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♤JOHN NARRANDO ♡

Vejo que o Ed me olhar com um olhar indecifrável, pelo que conheço dele, ele está prestes a perguntar por que eles não estão presos com algemas ou algo do tipo, na verdade, eu fiz um acordo, vou contar toda a história e aquele que não aceitar a missão poderá ir embora imediatamente.

Como as pessoas aqui presentes nos olhavam com curiosidade, eu achei por bem pedir ao Ed para se acomodar e em seguida fui para o meu posto. No local há mais de 300 pessoas de 25 nacionalidades, logo elas enfrentariam  dificuldades em entender as minhas palavras, então montei um grande telão atrás de mim, fiz algumas slides Power pont  e utilizei um data-show, eu não proferi uma única palavra, as mensagens são curtas em vários idiomas.

“Olá, eu sou o professor, entre 7,8 bilhões de habitantes do planeta vocês foram escolhidos para salvar a raça humana, animem-se".

“ O mundo no qual vivemos hoje deixará de existir, ele será atacado e destruído, algumas pessoas serão carbonizados e as outras precisarão de ajuda para escapar dos predadores que dominarão parte do planeta”.

“ Quero dar a vocês a oportunidade de sobreviver a esse período de trevas e de quebra se tornarem heróis, pois vocês salvarão homens, crianças e idosos e os trarão para cá”.

Enquanto as mensagens surgem na tela as pessoas murmuram sem parar, umas riem e os mais fracos começam logo a chorar, bando de retardado. Fico observando por um momento até que vejo que alguém levantou a mão sinalizando que queria falar, acenei positivamente e então a mulher alemã perguntou:

Mulher- Warum können wir Frauen nicht retten?

Ouvindo essas palavras suspirei desamparado, isso será mais complicado do que eu havia imaginando, mas precisamos nos adaptar a isso. Vendo que eu não respondi a pergunta porque não entendi porra nenhuma, alguém se compadeceu e logo falou:

Mulher 2- Ela está perguntando por quê não podemos salvar mulheres, eu também quero saber.

Não curto mais mulheres, mas essa me chamou a atenção, pelas roupas verde e amarela posso ver que ela é brasileira, ela entendeu o alemão e me respondeu em inglês, puta que pariu essa mulher é foda, vejo que o Ed não para de olhar para ela.

Agora que sei a pergunta, logo respondo.

John- Haverá criaturas das trevas tentando comer a população, eles são cegos, ouvem pouco, mas o seu olfato é muito aguçado, eles sentem o cheiro de sangue a 10km de distância, as mulheres serão as primeiras a morrer por conta dos seus períodos menstruais.

Assim que termino de falar noto que a grande maioria entendeu minhas palavras, bem que Juan podia ter me falado sobre isso, vejo que os homens estão alvoroçados , Ed se levantou e  logo perguntou:

Ed- Pa.. Professor, por que o senhor escolheu tantas mulheres mesmo sabendo que elas serão as primeiras a morrer?

Ouvindo aquela merda de pergunta suspirei derrotado e saber que ele é meu filho me fez querer chorar de desespero, eu disse que daria uma “chance", mas ele não se atentou a isso, acho que já falei demais por hoje, ainda em silêncio, eu caminhei até o computador e coloquei no telão uma foto das criaturas que os caçarão durante um ano, acompanhado de uma legenda: ser o protetor ou ser o protegido, escolha!

Vendo que as mulheres estavam simplesmente desesperadas, eu achei por bem encerrar a aula, então logo falei:

John- Haverá uma pausa de duas horas para vocês pensarem sobre isso, já adianto que as mulheres que aceitarem essa missão precisam abdicar de algumas coisas e aquelas(es) que tiverem medo do escuro podem retornar para os seus países agora mesmo.

Assim que termino de falar caminho a passos largos em direção a saída, nem mesmo chamei o Ed, pois além de eu querer ficar sozinho, pude perceber que ele está conversando com uma mulher.

