Graziella acorda e já pega o telefone, nenhuma mensagem de sua mãe então ela faz a ligação.
— Mamãe bom dia sua benção.
— Deus te abençoe filha, o seu pai está dormindo, mais tarde o médico vem para falar dos exames.
— Depois da aula passo para ver vocês. — Grazi fala tristonha.
— Vai ficar tudo bem minha pequena, boa aula. — Teresa tenta não passar mais tristeza para a filha.
— Gracias, até mais tarde beijos. — Grazi desliga e sente o abraço confortante de Bel.
— Grazi vai ficar tudo bem, conte coigo pro que precisar, agora vamos nos arrumar. — Bel sorri e elas começam se arrumar.
Na universidade Grazi vai direto para a sala de aula porém como sempre no caminho é alvo de brincadeiras sem graças de umas garotas, ela não dá confiança e entra na sala, a ansiedade de ver o pai está tanta que as aulas parecem durar uma eternidade e enfim chega o intervalo, Grazi sai correndo para o lugar onde sempre tinha paz e faz a ligação.
— Mamãe como está o papai?
— Minha filha — A voz de Teresa está falhando — Seu pai está com câncer no estágio terminal. — Sua mãe termina de falar.
Grazi assim que ouve cai no chão desolada, seu paizinho não, não pode ser, ele sempre foi tão forte e saudável, ou talvez por isso não perceberam, Miguel sempre se fez de forte, nunca se deu o direito de ficar doente, só Deus sabe quantas vezes ele foi trabalhar ardendo em febre, ou com dores intensas mas nada dizia. E agora câncer? Grazi não consegue acreditar, está em total estado de choque e nem sua agora amiga Bel está ao seu lado, ela ouve a voz no telefone e volta a si.
— Mamãe o que vamos fazer? — Grazi começa a chorar mas se controla.
— Não há o que fazer, os médicos já colocaram ele na lista de tratamentos. — Teresa claramente está segurando o choro, Grazi sente isso.
— Eu vou aí mamãe.
— Não filha, não pode vê-lo agora, venha na hora do almoço.
— Está bem, e você se cuida mamãe. — Grazi desliga e cai no choro.
Grazi deixa as lágrimas banharem seu rosto por longos minutos até perceber que está quase na hora de voltar para a aula, ela enxuga o rosto vai até o banheiro e se recompõe, algumas meninas zombam e ela corre para a sala. Horas depois enfim acaba mais um dia de prova e ela junta seus materiais e sai correndo.
Grazi está tão desesperada para ver o pai que nem viu Bel, as duas fazem apenas algumas aulas juntas, Bel é de Engenharia e Grazi Arquitetura e Design, da universidade até o hospital não é tão longe e ela vai andando mesmo, chegando ela fala o nome e logo é conduzida até a sala onde sua mãe está segurando a mão do pai carinhosamente.
Miguel e Teresa olham a filha com ternura.
— Venha aqui minha pequena — Miguel está com voz cansada e fraca.
— Papai, eu não quero te perder. — Grazi não contêm as lágrimas e sua mãe a abraça.
— Filha o papai te ama, não chore tudo vai ficar bem. — Miguel acaricia o rosto da filha enxugando as lágrimas.
— Como papai se você está.... — Ela nem termina a frase e cai no choro.
— Filha fique calma — Teresa sussurra se controlando para não chorar.
O médico ia entrar quando vê a cena e resolve deixar a família ter o momento deles, era de cortar o coração, mesmo tendo visto isso tantas vezes ele nunca se acostuma, ver a filha debruçando em cima do pai chorando lamentando, a mãe tentando acalmá-la e o pai acariciando as duas tentando ainda que fraco e com a morte tão próxima sorrir e se manter forte.
Miguel consola as duas mulheres de sua vida, seu coração está partido ao saber que ficarão sozinhas no mundo, ele suspira e segura o choro, precisa ser forte por elas, percebe o médico observar de longe e sorri.
— Minha pequena, meu amor, acho que o médico veio dar alguma notícia. — Miguel fala e as duas se erguem enxugando as lágrimas.
O médico entra e faz uma série de perguntas a Miguel, fal sobre os exames e sai os deixando naquele ar de tristeza.
— Mamãe vai para cara, eu fico com o papai.
— Filha não, vai trabalhar eu fico aqui, não vou conseguir ficar longe. — Teresa fala firme e Grazi sabe que nem adianta insistir.
