Capítulo 4 - Sonhos quentes

Realmente, Lucas conseguiu arrebatar o coração de Gláucia, neste período de espera pela ligação ela descobriu sensações que ninguém jamais havia despertado. Por isso, todas as noites ela estava sonhando com o beijo no canto da boca e algumas coisinhas a mais. Ela já estava se achando uma louca, por isso, resolveu ligar para Thayla e conversar, afinal de contas, ela é uma amiga sensata.

Gláucia — Alô, oi amiga, tudo bem? Tá podendo falar?

Thayla — Bem. O que manda?

Gláucia — Acho que estou ficando biruta, antes estava ansiosa para o meu telefone tocar e ouvir a voz dele, agora, tenho sonhos picantes, o que está acontecendo comigo?

Thayla — Fogo na piriquita. Brincadeira!

Gláucia — Poxa vida! Te liguei porque você sempre sabe o que dizer, vai ficar me zoando?

Thayla — Não, prometo falar sério! Mas, quero saber de tudo, porque esse sonho te assustou tanto?

Gláucia — Ai amiga, você sabe que tive alguns peguetes, mas nunca cheguei lá. Na verdade, nunca me senti segura quanto a isso. Me sinto meio devagar, mas, você sabe o histórico da minha família, sabe como minha mãe e minha avó se preocupam com relacionamentos e como isso me afeta.

Thayla — Sei bem, mas o que isso tem a ver com o sonho?

Gláucia — Não sei, acredito que criei muita expectativa. Realmente pensei que ele seria o cara ideal para mim, como pode, né? Mal o conheço e provavelmente nunca mais o verei, bizarro.

Thayla — Ele realmente te arrebatou. Se eu fosse você, desencanava dele, amiga, caí na real, já se passou uma semana e ele não te ligou. Se bobear ele tem até namorada, se não for isso, ele não gostou tanto de você como você gostou dele.

Gláucia — Pensei a mesma coisa, mas o que faço para esses sonhos pararem?

Thayla — Não sei, parar com os sonhos porque, não fazem mal algum, aproveita! (falou ela com um tom sarcástico e rindo)

Gláucia — hahahaha, só você! Mas não é que é verdade!? Mas, não vou ficar mais aguardando essa ligação, acabou essa loucura!

Thayla — Ahã, finjo que acredito! A pergunta de milhões, qual é o sonho? Ah, você sabe que sou curiosa, começou a falar, agora tem que contar tudo! Desembucha mulher…

Gláucia — São detalhes muito pessoais, vou te contar, mas não abra isso para ninguém, muito menos para a Bia, você sabe que eu a amo, mas a sua língua não cabe na boca. Jura guardar segredo?

Thayla — Claro, só mata a minha curiosidade, por favor!

Nesse momento Gláucia estava muito desconcertada no outro lado da linha e Thayla estava tão curiosa que mal estava aguentando esperar para saber qual sonho estava tirando sua amiga certinha dos eixos.

Gláucia — Então, no começo eu sonhava estar me despedindo dele de novo, assim como aconteceu na festa de aniversário da Fabiana. Em seguida ele segura o meu braço do mesmo jeito que aconteceu naquele dia, mas, ao invés de me deixar ir, ele me puxa para os seus braços, me aperta contra seu corpo e me beija como ninguém jamais beijou.

Thayla — Uau… Você melhorou bem a realidade.

Gláucia — E não para por aí, algumas vezes sonho que essa noite não acaba, que estamos só nós dois em um lugar paradisíaco, deitados embaixo de lençóis brancos, daqueles bem chiques, sabe? Ah, pera aí! Estou recebendo outra chamada, já te ligo.

Thayla — Pera aí! Quem é?

Gláucia — Não sei, deve ser spam, já te ligo, tchau!

Ela desligou o telefone para atender o número desconhecido, mas a ligação caiu antes que pudesse atender.

Gláucia — Que droga!

Como havia prometido não ficar aguardando ligações, ela não se preocupou em retornar a chamada, apenas olhou o número, viu que não conhecia e voltou para o bate-papo com  Thayla.

Thayla — Fala, quem era?

Gláucia — Não sei, fiquei falando com você e desligaram antes que eu atendesse.