*

♤ED NARRANDO♤

Após a saída do meu pai, comecei a conversar com uma mulher que está sentada ao meu lado, embora eu saiba um  pouco de italiano não consigo compreender com exatidão as suas palavras, deve ser algo sério porque ela chorava muito, então sem pensar muito, me levanto e vocifero:

Ed- Pessoal, alguém aí sabe falar italiano para que eu possa entender o que essa senhorita está dizendo?

Após eu terminar de falar, ouço a voz de uma mulher bem atrás de mim, dizendo:

Mulher- Ela não está dizendo nada de interessante, está apenas cantando uma canção de amor, chora com saudade de seu amor, resumindo é só balela.

Depois de ouvir as palavras dessa linda brasileira eu fiquei muito envergonhado, eu havia pago por um mini curso de italiano e mesmo assim ainda passei vergonha, nesse momento eu desejei ser tragado pela terra, apenas sorri timidamente e continuei a olhar para ela, foi a mesma garota que traduziu as palavras da garota alemã.

Ela simplesmente me ignorou e caminhou em direção a saída, por motivos desconhecidos a gritei de volta.

Ed- Ei, aonde você pensa que vai?

Ela parou, virou-se ficando de frente para mim e logo falou:

Mulher- Nos disseram que nós não seríamos obrigados a ficar, eu não acredito nessa baboseira e por isso eu vou embora, você por acaso acredita naquele lunático?

Sem pensar muito sobre assunto, logo respondo com um grande sorriso no rosto.

Ed- É claro que eu acredito, ele é o meu pai e há 12 anos estamos nos organizando para essa missão, você deveria estar grata por poder fazer parte dela.

Mulher- É sério mesmo? Conte-me mais um pouco sobre isso, então.

Após ouvir aquelas palavras, a puxei para um canto e contei tudo a ela, propositadamente,  omiti a existência do vírus “esperança”, já que eu não sei se ela irá ficar ou não, após contar a minha história, resolvi tirar uma dúvida.

Ed- Elizabete, por que você sabe falar tantas línguas?

Elizabete- Eu trabalho em um aeroporto internacional.

Enquanto falava, os olhos de Elizabete brilhavam de um jeito estranhamente lindo, eu não consigo parar de olhar para ela, isso é estranho para mim, pois sempre olho primeiro para os peitos ou para o bumbum. Vendo que eu estou deliberadamente flertando com  ela, Elizabete sorriu levemente e logo falou.

Elizabete -Eu já ouvi falar do tarado do trem, do ônibus,  agora tarado do Apocalipse é demais, você não acha senhor Ed?

Ouvindo aquilo eu fiquei em dúvida, não sabia se ria ou se chorava, mas como Elizabete sorriu lindamente para mim, retribui o sorriso e logo falei, enquanto segurava descaradamente na sua mão.

Ed- Eu não acho, se vamos vivenciar um Apocalipse, por que não estarmos bem acompanhados? Além disso você pode nos ajudar muito, você pode ser nossa tradutora oficial, então, você vai ficar?

A olhei por um tempo aguardando uma resposta,  mas Elizabete nada falou e voltou para o seu lugar, parece que ela resolveu ficar, mas não comigo, acabo ficando bolado com essa situação e resolvo ir lá fora tomar um ar, mas acabo encontrando meu pai e ele me  arrasta de volta para dentro.

Ed- Já se passaram duas horas?

John- E 33 segundos.

Nossa senhora, agora eu fiquei com medo, “ como essa mulher conseguiu a minha atenção por duas horas a fio, sem beijo e nem sexo, será se o cupido passou por aqui?” Pensando nisso eu fico uma pilha de nervosos, volto para o meu assento ainda em silêncio.

Cerca de dois minutos depois, o meu pai começou a falar, dessa vez ele deixou de lado o data-show e pegou um microfone, para começar ele pediu para que as pessoas ajudassem seu colega caso eles não entendessem o inglês, após isso ele começou a falar pelos cotovelos.

John- Antes da nossa pausa, deixei um questionamento sobre o que vocês querem ser durante o Apocalipse, protetores ou protegidos, então vou falar um pouquinho sobre o assunto, visando facilitar a escolha de vocês.

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