— Está bem, mi papá te amo — Grazi beija a testa do pai — Tenta descansar mamãe. — Ela se despede e vai embora.
Grazi passa em sua casa apenas para trocar de roupa, sente uma pontada no estômago e come alguma coisa. No trabalho Carmem percebe ela bem abatida e a chama em sua sala.
— Menina o que está acontecendo, saiu daqui ontem feliz e hoje está assim?
— Desculpe... — Grazi suspira — O papai... mi papá... — Ela não aguenta e cai no choro, Carmem se assusta.
— Menina o que tem o seu pai, por Dios que paso? — Carmem está aflita.
— Mi papá, mi papá Carmem, ele vai morrer.... — Grazi desaba no chão e Carmem corre até ela a abraçando.
— Fique calma querida, me conte devagar o que aconteceu. — Carmem com dificuldade vai acalmando-a.
— Ele.. — Grazi respira fundo algumas vezes — Mi papá está com câncer. — Mais lágrimas rolam.
— Lo siento mucho — Carmem a abraça forte, ela sabe o quanto Grazi ama os pais e faz tudo por eles e agora o pai nessa situação.
— Vou tentar trabalhar sem que percebam Carmem, me desc....
— Pare com isso Grazi, não peça desculpas, isso é terrível e eu sinto muito pelo que está passando, fale com sua mãe que vou fazer uma visita depois, agora vá para casa. — Carmem fala e Grazi se assusta — Está de férias, ande menina vá ficar com seu pai. — Ela dá um sorriso singelo e Grazi a abraça.
— Gracias, muchas gracias. — Grazi sai depressa.
Grazi vai para casa e vê que as coisas de Bel estão lá, ela liga mas ninguém atende então se arruma e vai para o hospital, no caminho ela liga várias vezes mas Bel não atende, justo agora que ela tanto precisa da amiga. Ao chegar Grazi é avisada que não pode ver o pai pois ainda não é o horário de visita, então ela manda uma mensagem para a mãe avisando e vai dar uma volta pela praça.
Na universidade Luigi está entendiado, depois de mais uma longa manhã de provas, caminhar com Juan e ser praticamente assediado por um bando de garotas enfim ele descansa em seu quarto, por algum motivo ele tinha ido até onde viram as "fujonas" mas ninguém apareceu, seja lá o que for que estudam também não foram vistas pelos corredores, ele sai dos pensamentos com o seu telefone tocando.
— Luigi venha para casa. — António nem cumprimenta e já ordena.
— Pai eu preciso estudar.
— Você também precisa se casar, quero você aqui as 18h em ponto. — E a ligação é encerrada.
Luigi revira os olhos, teria mais uma longa e tediosa noite, já imaginando o que o espera ele pega os cadernos e vai para sua mesinha de estudos, 10 minutos depois Juan entra ofegante.
— Cara o que foi?
— Essas garotas são loucas, não aguento mais, preciso achar o mais rápido possível uma mulher. — Juan se joga na cama.
— Pelo menos não foi convocado por seu pai. — Luigi ironiza.
— Qual é a da vez?
— Nem sei Juan, só que as 18h em ponto devo estar na minha casa, se for o que estou pensando, alguma filha de mafioso. — Luigi passa a mão no cabelo e continua estudando.
— Boa sorte, já eu estou intrigado com uma garota mas nem consegui chegar perto, eu acho que é a fujona — Juan fala e Luigi olha intrigado.
— Continue.
— Vi uma moça andando pelos corredores hoje, parecia com uma das fujonas, depois ela saiu no portão, acho que os pais vieram buscá-la. — Juan fala calmo.
— Já eu só vi as interesseiras, pelo menos ninguém sabe que estou a procura de uma dama. — Luigi ri.
Os dois continuam conversando e estudando, algumas horas se passam e Luigi vai para casa. Ao chegar sua mãe o recebe com um abraço.
— Mamma. — Luigi beija sua testa.
— Filho vai pro seu quarto e relaxe um pouco, parece cansado, eu dou um jeito no seu pai, — Angela sorri e Luigi obedece.
Em seu quarto ele se joga na cama e acaba cochilando, meia hora depois acorda e vai se arrumar, seu pai bate na porta mandando ele ir ao escritório.
— Pai o que foi dessa vez?
— Você vai começar a dirigir uma empresa — António fala e Luigi fica nervoso — Não tem a ver com a máfia, por isso mesmo que será sua.
