Danilo

...Danilo...

Terça-feira, acabou minha folga. Consegui arrumar minhas folgas na segunda, só pra ter o dia livre com a minha Sol.

Ontem fomos à praia e ela passou a noite aqui em casa.

A Sol e eu namoramos a quase 5 anos, ano passado eu a pedi em casamento e ela aceitou, mas com muitas ressalvas.

Eu amo a Sol, mas tenho que admitir que algumas coisas nela me irritam, uma delas é essa ânsia por viver uma vida bem distante da nossa realidade.

É bom ter ganância, objetivos, querer uma vida melhor, nada disso é errado, o problema é não aceitar a realidade, e ainda colocar essa expectativa no outro. Eu fiz faculdade de administração, mas o melhor emprego que consegui até então foi o de gerente na Loja Shoes.

Com esse emprego eu comprei uma casa e o meu carro, mas tudo isso ainda é pouco pra Sol. Ela quer uma casa enorme perto do Centro, mas está totalmente fora das nossas condições.

Bom, enquanto não consigo colocar juízo nela, vamos empurrar nosso noivado. Mas eu enfrento tudo por ela. A Sol é tudo pra mim.

Saímos bem cedo, pois mesmo de carro, o caminho da Periferia até o Centro onde trabalhamos é bem distante.

Deixo a Sol no hotel e sigo pro shopping. Como sempre chego cedo, aproveito pra bater um papo com a galera antes de iniciar meu turno.

A minha equipe de vendedores é um tanto competitiva, mas tem uma galera que eu confio bastante, considero meus amigos, o Fábio, a Camila e a Leandra.

— E aí, man, curtiu a folga? — Fabio fala se aproximando.

— Bastante man, fomos na praia. — Falei contente.

— Eu amo praia na segunda. — Leandra se juntou a nós — Super vazia. Dá pra aproveitar muito.

— Bem isso Lea. Foi top demais. — Sorri.

— Bem que você podia ajustar a nossa folga pra dias melhores também né? Me botou logo pra folgar no sábado, melhor dia de venda. — Camila falou irônica.

Apesar de considerar a Camila, minha amiga, eu sei que ela só se aproximou de mim pra ver se conseguia vantagens aqui na loja. Mas com o tempo ela viu que não ia rolar, e continuou junto. Mas sempre que pode tenta se beneficiar.

— De novo isso Camila? Você sabe que o Dan, faz as escalas com justiça tá. — Lea reclamou.

— É, menos a dele né. Que sempre combina com a Sol. — Camila provocou e já tava me tirando a paciência.

— Aí Camila, eu folgando ou não, não traz impacto no seu trabalho. Todos os vendedores folgam pelo menos uma vez aos sábados e domingos tá. É a lei porra! — Me irritei.

— Pois é, parceira. — Lea falou me apoiando.

— Ai Lea, pelo menos finge que não ta doida pra levar o Danilo pra cama, ta. — Camila falou e fiquei super sem graça.

— Como é? — Lea ficou vermelha de raiva.

— Gosta de falar, mas não aguenta a verdade. — Camila continuava provocando.

— Aí vocês duas, chega de palhaçada ta. — Fabio interrompeu o início de uma briga. — A gente é parceiro ou o quê?

— Pois é, chega de discussão. Vamos bater o ponto. — Encerrei a conversa.

A Camila é difícil de lhe dar, mas a gente até gosta dela, briga e depois passa. Já já ela tá pedindo desculpas. Ela é órfã, foi criada por uma senhora idosa que morreu quando a Camila era adolescente, desde então viveu sozinha.

Quando cheguei aqui ela já trabalhava na loja e me ajudou muito, então mesmo sendo uma pessoa difícil, eu apoio ela como posso.

O Fábio veio trabalhar aqui a pouco tempo, nos conhecemos na faculdade, ele teve que desistir dos estudos quando a namorada engravidou, teve que ir morar com ela e eu o ajudei a conseguir emprego aqui. Desde então viramos melhores amigos.

