UM DIA TRAUMÁTICO

Acordo e começo a arrumar minha mala para que possamos ir embora, desço para a sala e Bryan não desceu para tomar café, Cecília parece ser maravilhosa, montou uma mesa bem farta e foi super atenciosa. Acabo de comer e quando saio da cozinha ele está parado na sala só lado de sua mala mexendo no celular, sua expressão parece de mau humor. Ele ignora minha presença e antes que eu pudesse lhe dar bom dia, ele atende uma ligação.

- Senhor, tudo pronto podemos ir.

O motorista abre a porta do carro e lá vamos nos de volta para nossa rotina, não consigo nem encara-lo e ele se mantém sério. A viagem de volta parece uma eternidade, ele não falou uma palavra e nas vezes que nossos olhares se cruzaram ele fez questão de desviar o mais rápido possível, parecia com raiva de mim. Chegamos e vamos direto para a empresa. Caminhamos lado a lado enquanto um dos seguranças leva nossa malas.

- Srta Stewart, na minha sala agora. - ele fala enquanto saímos do elevador, o obedeço o seguinte até sua sala. Ele fecha a porta e senta e faz sinal para que eu sente também e eu faço.

- Bom, você me surpreendeu na reunião, soube se virar bem com as planilhas e me deu total assistência quando necessário, sei que você é estagiária da sua área, porém queria te oferecer para cobrir minha assistente enquanto ela está de férias, pagarei o dobro do que você recebe como estagiária e você volta aos seus afazeres do estágio quando as férias acabarem. O que me diz? - Ele fala rápido e seus olhos se fixam nos meus.

Meu corpo estremece de felicidade, parece que finalmente minha vida está andando.

- Aceito sim, claro.

- Preciso que compre roupas, sapatos e o que mais precisar. Aqui está um cartão e compre tudo que precise, você vai frequentar reuniões importantes e preciso que esteja com vestimenta adequada!

- Desculpe mas não posso aceitar, não é necessário e eu tenho...

Antes que eu termine a frase ele me interrompe de uma maneira hostil e mal educada

- Você vai aceitar, você precisa de coisas novas, esses trapos que você veste não podem ser chamados de roupa. - diz furioso.

Eu levanto e quando percebo estou com o dedo apontado pra ele que me olha com um olhar ameaçador.

- Olha só, eu sei que você pode estar nervoso porque não está acostumado a ouvir um não, mas não traga o que aconteceu ontem para o trabalho, eu não vou admitir que me trate assim!

Ele levanta rápido e para na minha frente e segura um dos meus braços com um pouco de força, me olha fixamente e eu retribuo de cabeça erguida com um olhar furioso.

- Você acha que estou bravo porque você não quis foder comigo ontem Beatriz?

Eu o olho incrédula, o tom sensual da sua voz me faz sentir arrepios. Ele aproxima seu rosto do meu.

- Estou furioso porque passei a noite pensando em como seria bom ter me enterrado em você. Estou tentando com muito esforço tirar você da minha cabeça, mas você não me ajuda quando me responde desse jeito porque tenho vontade de te colocar naquele sofá e meter tão fundo em você que te faltariam palavras.

O choque de suas palavras fazem minha intimidade pulsar.

- Você está dispensada por hoje, pegue o cartão, compre suas coisas e vá descansar, amanhã cedo terei outra reunião. - ele fala se afastando e sentando novamente em sua poltrona, mexe na calça tentando disfarçar o volume aparente.

Ele me entrega o envelope e eu pego e saio da sala. Pego minhas coisas e chamo um Uber e logo chego em casa.

- Bom dia amiga, já acordada?

Kate me lança um sorriso gentil e animado.

- Bom dia, estou fazendo nosso café senta aqui e me conta como foi sua viagem

Apesar de já ter tomado café me sento e conto sem muitos detalhes sobre minha noite, ela me olha como se não estivesse acreditando.

- Eu não acredito, você perdeu a virgindade com seu chefe?

