V

— Querida como você está? - diz Pam enquanto coloca o oxímetro em meu dedo e continua a verificar meus sinais vitais.

— Eu estou bem Pam, não aconteceu nada de mais.

— Nada de mais? Eu levei maior susto e olha só teu pescoço, tadinha.

— Deixa de exagero, nem cortou.

— Mas vai ficar roxo, um pescoço bonito desse.

— Enfermeira a senhora está bem? - pergunta uma voz extremamente sexy atrás de mim.

Me viro e dou de cara com um lindo homem vestido de jaleco branco, deduzo ser um dos médicos e acerto.

— Eu estou bem, obrigada.

— Kemy esse é o Dr. Campbell, o traumatologista da nossa noite – fala Pam com um tom tenso na voz — Essa é a enfermeira Kemily Santoro, ela é a enfermeira da noite a partir de hoje, mas o que o senhor faz aqui por baixo Dr.?

— Soube que estava um pouco tenso por aqui e vim ver se precisavam de minha ajuda, mas parece que está tudo sob controle, seja bem-vinda enfermeira Santoro.

— Obrigada Dr. - desvio meu olhar e vejo o policial me encarando, ele é grande, talvez 1,90 de altura, a pele é clara mas com um lindo bronzeado do sol, tem barba cheia mas bem aparada, o cabelo castanho escuro quase

preto, corte militar, baixo nas laterais e levemente comprido na parte superior da cabeça, extremamente musculoso tanto que tenho a impressão que a manga da camiseta vai rasgar a qualquer movimento, seus olhos são cor de mel, mas são tristes muito tristes.

— Precisa que olhe seu pescoço enfermeira? - a voz sexy me chama para a realidade.

— Ah não, obrigada Dr.

— Tem certeza Kemy? - questiona Pam, concordo com a cabeça — Ok, então venha aqui, quero te mostrar o relatório de ocorrências com funcionários, olha já preenchi o que aconteceu com a Maya e quero que você leia antes de eu enviar.

Leio e vou anotando cada detalhe que Pam vai me explicando, o formulário é extremamente completo e nada do que aconteceu com Maya ficou de fora, nas observações Pam coloca que o relatório foi realizado pela enfermeira responsável pelo plantão e lá estava meu nome, e pela enfermeira assistente, onde ela colocou o nome dela, ao ler a palavra responsável meu peito se encheu de orgulho, “eu sou enfermeira responsável de um hospital e melhor ainda da emergência”, me sinto em casa e muito feliz.

Os pacientes que chegaram com os policiais são liberados e antes deles saírem o policial me encara de novo e a sensação de que já o vi em algum lugar retorna, mas não sei de onde.

O restante do plantão transcorre exatamente como se espera de uma emergência com muitas entradas de pacientes necessitando de tratamento. Sete horas da manhã chega muito rápido, faço a passagem do plantão e vou para casa.

Ao chegar sou recebida pelo carinho de minhas amigas, que apesar de não estarem em casa deixaram uma mesa de café da manhã pronta e minha cama arrumada com um pequeno bilhete na geladeira “Café, banho e cama… Amamos você”, sorrio com o coração quentinho e faço exatamente o que o bilhete ordena.

Demoro para conseguir dormir, mas quando durmo meu sono é recheado de sonhos desconexos misturados com o que vivi no plantão. Quando acordo consigo descobrir de onde conheço aquele rosto de olhar triste, ele é a muralha que me protegeu no shopping.

Já são 14h quando acordo, arrumo uma salada com frango e decido que para noite farei uma lasanha então vou ao mercado, passeando entre um corredor e outro além dos itens para preparar a janta compro alguns produtos de higiene pessoal e me esbarro sem querer em um cliente do mercado.

— Me desculpe , eu…

— Tudo bem enfermeira Santoro.

— Dr. Campbell – digo um pouco assustada.

— Noah, por favor. Acho que isso é um bom sinal nos encontrar fora do hospital, não acha enfermeira.

— Me chame de Kemily afinal não estamos no hospital.

— Então o que acha de um café?

Não vejo motivo para negar, já terminei minhas compras e estou com muita vontade de tomar um café.

— Claro, só não posso demorar, estou com itens que precisam ser colocados na geladeira.

Depois de tomar café com Noah volto para casa. Enquanto preparo o jantar fico lembrando de nossa conversa, ele é muito cavalheiro, daqueles homens que abrem a porta e carregam suas sacolas, demonstra interesse na conversa mesmo nós tendo conversado apenas coisas superficiais, e o melhor ele é um gato, olhos azuis, pele clara, tive a tenho a impressão que nunca toma sol, deve ter um grande deficit de vitamina D, cabelo castanho claro um pouco comprido e levemente bagunçado, uma barba rala como se não a fizesse a uns três dias, ele é alto, ombros largos mas não aparenta ter músculos, mas não evidencia ter nenhuma gordurinha extra.

Ouço a porta abrir e minhas lindas anfitriãs entram, o rosto de Ully demonstra que não está bem.

— O jantar vai demorar um pouquinho, então se quiserem descansar um pouco antes fiquem à vontade.

— Obrigada querida, eu vou precisar de um tempo – diz Ully se dirigindo ao banheiro.

— Ela teve um dia difícil, perdeu uma paciente que ela vinha cuidando a muito tempo, vou cuidar dela um pouco – fala Celina indo ao quarto e logo em seguida vai para o banheiro.

A janta é extremamente silenciosa, trocamos poucas palavras, na maioria para elogiar a comida. Logo depois de comer elas se recolhem, Celina quer limpar a louça mas não deixo, Ully precisa dela e eu posso muito bem  organizar a cozinha.

Decido andar um pouquinho depois da janta, o bairro em que moramos é bem iluminado e como faz calor tem bastante pessoas na rua conversando, algumas quadras do apartamento das meninas tem alguns sobrados para

alugar, olhando por fora parece muito bom, anoto o número e o endereço da imobiliária amanhã ligarei para ver se o valor do aluguel cabe no meu orçamento.

Volto a casa está silenciosa, tomo banho, faço minha higiene vou descansar, a caminhada me fez bem, consigo relaxar e logo em seguida adormeço

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