A Sol também gosta muito do Fábio e da Maria sua esposa. A filhinha deles é a coisa mais linda.

E a Leandra, veio trabalhar aqui logo depois que eu cheguei. Ela é muito gentil, carinhosa e bonita pra caramba.

Ela ficou viúva tem 2 anos, e tem um filho de 5 anos. Desde então sustenta a família sozinha, é uma batalhadora.

Desde que o marido faleceu ela demonstrou ter um carinho enorme por mim. Eu fico sem graça, porque eu gosto muito dela, mas apenas como amiga, porque eu amo a Sol. Não quero que a Lea sofra por se apaixonar por alguém que não sente o mesmo por ela.

— Aí Dan, foi mal ta. — Camila chegou que nem um cachorro sem dono. — Eu sei que você é justo com todo mundo aqui.

Como eu disse, não demora muito e ela se desculpa. A Camila não é ruim, ela só é esquentada e precisa que tenham paciência.

— Ta de boa Camila. — Sei de ombros. — Mas se me insultar novamente te coloco pra folgar sempre sexta, sábado e domingo. — Brinquei.

— Venha! Eu te quebro a cara parceiro. — Agora ela já estava sorrindo.

— Que violência amiga. — Sei risada.

— Vai se lascar Danilo! Já pedi desculpa. — Ela então se virou para a Lea — Lea, desculpe também. Me irritei e falei merda.

— Ta bom. Vamos trabalhar. — Lea respondeu sem dar tanta importância.

O dia passa rápido e vamos pra casa, nosso turno termina ás 17h, mas sempre acabo saindo um pouco mais tarde da loja de tanta coisa que tem pra resolver. Fora as reclamações de clientes.

Eu dou carona aos meus três amigos na volta pra casa. O Fábio mora no mesmo bairro que eu, a Camila e a Lea moram na Periferia, mas em bairros diferentes, deixo elas perto de casa e sigo com o Fábio.

— E esse casamento? — Fabio perguntou.

— Sei lá man, a Sol tá insistindo nesse negócio de morar perto do Centro. — Falei chateado.

— Vocês vão ter que juntar dinheiro por uns 10 anos pra conseguir comprar essa casa, mesmo financiando. — Fabio disse o óbvio.

— Foi exatamente isso que disse a ela. — Suspirei. — Levei ela numa construtora, estão construindo um condomínio residencial perto do Centro, a casa é do jeito que a Sol quer, 3 quartos, cozinha grande, tem até área. Mas o preço é sem condições, mostrei a ela as formas de financiamento.

— E ela?

— Ficou chateada, chorou e tudo, mas disse que vamos conseguir. Dá pra acreditar? — Esfreguei o rosto exausto. — Ela colocou isso como meta de vida.

— A Sol é bem complicada cara, essa coisa aí de ser rica já tá subindo pra cabeça dela.

— Eu também acho, tô tentando de tudo pra fazer ela acordar sabe. Esse fim de semana ela conseguiu uma folga a mais. Vou levar ela pra viajar, tentar trazer ela pro meu lado. — Falei esperançoso.

— Boa sorte! Eu torço muito por vocês dois. — Fabio apertou meu ombro e sorriu.

— Valeu cara!

Esse fim de semana vou levar a Sol para viajar, aluguei um chalé na praia, é um dos passeios que ela mais gosta. Vou mostrar a ela como somos felizes juntos e tentar trazer ela pra realidade. Eu não quero perder a Sol.

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Comments

Delcia Alves

Delcia Alves

cara tô com ela
mundaçancas já

2024-01-16

2

Nalú Faria Machado

Nalú Faria Machado

nossa ela quer uma vida boa pra ela e sua mãe que sofreu muito a vida

2022-09-16

2

Maria Lúcia Souza

Maria Lúcia Souza

estou amando falta as fotos.

2022-08-06

1

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