Me Ame!

Me Ame!

Capítulo 01

Melissa

Acordei hoje de manhã às seis e meia com um humor péssimo. Estou assim desde o ocorrido no final de semana e, mesmo me levantando cedo, ainda consegui me atrasar. Como se não bastasse, tenho que conhecer os novos CEOs.

— Charles vai me matar se eu não conseguir chegar a tempo! — exclamei, sem paciência.

Mas é difícil correr de salto alto na Avenida Paulista, desviando dos pedestres que aparecem do nada.

— Maldita hora que levei meu carro pra arrumar. Pelo menos consegui pegar um café antes de entrar no táxi, porque estou sentindo que o dia vai ser longo. — pensei.

Assim que virei a esquina para entrar no prédio, trombei com alguém, espalhando café e pastas por todo lado.

— Droga, minha blusa branca. Me desculpa, não vi você parado aí.

— Tudo bem, já estou acostumado com gente incompetente.

Meu sangue ferveu e eu o encarei, furiosa.

— Se eu soubesse que você era um daqueles babacas, teria jogado café na sua cara!

Nem esperei para ouvir a resposta do cara sem noção. Peguei minhas coisas e saí correndo. Agora, além de desviar meu caminho para comprar outra blusa, ainda perdi o café. Ótimo dia!

Depois de toda a correria para achar uma loja e trocar de roupa, finalmente cheguei à empresa, e por sorte, dois minutos adiantada.

Entrei na sala de Charles e lá estava ele, com aquele sorriso enorme.

— Bom dia, Sr. Miller. Teve um bom final de semana?

— Tive sim, Srta. Medeiros, e você? Está melhor?

— Melhor? Do que eu estaria melhor?

Charles deu a volta pela mesa e colocou a mão no meu ombro.

— Já estou sabendo do que aconteceu com o Marcos. Melissa, não precisa mentir pra mim.

— Eu vou matar aquelas fofoqueiras mirins.

Ele riu.

— Alexia e Amanda só se preocupam com você. Bem, elas me contaram porque queriam que eu servisse a cabeça dele em uma bandeja.

Ao ouvir isso, meu coração disparou.

— Não fez isso, não é? Quero dizer, você não o mandou embora?! Charles, não pode fazer isso! As pessoas já acham que eu sou sua protegida aqui. Se souberem que você mandou Marcos embora por minha causa, vai ser a minha cabeça que vai estar em uma bandeja.

— Claro que não! Disse isso às meninas, nunca iria prejudicar você por conta disso, mas já avisei a ele para ficar longe de você.

Por um momento, esqueci que estava no trabalho e o abracei. Fomos interrompidos pela porta abrindo, e Charles me soltou na hora.

— Bom dia, Sr. Miller, não queria interromper, mas a recepcionista disse que eu poderia entrar.

— Está tudo bem, Sr. Dumont. Fique à vontade. Esta aqui é Melissa e ela será sua secretária.

Quando me virei para cumprimentar o novo CEO, quase perdi o fôlego.

— Puta que pariu...

Charles engasgou e tentou disfarçar com uma tosse.

— Sr. Dumont, irei resolver um negócio rapidinho com minha secretária e já volto.

Ele me puxou pelo braço e me levou até outra sala.

— Melissa, dá pra explicar o que foi aquilo?

— Me desculpa, não sabia que era ele. Em minha defesa, você disse que ele era um cara ranzinza, fechado e que parecia odiar todo mundo. Eu imaginei um cara careca, barrigudo, de sessenta anos!

— Respira e fale devagar, por favor!

— Talvez, sem querer, eu tenha jogado café nele mais cedo e depois o chamei de babaca. E, pra finalizar, ameacei jogar café na cara dele. Meu Deus, eu estou tão ferrada. Já vejo minha carreira indo por ralo abaixo. — Era a única coisa que passava pela minha cabeça.

