Acontecimentos anteriores até o primeiro dia de aula.
Cássia.
Foi só alegria quando passei para facul - chamo assim, mas na verdade é uma importante Universidade Federal brasileira - minha irmã já tinha entrado no ano anterior, então eu me sentia pressionada para também entrar, embora nossos cursos sejam diferentes. Ela cursa administração, adora matemática... eu sou mais ou menos nessa matéria, puxei a mamãe. Minha coroa é formada em letras e tenho muito orgulho dela, nos criou sem a presença do nosso pai, que só ficou com ela até eu nascer. Nunca entendi muito bem, mas nunca liguei, valorizo os que estão comigo e é isso. Além de minha mãe e minha irmã os meus avós, obviamente maternos, são bem presentes e me sinto abençoada em tê-los vivos em minha vida.
Voltando a falar sobre mim (troco de canetas novamente e agora é a vez da azul): Considero-me inteligente, apesar de mais ou menos em matemática eu nunca nem sequer fiquei de recuperação. Em esportes sou uma negação total. Não consigo correr sem gritar, sei lá, parece impossível. Se minhas pernas aceleram eu grito, é automático.
Na hora de escolher o curso que iria tentar entrar eu não tive muitas dúvidas. Quero ser professora de ciências, como a finada Conceição, que foi uma senhorinha que me ensinou quando ainda estava na sétima série do ensino fundamental. Quero ser como ela, menos na aparência (careta com a caneta rosa com uma gargalhada). Minha irmã me deu vários conselhos, pois já tinha vivido muita coisa que eu iria viver e isso foi importante para não cometer os mesmos erros que ela. No fim, passei em um dos primeiros lugares de Ciências Biológicas. Seja como ciências ou biologia eu sempre fui craque nessa matéria, muito por influência da saudosa professora Conceição. (coraçãozinho com a caneta rosa).
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- Indo trabalhar, fiquem bem - grita minha mãe.
- Bom trabalho - grito em mesmo tom e minha irmã acorda.
- É, hora de levantar - ela fala e vai ao banheiro que fica no nosso quarto.
Sorrio para ela, que sorri de volta nesse meio tempo, somos muito ligadas e unidas. Logo que a porta do banheiro é fechada eu respiro fundo e pego a caneta preta... volto minha atenção para o diário.
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Apesar da formação em letras, minha amada mãe nunca foi professora, o que é irônico. Logo que se formou ela conseguiu um ótimo emprego em uma firma e assim nos sustenta. Nos finais de semana colocamos uma lojinha de roupas que compramos e revendemos na nossa garagem e tiramos mais algum. Enfim.
Chega tive dor de barriga de tanta ansiedade, mas finalmente chegou o dia de ir pela primeira vez para a Universidade Federal (a facuulll em caneta rosa e com uma careta). O primeiro dia é bem louco, um monte de novatos buscando novas informações juntos, é como cego guiando cego. Minha irmã estava comigo e me deixou viver um pouco dessa experiência nova, mas depois tomou as rédeas e me levou para o lugar onde eu deveria ir para fazer a inscrição e depois ficou distante, para que eu fizesse minhas próprias amizades.
E logo a primeira que fiz mexeu comigo... ERA O GAROTO QUE BEIJEI.
Eu o tinha beijado quando ele morava na nossa rua, numa despedida, pois ele iria se mudar e depois perdemos o contato e lá estava ele. Fred. E estava já matriculado no mesmo curso que eu, que coincidência!
Fred agora é um homenzinho, meio cabeludo, pele morena escura, barba para fazer... ele era bonito quando era mais novo, admito, mas seu sorriso me ganhou. Estava na dele. Nossa conversa inicial foi sobre aqueles tempos, mas depois logo o rumo da prosa mudou... começamos a falar sobre relacionamentos e, quando eu disse que era solteira, ele me puxou e ME BEIJOU!
Logo que saí do beijo fiz uma expressão de “que porra aconteceu”, apesar de ter gostado tanto da atitude como do beijo, então Fred disse.
- Eu senti que tinha sido roubado naquele dia, descontei - lembro-me dessas palavras como se fosse hoje.
Aquilo mexeu comigo. Resolvi dar uma olhadinha para minha irmã e ela estava coçando a cabeça com uma expressão preocupada, mas logo tudo mudou quando os veteranos apareceram e ficaram nos zoando. Pintaram um pouco o meu rosto e menos ainda o de Fred, que fez uma cara de bravo. Nessa hora eu pensei que era um homem assim que eu queria.
Lembro que nesse dia eu nem vi o motivo de eu estar escrevendo novamente nesse diário e acho que ele não viu também...
Depois fui com Fred até minha irmã e expliquei o que aconteceu, então ela inventou que precisava ir até a biblioteca e disse pra eu me encontrar com ela no carro dela daqui a uma hora. Porra, tudo isso, pensei na hora, mas foi bom.
Essa hora que fiquei a sós com Fred aconteceu muita coisa. Ele me levou até um lugar que vendia lanches e perguntou se eu queria comer, não estava com fome, mas aceitei sempre. Comi um pedaço de bolo com suco - de origem duvidosa, diga-se - e enquanto comíamos fomos conversando mais. Uns vinte e poucos minutos ele pagou a conta e saímos dali. Pedi para esperar no estacionamento e ele consentiu.
Chegando lá ele ficou calado e foi se aproximando... eu vi que ele queria me beijar e deixei (por que, sua idiota?, em caneta rosa). E mais beijos... ele segurava em meu rosto e cintura. Estava louco por mim.
Depois de vários minutos nesse bem bom eu lembro que minha anjinha me soprou algo como “vai ser assim? Já te conheci mais séria”, então eu interrompi os beijos e disse que...
- Não quero ficar “ficando”, sabe? Hoje em dia estou mais séria - até pra ver também qual era a dele.
- Quer namorar comigo, então? - foram as palavras dele.
Ele me pediu em namoro. Eu aceitei, na hora o vi com bons olhos, mas hoje vejo que ele só disse uma senha pra continuar me beijando e quem sabe me comer (mas eu não dei e uma careta, de caneta rosa).
Alguns poucos minutos depois e minha irmã chegou e ele já foi logo de gracinha chamando-a de cunhada. Contamos a novidade do namoro para ela e depois pedi pra minha irmã esperar mais um pouco dentro do carro, então trocamos contato para ficar trocando mensagens e conversar sobre como ia ser o dia seguinte.
O primeiro dia de aula.
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Atualizado até capítulo 28
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