Thayla — Mulher, não acredito que você não retornou, pode ser ele, deixa de ser besta, desliga agora e vê quem era.

Gláucia — Deve ser da operadora do meu telefone, estão sempre querendo me vender um plano mais caro que eu não preciso.

Thayla — Pode ser, mas custa ter certeza?

Gláucia — Ok, ligo para o número desconhecido e te retorno. Beijos, obrigada por ser tão parceira e me emprestar seus ouvidos! (falou sorrindo)

Se Gláucia pudesse ver os meses seguintes, provavelmente ela não teria realizado essa ligação, mas, agora é tarde, ela fez.

Gláucia — Olá, acabaram de me ligar desse número, quem fala?

— Que bom que você me ligou de volta, queria muito falar com você.

Gláucia — Ok, mas quem está falando?

— Você não sabe? Adivinha!

Gláucia — Não gosto muito de adivinha quem, então, se você não se identificar, vou desligar!

— Linda, mas sem muito senso de humor, já estou te conhecendo um pouco mais.

Gláucia — Tchau.

— NÃO DESLIGA, aqui é o Lucas.

Gláucia — Oi Lucas, tudo bem? Foi mal, pensei que fosse trote.

Lucas — Eu que te devo desculpas pela brincadeira, mas não me contive.

Gláucia — Sem problemas.

Lucas — Você fará algo amanhã à noite?

Gláucia — Deixa eu ver minha agenda, só um minutinho. Hummmmm, está livre. (falou de modo descontraído).

Lucas — Que bom, que tal um cineminha? Depois, podemos comer algo, topa?

Gláucia — Claro, nos encontramos aonde?

Lucas — Vamos no Cinemark de Botafogo? Fica na Praia de Botafogo, número 400. Lá escolhemos o que assistiremos, que tal?

Gláucia — Por mim tudo bem!

Lucas — Vou te esperar às 19:00 na frente do cinema, salva o meu número.

Gláucia — Pode deixar, combinado!

Lucas — Um beijo minha linda!

Gláucia — Beijo.

Lucas — Só se for no cantinho da boca. Até amanhã, tchau.

Eles desligaram o telefone e Gláucia estava sem palavras, sem condições inclusive de retornar a ligação para Thayla. Seu rosto estava vermelho, um calor subia por seu pescoço. Ela foi à cozinha, bebeu um copo de água bem gelado, respirou fundo e pegou o celular.

Gláucia — AMIGAAAA, você não vai acreditar, era ele, era ele!

Thayla — Não creio, que coisa boa, viu, o universo está conspirando ao seu favor.

Gláucia — Será mesmo? Tenho até medo!

Thayla — Fica tranquila, só curte o momento.

Gláucia — Farei isso! Vou precisar de ajuda para escolher a roupa.

Thayla — Vou aí mais tarde com as meninas.

Gláucia — Obrigada, espero vocês. Beijos!

Naquele dia mais tarde suas amigas foram até sua casa e brincaram de vestir mil e uma roupas, até encontrar a roupa ideal. Mas, Carlos, pai de Gláucia estava em casa e incomodado com a bagunça das meninas, então, a festa durou pouco.

Carlos — Que barulheira é essa? Parecem um bando de maritacas. Vocês não têm nada para fazer em casa não?

Bia — Ixi! Gláucia, melhor irmos, hoje o velho está com a macaca. (falou bem baixinho e rindo).

Gláucia — Desculpe meninas, até amanhã, encontro vocês na aula da Patrícia, beijos.]

Thayla — Beijo.

Bia — Até mais amiga.

Suelen — Amanhã a gente fofoca mais.

Fabiana — Queremos ficar por dentro de tudo!

As amigas foram embora e sua mãe estava vendo toda essa movimentação, o que a deixou preocupada, afinal de contas, Gláucia até então nunca havia se empolgado tanto por nenhum rapaz. Contudo, ela não falou nada, pois ela sempre a orientou, agora é a hora dela conduzir sua vida do modo que se sinta feliz.