— Se é assim, me passe os detalhes. — Luigi senta e eles falam dos negócios.
Um tempo depois os dois saem do escritório e Luigi percebe tudo muito calmo, estranha um pouco e ouve seu pai rir.
— Filho vê se relaxa, não tem nenhuma surpresa nem encontro, agradeça a sua mãe, pois é eu não resisto a minha bela esposa — António fala e Angela o abraça.
— Grazie mamma, então posso voltar para a universidade? Vou estudar mais um pouco e dormir. — Luigi sorri e eles concordam.
— Janta conosco filho, já está servido. — Sua mãe fala e ele claro aceita.
Depois do jantar delicioso Luigi se despede e vai embora.
Do outro lado da cidade Grazi está em casa triste e sozinha, sua mãe não queria ficar longe do pai e ela entendia, os dois viveram uma vida toda juntos e agora querem aproveitar cada segundo de sua vida, ela tenta ligar mais uma vez para Bel e nada, então vai para a cozinha e prepara algo leve para comer.
Depois de jantar ela está estudando quando o celular vibra sem parar, várias mensagens de Bel.
## Querida me desculpe... como está o tio Miguel? .... Grazi eu sinto muito..... Não vamos mais nos ver .... Meus pais me...... pode usar as roupas.... pode vender isso, venda tudo para ajudar o tio.... não se esqueça de mim##
Grazi lê e lágrimas vão rolando, a única amiga que tinha, agora nem isso, com quem ia conversar? Por que o seu pai? Por que tudo isso está acontecendo? Eram tantas as perguntas e nenhuma resposta, sua vida virou de uma hora para outra e ela já nem se lembra mais das alegrias, tudo o que vinha em sua mente é o seu pai naquela cama de hospital e pensar que ele não estaria no futuro, que dor imensa seu coração sente. De tanto chorar, Grazi acaba adormecendo.
Alguns dias depois ....
Grazi está saindo da sala e é jogada no chão por um bando de garotas, agora sem a ajuda de Bel estava ficando cada vez pior, ela não sabe o que aconteceu com a amiga, ninguém tem notícias, boatos de que os pais a tinham levado para algum lugar e que ela voltaria para a formatura, mas como? Como ela ia conseguir fazer a prova final? Mas isso também não fica em sua mente, nem as zombarias, nada disso importa, tudo o que Grazi quer é chegar em casa e passar mais uma tarde alegre com seu pai, depois de receber alta, Miguel só vai ao hospital para fazer a quimioterapia, o homem está cada vez mais fraco e mesmo assim esbanja um sorriso nos lábios só para ver a alegria de sua esposa e filha.
Em casa Grazi chega toda animada e é recbida com um abraço carinhoso dos pais, eles passam a tarde vendo filmes, contando histórias e ao anoitecer Miguel já vai dormir, Grazi ajuda a mãe arrumar tudo e logo vão pro quarto. Grazi se foca nos estudos, está chegando o fim e ela só pensa em ter o pai na sua formatura, falta pouco e ele está bem. Depois de horas estudando ela vai se deitar e o sono logo vem pois anda bem cansada.
Na universidade Luigi anda de um lado para o outro pensando em como vai conhecer alguma garota diferente no meio de tantas fúteis, Juan anda com a cabeça na lua pensando na tal moça fujona e decidiu que vai encontrá-la, os dois quase não se veêm depois dessa trama de seus pais sobre casamento e hoje não seria diferente, mais um encontro às cegas, ele só torce para ser uma mais inteligente, pois a única coisa que todass falaram até agora foi sobre a vida de princesas que levam, quantas empregadas vão ter quando casar, tédio, tédio e mais tédio.
Chegando em casa ele vai direto pro seu quarto e depois de se arrumar encontra os pais na sala.
— Hijo muy guapo — Angela fala carinhosamente.
— Grazie mamma, estou pronto, quem é a minha tortura da vez pai?
— Você tente ser mais agradável filho, é uma moça de boa família pelo que vi, estuda na mesma universidade que você. — António fala e Luigi olha intrigado.
— Ok, mente aberta, agora vamos logo.
Os dois vão para o local onde teria o encontro, António mostra a mesa de Luigi e vai para o outro lado mais afastado, não demora e uma bela moça se aproxima, Luigi educadamente sorri e levanta, afasta a cadeira para ela sentar e logo após senta com um sorriso, de fato muito linda mas ele queria ver quando abrisse a boca.
