meus atos. Talvez não me escute mais sou persistente porque não peço por mim estou diante de você pedindo para salvar esta família das garras de meu povo. Estas pessoas não merecem sofrer por acreditar na sua bondade, prove que você e mesmo o Deus da bondade e o amor salvando eles.
Todos os dias durante a noite implorava para o tal Deus salvar-los, não estava sozinho durante o tempo que orei mais naquele tempo minhas preocupações era tantas que nem percebi que ali tinha mais alguém que me observava.
Uma semana depois ouvimos o barulho das forças armadas adentrar na cidade, render os poucos moradores que restaram e construir sua base de operação.
Claro que mesmo a casa sendo afastada não ficaria despercebido. No meu coração tá amaldiçoei este Deus sem coração, pude apenas esconder as crianças no sótão enquanto meus companheiros invadiram a casa. Estavam felizes de me reencontrar abraçando alegres, por alguns momentos respirei aliviado mas assim que sentaram vi que não mudaram nada. Um tapa forte na bunda da senhora da casa ordenando servir o melhor vinho. Ri sem graça enquanto tentava tirar o foco deles das meninas mais velha.
- Hier gibt es keinen Wein. ( Aqui não tem vinho)
- Wie hast du an diesem langweiligen Ort überlebt? ( como sobreviveu neste lugar tão chato?)
- Sie haben mir geholfen. ( Eles me ajudaram)
- Sie haben mir geholfen. Unter uns, was ist enger?( Aqui entre nós, qual delas e mais apertadas?)
Queria o matar bem ali tendo que conter minha fúria, não tive tempo para bolar um plano pois o pai de Zuri desceu a escada com uma arma apontando para os soldados querendo proteger sua casa. Deveria ter fugido como pedi por muitas vezes mais seu orgulho não deixou. Esses homens adorava jogar com suas vítimas, brincaram com ele, riram de sua cara. Só fiquei sentado assistindo tudo sem poder fazer nada para ajudar pois lá fora tem um grupo ainda maior só esperando pra acabar com esta casa como se fosse papel.
O velho não teve chance alguma contra esses homens treinados para matar, arrastaram seu corpo depois de o pegar amarram suas mãos e fizeram o cavalo da família o arrastar.
O choro e os gritos começou assim como nos meus pesadelos, eu não poderia salvar nenhuma delas. Apenas balancei a cabeça implorando para não reagir, a mãe foi arrastada para o quarto com três do grupo. A segunda mais velha se escondeu detrás do meu corpo, os homens riam zombando enquanto meu coração estava sendo quebrado por dentro.
- Sind sie Jungfrauen? ( Elas são virgens?)
Apertei a mão recusando a responder, por minhas atitudes antes de estar com a família não desconfiaram de nada. Apenas pediram paciência pois logo acabariam com a vida delas. Eu conheço estes homens, dividimos refeições, contamos nossos sonhos um para os outros, estavam sobre meu comando.
Ordens são ordens.
Meu coração dói tanto, ver o rosto de Zuri me culpar, ouvir os gritos e choro de sua mãe no quarto saber o que faram com as duas se eu não me mover contra meus companheiros.
No momento que rasgaram a roupa de Zuri uma fúria dominou meu corpo.
- Niemand wird sie anfassen, sie machen mit ihrer Mutter, was sie wollen, aber sie gehören mir. ( Ninguém vai tocar nelas, fazem o que quiser com a mãe mas elas me pertence)
Riram felizes por eu ter demonstrado interesse em alguma mulher, assim foram algemadas enquanto minhas roupas mudaram colocando o uniforme do exército. Todos do esquadrão entrou no quarto e abusou da mãe delas, ouviram tudo e até viram entre saindo e adentrando homem. A mulher ferida da suja por todo o corpo, foi colocada de pé na frente da casa.
- Bring das hinter dich. ( Acabem logo com isso)
Com as meninas presas pelas mãos amarradas no meu cavalos fomos embora enquanto os soldados atiraram na sua mãe. Se tivessem me ouvido nada disso teria acontecido mais não deram ouvido. Enquanto caminhava o cavalo que o pai das meninas foi amarrado volta para casa com a metade do corpo do homem preso, pedaços voltando do corpo, todo quebrado e mutilado. As meninas gritavam chorando mais duramente tive de as conter ou isso provocaria esses homens que adoram ver o sofrimento.
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Atualizado até capítulo 64
Comments
nimorango
fico imaginando o que isso tem haver com a guerra e seguir ordens, se fossem homens de bens agradeceriam por ter salvo o amigo e se descobrissem que era judeus aí sim pela ordem ia os prender , mas a que momento abusar , maltratar ferir chingar golpear e ato de coragem e homem bom , o pior que isso não ficou no passado, toda guerra um homem mal encontra uma vítima e diz ser do inimigo e tratada assim, o mundo o mundo não os homens não merecem perdão, são piores que baratas, e quem mas sofre e Deus, que chora pelos indefesos
2022-09-28
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nimorango
ahh 😔 e verdade
2022-09-28
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nimorango
e neste momento que vc deveria ter matado eles, 😔, Deus não tem culpa do que essa família vai sofrer Ele chora por ela e por tantos outras que sofrem,mas ele nos deu a escolha
2022-09-28
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