No outro dia, assim como qualquer garota para o primeiro encontro, Gláucia estava focada em ficar ainda mais linda, não que precisasse. Lavou e secou os cabelos, pintou as unhas, arrumou as sobrancelhas e seguiu com o seu dia. Sem dúvidas, a expectativa para ver Lucas era imensa.

Na faculdade as amigas que eram mais experientes quando se trata de namoro, resolveram dar mil e uma dicas:

Thayla — Amiga, não pareça desesperada por ele, haja naturalmente.

Bia — Verdade, não mostre muito interesse, deixa rolar, primeiro veja qual é a dele.

Thayla — Ah, pelo amor de Deus, não dê aquela risadinha de bruxa, se fizer o garoto corre e não volta mais.

Fabiana — Gente, deixe a garota, é só um encontro sem compromisso, estão deixando ela mais ansiosa.

Suélen — Você falou com sua mãe sobre ele?

Gláucia — O mínimo, mas ela disse que quer conhecer. Falei pra ela que tá cedo para isso, que ela vai assustar o cara.

Letícia — Com certeza, você nem sabe qual é a dele, nem conhece direito.

Bia — Se tratando da sua mãe, saiba que ela vai analisar até a vida passada dele, melhor enrolar para sempre. (risadas).

Gláucia — Vamos por partes. Meninas, tenho que ir, pois ainda vou em casa, tomar um banho, me trocar, então, até mais ver!

Gláucia se arrumou e já era hora de sair de casa, mas, seu pai estava aos berros com sua mãe na cozinha e ela não conseguiria sair e deixar essa situação pra lá.

Carlos — Me diz uma coisa, porque você não foca na comida? Estou com fome, resolve fazer tudo ao mesmo tempo, desorganizada. Que tipo de mulher não alimenta o marido?

Lavínia — Você não almoçou porque não quis, agora está impaciente pela janta às 18:00? Agora terá que esperar, estou passando roupa, não está vendo? Se não passo dirá que não trabalho, não coloco dinheiro na casa e o marido está andando por aí amarrotado.

Carlos — Daqui a pouco vai dizer que tá cansada e precisa de empregada, não se faz mais mulheres como antigamente, minha mãe, a minha mãezinha, isso que era mulher.

Gláucia — Porque vocês dois são assim? Parem de brigar! Mãe, não sei como você aguenta, Deus que me livre e guarde.

Lavínia — Amém!

A briga se encerrou, mas já se passaram 20 minutos e ela já estava em cima da hora. Então, Gláucia resolveu pedir um Uber, afinal de contas, sabe lá quanto tempo o ônibus vai demorar, além do que, sem condições de parar de ponto em ponto.

O carro chegou e ela estava tão animada que o seu coração pulsava tão alto que ela tinha a sensação de que o motorista conseguia ouvir. Além do que, ela estava preocupada demais com a hora, pois o trânsito estava péssimo.

Gláucia — Moço, não tem um caminho menos engarrafado?

Motorista do Uber — Não, esse é o melhor trajeto.

Gláucia — Tudo bem. Está quente aqui dentro, tem como diminuir a temperatura?

Motorista do Uber — Ok.

O tempo estava passando rápido, 10 minutos para dar a hora combinada e ainda faltava um bom caminho até o local. Dois semáforos depois, o trânsito começou a fluir, realmente um milagre e a sensação era de alívio. Ela já estava quase lá, mas para ser mais rápida ela resolveu descer antes e evitar mais sinais vermelhos.

Gláucia — Moço, encosta e me deixa aqui mesmo, só faltam duas quadras. Aqui o seu dinheiro!

Motorista do Uber — Tá bom, vou encostar.

Gláucia — Obrigada!

Desceu do carro e andou tão rápido que conseguiu chegar no shopping a tempo. Agora, basta ir até à entrada do cinema, ela estava tão esbaforida que até falava sozinha:

— O que ele deve estar vestindo? Ah Deus, devo estar com o cabelo de siriema, será que estou apresentável? Relaxa, relaxa, relaxa.

Ela olha para um lado e para o outro e o vê de longe. Ela coloca a mão na barriga, está sentindo aquela sensação de embrulho no estômago de tanto nervoso. Afinal de contas, será que Lucas é tudo aquilo que ela espera? Agora é a hora da verdade!

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