A moça senta e fica desnorteada, não pode ser, ela nem mesmo queria ir nesse encontro, e agora está diante do cara mais cobiçado da faculdade, mas para ela de nada adianta, seu coração pertence a outro.
Luigi vai começar a falar mas a moça impede.
— Desculpe Luigi mas eu já quero deixar claro que não vou ser sua mulher — Ela fala e Luigi arquea a sobrancelha.
— E o que veio fazer aqui?
— Não estou por vontade própria, isso te garanto.
— Eu também não senhorita, mas posso pelo menos saber o seu nome?
— Isabel, e sim eu te conheço, afinal quem não conhece o famoso Luigi Martin na universidade?
— Minha fama é tão ruim assim? — Luigi fala e ela o olha pensativa — Você já chegou dizendo que não será minha mulher então...
— Ah sobre isso, não é sua fama, é que eu sou apaixonada por um rapaz, infelizmente é seu amigo e não me nota. — Isabel fala desanimada.
— Meu amigo? Espera, você gosta do Juan? — Luigi fica animado.
— Fala baixo, esqueceu que estamos num encontro? — Isabel disfarça.
— Você não me respondeu, seja sincera. — Luigi fica sério.
— Certo, sim eu gosto dele, outro dia vocês quase nos viram.
— Como assim? — Luigi fica pensativo. — Espera debaixo da árvore?
— Sim, era eu e uma amiga. — Isabel sorri e tem uma ideia — Você podia me ajudar.
— Meu amigo anda te procurando, ajudar como?
— Quero me aproximar dele. — Isabel fala tímida e Luigi entende.
— Eu te ajudo com o Juan e você finge que está saindo comigo. — Luigi fala sério — Quero me livrar do meu pai. — Isabel fica pensativa mas concorda.
— Fechado. — Isabel sorri.
Eles combinam várias coisas e têm uma noite agradável, do outro lado seus pais estão felizes pensando que enfim vão unir os filhos.
Mais alguns dias se passam..
Os últimos dias não estão sendo tão fáceis para Grazi, seu pai fica cada vez mais fraco por causa do tratamento e de acordo com os médicos em breve não iam adiantar, então tentam aproveitar o máximo do tempo em família, Miguel apesar de fraco e a beira da morte não tira o sorriso do rosto e sempre se mostrando forte para as mulheres de sua vida, não importa que ele estivesse mal, o pior é saber que vai deixá-las nesse mundo sozinhas, seu consolo é pensar que verá sua filha realizar um grande sonho e poderá dar uma vida melhor a sua mãe, e depois disso vai poder descansar em paz.
Grazi está feliz, em alguns dias enfim seria sua formatura, os médicos tinham dito que seu pai poderia estar presente, só lamentava não ter Bel ao seu lado para o último projeto, seu telefone toca e para sua surpresa é Bel.
— Amiga me desculpe, meus pais estão numa briga que só e isso está acabando comigo. — Bel já vai se explicando.
— Tudo bem, sinto sua falta, o papai está bem fraco mas bem. — Grazi fala um pouco triste.
— Queria tanto ver vocês, mas eles não deixam. Te liguei para dizer que vamos fazer o projeto, vou te ajudar com o vídeo de apresentação, só não vou poder ir fazer a maquete.
— Tudo bem, podemos ir fazendo por vídeo chamada.
As duas conversam e Bel acaba animando um pouco sua amiga.
Grazi vai para casa correndo, ia passar mais uma linda tarde com seu querido papai, ela abre a porta e nada de risos, o silêncio paira no ar e seu coração gela, vai até o quarto e nada, seus olhos já enchem de lágrimas e tenta não pensar em mais nada, seu telefone começa a tocar e ela atende, a voz do outro lado, as lágrimas incessantes, sua vista escurece, o celular cai no chão.
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Atualizado até capítulo 110
Comments
Ioneide Martins
perdi meu pai com essa doença maldita 😭😭😭😭vi ele definhando em uma cama foi muito doloroso 😭😭😭
2025-04-09
0
Edi Graças
Aí isso é tão triste😭😭😭😭😭a gente sabe que é o ciclo da vida mais nunca é fácil perder quem a gente ama😭😭😭😭😭😭😭
2025-01-26
2
Ana Alice
É lindo e raro essa empatia de um patrão. Parabéns autora
2024-01-11
8