- Não Kate, eu parei tudo, não vou ser usada por ele. E ele me pediu para que eu comprasse roupas novas, você vai comigo? - faço beiçinho de pidona como se estivesse implorando e automaticamente ela aceitou.

Já se passaram duas horas que Kate me faz entrar em todas as lojas do maldito shopping, me fez experimentar tanta roupa que já me sinto um caco, mas me sinto feliz por ela ter vindo, não sei se saberia escolher tanta coisa. Comprei alguns conjuntos sociais e vestidos formais, algumas calças jeans e umas blusas, comprei 7 pares de sapatos o que achei um absurdo já que só tenho dois pés. Escolhendo roupas íntimas percebo como as que eu tenho estão surradas, escolho conjuntos novos e várias calcinhas de vários modelos, comprei tudo que estava precisando já em mente que pagaria do meu salário, não vou permitir que aquele homem pague as coisas para mim.

Kate também comprou algumas coisas para ela já que estava com dinheiro sobrando porque avisei que o aluguel desse mês e as compras para a casa seriam comigo.

- Sei que não quer falar sobre, mas porque não se permite conhecer alguém? Você é nova bea, uma mulher linda, você já passou por muitas dificuldades na vida, precisa se permitir coisas boas também.

- Kate, o homem tem uma BMW, tem várias casas e é dono de várias empresas, que chance tenho dele se interessar por mim em algo além de sexo? Não quero ser usada e descartada como objeto, já vi do tipo dele e não tenho interesse algum nisso.

Paramos para almoçar e no fim da tarde retornamos para casa, Kate foi direto se arrumar para ir para o trabalho e eu fui tomar um banho e descansar.

Três semanas se passaram e a cada dia estou mais vidrada com meu novo trabalho. Não tenho visto muito o Bryan e sinto que ele também me evita, conversamos poucas vezes desde que voltamos da viagem, uma delas foi avisando que eu pagaria ppr todas as roupas que comprei no cartão dele e foi uma longa discussão até ele finalmente ceder e dizer que poderia descontar um pouco do meu salário por mês para ir pagando as peças, e mesmo achando pouco acabei aceitando. Ele me deu um adiantamento pela viagem que fizemos e graças a Deus Consegui parar nosso alugar e fazer compras para o apê, minha vida finalmente está no lugar. Exceto pelo sentimento que insiste em me incomodar, as vezes trocamos olhares mas não passou disso.

6:30 da manhã e meu celular desperta, levanto sonolenta para fazer minha higiene e começar mais um dia. Escolho uma das roupas que comprei e um salto preto alto demais que Kate me convenceu a comprar e por incrível que parece é muito confortável. Me olho no espelho e não acredito no que vejo, pareço outra pessoa, um vestido azul caneta quase um tom preto, que ia até o meu joelho e era bem justo mas que valorizava demais minha bunda, um leve decote que dava um charme a mais, uma bolsa preta de tamanho médio completava o look e pela primeira vez em meses, me sinto linda!

Capricho na maquiagem e arrumo meu cabelo, passo um perfume e saio do apartamento.

Assim que chego no ponto meu ônibus passa, apesar dele me deixar um pouco distante da empresa são só alguns metros andando, melhor do que me atrasar, penso eu. Vou o caminho todo pesando no Bryan, e repito a mim mesma que ele não é homem pra mim.

Desço do ônibus e não consigo dar 5 passos e sinto alguém puxar meu braço de forma bruta.

- Passa a bolsa agora madame.

Fico assustada e começo a me tremer não conseguindo ao menos soltar a bolsa aí ver que ele tinha um revólver na mão.

- Solta a bolsa sua vagabunda!

Ele puxa a bolsa e me empurra com tudo me fazendo ir diretamente ao chão. Bato de leve meu cotovelo ao chão e vejo o homem correndo e algumas pessoas se aproximarem e me ajudando a levantar.

- Moça você está bem?

Um desconhecido me pergunta, meus olhos enchem de lágrimas e eu ainda não consigo parar de tremer. Vejo um carro parando e um homem na minha direção. É ele.

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