OLHOS CASTANHOS
Oi, tenho que me desculpar aqui. Me esqueci de deixar avisado que aqui é um derivada de Além da Paixão e do Desejo. Sugiro que você leia primeiro ela e depois volte aqui pra entender melhor como Mitchell deixou de ser o pequeno para ser o malvadão 😉
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Ouço o barulho do despertador às sete em ponto da manhã, é sexta feira. Abro os olhos e encaro o teto do meu quarto.
💭 Bora lá pra mais um dia senhor Rivers-Stanton 💭
Depois da corrida e do banho, eu me apronto pro trabalho. É uma loucura a minha vida. Fundi as duas empresas da família e agora eu sou um dos vinte homens mais ricos do mundo, a diferença entre mim e os outros da lista, é que eu não cheguei nem nos vinte e nove ainda.
Dou uma olhada no meu celular quando o lembrete apita. Cloe chega hoje de viagem, no horário do almoço, ela e a trupe dos primos estão sempre batendo perna por aí. Eles dizem que estão estudando nas viagens. Pois eu acho é que eles estão gandaiando por aí... não faz mal, desde que continuem estudando.
Por falar em gandaia, preciso saber o que Túlio pretende fazer hoje. Semana passada ele me enfiou numa fria, com um bando de mulher desesperada. Tá... eu gostei, mas não tenho pique pra outro fim de semana assim.
Deus me livre!
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Chego no escritório às nove e Carla, minha secretária, me cumprimenta.
- Bom dia senhor Stanton.
- Bom dia Carla. Vamos começar?
Ela pula da cadeira com o tablet de trabalho nas mãos e me segue até a minha sala. Ocupei o lugar do meu pai Apollo depois que ele decidiu parar de trabalhar, há dois anos atrás. Como a empresa do meu outro pai, Paul, ficava em Calabasas e eu amo minha cidade, eu dei um jeito de botar tudo no mesmo prédio, e a Rivers Incorporations e a Stanton Imports agora são a RS Incorporations.
No final a loucura toda daqueles dois foi um ótimo negócio. Não tenho custo algum com importação de materiais pra nada, só o preço que tenho que pagar por eles, e o sobrenome que eu carrego me abre portas nos quatro cantos do mundo. Não que eu não fosse conseguir carregando um ou outro, mas o dois juntos me evitam até ter que falar as vezes. As pessoas descobrem quem eu sou e automaticamente facilitam as coisas para mim.
Em suma, eu sou o novo todo poderoso, como minha mãe gosta de falar.
💭 Por falar nisso, preciso pensar em algo pra dar a ela de presente de aniversário 💭
Carla começa a repassar a minha agenda depois de me servir um café.
- Hoje o senhor tem que se sentar com Túlio e conversar sobre a implantação da fábrica nova. Ele vai trazer as opções de localização às nove e quarenta. Às onze o senhor Silver vem pra uma reunião a respeito daquele assunto.
O assunto é o rombo milionário que o filho da p*ta do Rock, o cara que era responsável pelo financeiro da minha gestão, deu na Sangue Limpo, a fundação beneficente que meus dois pais abriram quando eu estava passando por... por... por aquilo. Não gosto de falar dessa fase da minha vida.
Enfim, o infeliz mexeu nas contas da instituição e eu descobri depois de seis meses. Eu mesmo teria matado ele, mas o rato de esgoto fugiu. Agora eu e meu tio Don estamos tentando localiza-lo.
Carla continua falando.
- O restante do seu dia foi fechado para receber a senhorita Rivers.
Abro um sorriso lembrando de Cloe. Aquele furacão que eu chamo de irmã e que me tem na palma da mão. Saudade dela, da manha que ela faz, e do jeito alegre que ela tem e que me tira do tédio sempre.
Vai fazer vinte anos, e eu estou sempre de olho nela e naqueles outros quatro, que não dão sossego.
- Tudo bem Carla. Pode ir agora, se eu precisar, te chamo.
********
Túlio chega na minha sala na hora marcada.
- E aí, vamos resolver esse negócio de uma vez por todas?
Aliso meu cabelo.
- Vamos. Não posso mais adiar, a fábrica está pequena pro número de peças que estamos produzindo.
Ele se senta na cadeira de frente pra minha mesa e abre as plantas com os projetos para novas instalações. São todos galpões prontos para aquisição, e que no geral, precisam só de pequenas reformas.
- Olha, eu trouxe esses quatro, mas tenho que admitir que esse aqui é o que mais me agrada...
Túlio aponta pro penúltimo a esquerda.
-... é o melhor custo benefício. Uma boa localização e não acho que o tempo de reforma ultrapasse os seis meses.
Dou uma olhada no que ele prefere e enquanto leio as dimensões do imóvel e comparo com os outros, vejo que realmente ele é o melhor.
- É, também acho. E 1,2 bilhão está num preço razoável mesmo. Vou aproveitar que meu tio vem daqui a pouco pra uma reunião, e vou pedir pra ele arrumar o contrato de compra e venda.
Ele é o meu gerente de projetos e se tornou meu melhor amigo. Chegou do Brasil há três anos, quando eu ainda nem tinha assumido a presidência, e tem a minha idade.
- Ah é... nem sinal do larápio ainda?
Resmungo antes de responder.
- Nem me lembre disso. Esse maldito mexeu numa coisa importante e pessoal demais pra mim. Não teve medo do que eu sou capaz. Pra piorar a situação, ainda me deixou na mão, sem ninguém pra liderar a organização das contas da empresa e da fundação.
Ele concorda com a cabeça enquanto enrola os projetos.
- Não se preocupa, a minha parente está chegando aí. Ela é mais do que boa com essas coisas, e já já vai colocar tudo em ordem.
Tiro meu paletó e vou em direção ao frigobar pegar duas garrafas de água mineral.
- Olha lá em senhor Mendes... estou contando com a eficiência dessa sua tal parente.
Túlio ri de mim.
- Pode deixar, você vai gostar do trabalho dela. Mas mudando de assunto, vamos fazer o que hoje?
*********
- E então Mitchell, não tenho boas notícias.
Meu tio Don entra na minha sala com a mão direita no bolso da calça.
- Ai, não me fala que até agora nem sinal...
- Não. Ruxell me disse que o dinheiro dele sumiu sem deixar rastros, mas o último firewall que ele conseguiu rastrear indicava as Ilhas Cayman.
Pilantra...
- O covarde enfiou o dinheiro em um paraíso fiscal e meteu o pé. Don, eu preciso achar esse filho da mãe e enfiar ele na cadeia.
Ele se senta no sofá da sala.
- Nós vamos forçar ele a aparecer. Eu consegui que bloqueassem as contas até da mãe dele. Não é possível que Rock não vai pular do esgoto em que está se escondendo.
Reviro meus olhos.
- Ele teve coragem de roubar de crianças carentes com câncer, não vai me admirar se ele deixar a própria mãe à míngua.
Don meneia a cabeça enquanto me responde.
- É, você tem razão. Mas de qualquer maneira nós já estamos correndo atrás dele.
Decido mudar de assunto pra me distrair dessa merda toda.
- Preciso que o senhor apronte um contrato de compra e venda pra mim, tio. É pra um galpão da zona norte, já pedi pra Carla te mandar o endereço e as informações por email.
- Tudo bem. Tem um prazo estipulado?
Balanço a cabeça.
- Não, e também não vou te apressar. Sei que vocês estão curtindo a aposentadoria, mas se puder dar uma atenção especial, vou agradecer. O gargalo está apertando na fábrica, não estão dando conta.
Ele abre um sorriso pra mim.
- Vai abrir mais quantas vagas?
- Mais trezentas. Quero que pelo menos cem sejam destinadas a PCD's, é importante pro meu pai e eu gosto de manter a inclusão também.
Nossa conversa se estende mais do que eu pretendia e quando me dou conta, já estou em cima da hora pra buscar minha irmã na área particular do aeroporto.
Entro em um dos elevadores e enquanto estou descendo a senhorita Adams me liga. Saio de dentro do prédio conversando com ela.
📲🔊 - Tá Cloe, eu vou te buscar. Já estou saindo do Tower Rivers.
📲🔊 - Agora? Você tá atrasado. Deixa que eu vou com algum dos nossos primos.
📲🔊 - Sossega o facho e me espera aí mocinha. Eu prometi a mamãe e ao papai que te buscava. Além do mais, você e essa gangue desenfreada só dão dor de cabeça.
O telefone está no viva voz e eu posso ouvir os trigêmeos e Otto reclamando de mim.
📲🔊 - Podem espernear a vontade, é a mais pura verdade. Agora tchau!
Raul abre a porta do Rolls Royce pra mim.
- Boa tarde senhor Stanton.
- Boa tarde Raul.
Me sento abrindo os dois botões no meu terno, e enquanto Raul dá a volta no carro pra se acomodar no banco do motorista, eu olho pela janela. É aí que tenho uma visão e tanto.
*💭P*rra, que mulher é essa?! 💭*
Percebo ele ligando o carro.
- Espera só um pouco aí Raul. Quero ver uma coisa...
Ele desliga o carro e eu continuo com os olhos vidrados no que estou vendo.
Um corpo perfeitamente desenhado em uma calça de ginástica cinza, com duas listras verde florescente de cada lado, e uma blusa regata de tecido respirável também em cinza. O cabelo longo castanho, está preso em um rabo de cavalo alto, e ela colocou as mãos nas costas enquanto admira a imponência do prédio da minha família levantando a cabeça.
Começa a subir as escadarias e chama a atenção de algumas pessoas em volta, embora eu ache que por motivos diferentes. Sou capaz de apostar que as mulheres estão achando ela muito diferente, afinal, está com roupas de academia no meio de todas elas com salto agulha e roupa social. Já os homens devem estar prestando atenção no mesmo que eu: o corpo zero defeitos que ela tem.
Preciso saber quem é. Quer dizer, está entrando no meu prédio, algo deve estar indo fazer que me diga respeito.
- Raul, espere um instante aqui. Eu já volto.
Meu guarda costas confirma com um aceno de cabeça e eu saio do carro abotoando meu terno novamente.
Quando entro no hall do prédio, vejo ela falando com uma das moças da recepção.
Vou me aproximando, e é aí que uma caneta que estava no balcão cai. Ela se abaixa rápido pra pegar e eu quase tenho um ataque com aquela b*nd*. Estou tão focado nela que nem percebo que estou perto demais, ela dá dois passos pra trás quando se levanta , meio que se desequilibrando, e bate a parte de trás do corpo no meu. O perfume cítrico que ela usa está fraco e misturado a algo mais, que eu acredito ser o cheiro dela mesmo depois da atividade física. Instantâneamente eu fico envolvido.
Sinto ela estremecer sentindo o impacto, e estou prestes a abrir a boca pra aproveitar a deixa desse momento, quando ela se vira pra mim.
P*rra...
Sou constrangido por um par de olhos castanhos, com um fundo terra cota, e que parecem ser capazes de enxergar até a minha alma.
Me sinto vulnerável e não é algo que eu esteja acostumado. Eu nunca me sinto assim. Ela me prende no olhar dela por alguns instantes e eu presto bastante atenção no rosto que ela tem. É o pacote completo, rosto e corpo perfeitos. Tem as sobrancelhas ligeiramente levantadas, em uma expressão doce e impressionada ao mesmo tempo. Ela pisca rápido, umas duas vezes, acho.
Por alguma razão eu não consigo dizer nada.
Ouço a voz dela.
- Me desculpe.
Eu a encaro ainda sem dizer nada, ela pisca denovo e de repente franze a testa pra mim.
- Eva, porque você se adiantou duas semanas?
É Túlio. Ela se vira e abre um sorriso enorme pra ele, e eu fico mais hipnotizado ainda.
- Eu queria aproveitar pra curtir a cidade e conhecer tudo primeiro. Que saudade de você primo!
Os dois se abraçam e ele olha pra mim.
- Já se conheceram?
Pisco algumas vezes processando o que está acontecendo. Finalmente consigo falar alguma coisa.
- Não. Ela esbarrou em mim, mas ainda não sei o nome dela.
Túlio nos apresenta.
- Eva, esse é Mitchell Rivers-Stanton, o manda chuva aqui. Mitchell, essa é Eva Mendes, minha prima. A parente que eu te falei que vinha.
Nossa, ela é muito jovem. Túlio havia me falado que ela tem nove anos de experiência com finanças, mas não deve ter mais do que vinte e cinco anos. Ou é muito bem conservada ou começou cedo, quando era menor de idade ainda.
Eva estende a mão direita pra mim, eu repito o gesto, e quando nossas mãos se tocam, eu percebo que o mesmo estalo que eu sinto é o que ela sente também.
Meu telefone toca e quando eu pego o aparelho, vejo o nome de Cloe na tela.
- Vocês me dão licença? Eu preciso ir Túlio, minha irmã está me esperando.
Estou meio frustrado por não poder ficar mais, mas ao mesmo tempo estou aliviado. Essa mulher é intensa demais e eu até agora estou tentando processar o que senti olhando nos olhos dela.
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Atualizado até capítulo 77
Comments
Mara Lessa
Lendo pela segunda vez amoooooo.
2024-10-22
0
Luciene Nascimento Paz
puxa vc demais esses dois livros não tenho palavras estou amando /Drool//Drool//Drool/
2024-10-14
0
Reginahsz
Continuando. Obaaaa…..👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
2024-08-21
0