Charles suspirou fundo e passou a mão pelos cabelos.

— Olha, talvez as coisas não sejam tão ruins assim. Você vai entrar naquela sala e pedir desculpas pelo ocorrido. Precisamos tratar tudo com naturalidade, você terá que trabalhar com ele.

Bufei só de pensar em pedir desculpas pra aquele homem, mas concordei. Não podia jogar tudo pro alto por causa de uma briguinha.

Quando voltamos para a sala, coloquei o sorriso mais falso que já tive no rosto.

— Sr. Dumont, que prazer em conhecê-lo. Antes de qualquer coisa, gostaria de pedir desculpas pelo que aconteceu mais cedo. Tive um final de semana difícil, sinto muito.

Nunca fui tão falsa em minha vida, e ao estender a mão, para minha surpresa, ele a pegou e  beijou.

— Tudo bem, Srta.?

— Medeiros.

— Ah, sim, Srta. Medeiros. Acidentes acontecem, está perdoada.

Com toda a raiva que eu ainda sentia, não percebi como ele era lindo. Aqueles olhos azuis me atravessaram, fazendo meu coração congelar. Por segundos, esqueci completamente que, há algumas horas, ele tinha sido um babaca comigo.

Charles pigarreou, me tirando do transe.

— Fico feliz que se entenderam. Sr. Dumont, a Srta. Medeiros é uma ótima secretária. Tenho certeza de que você e seu irmão ficarão satisfeitos com o trabalho dela. Afinal, onde está o outro Dumont?

— Cristian teve um problema no voo e vai chegar só amanhã. Como eu estava livre, preferi vir na frente pra organizar as coisas.

— Muito bem. Acredito que será melhor esperar ele chegar para passar tudo que deve ser feito. Eu irei viajar na quarta, mas fique tranquilo, a Srta. Medeiros estará a par de tudo antes de eu sair.

Eu não pude conter a surpresa.

— Viajar? Charles... Sr. Miller, o senhor não me avisou sobre irmos viajar. Eu ainda não preparei nada.

— Acho que você não entendeu, você ficará com o Sr. Dumont.

Charles percebeu minha seriedade e, com delicadeza, fez com que o Sr. Babaca (como eu o estava chamando mentalmente) saísse, chamando a recepcionista para mostrá-lo até sua nova sala. Assim que a porta fechou, ele se sentou no sofá e sinalizou para que eu sentasse ao seu lado.

— Charles, você não pode fazer isso! Já vendeu a metade da empresa e agora vai tirar férias? Justo quando temos dois novos CEOs?

Ele pegou minha mão.

— Olha, querida, eu vendi a empresa porque já estou velho e preciso de ajuda pra tocar aqui. Sobre as férias, foi tudo ideia da Celina, e você sabe como aquela mulherzinha consegue tudo o que quer.

— Em relação às férias, entendo, porque a Celina é bem... entusiasmada quando quer algo. Mas velho? Sério? Você tem 52 anos, não está nem à beira da velhice.

Ele gargalhou e me puxou para um abraço.

— Não fique preocupada, sei do seu potencial e esses Dumont vão cair de joelhos aos seus pés quando souberem de todo o seu talento.

Sorri para confortá-lo, mas, por dentro, minha alma estava pedindo socorro.

Para se redimir, Charles me manteve longe do novo CEO o dia todo e me orientou sobre tudo o que eu deveria fazer depois que ele partisse.

No final do dia, estava exausta e só queria cama. Foi exatamente o que fiz. Assim que cheguei, tomei um banho, me deitei e, antes de dormir, mandei uma mensagem para as meninas.

Melissa:

1° Irei matar vocês por terem contado pro Charles sobre o Marcos.

2° Hoje cedo esbarrei em um idiota e o ameacei, quando cheguei à empresa descobri que ele é um dos novos CEOs e, pra ajudar, é um baita de um gostoso.

3° Se contarem sobre isso pro pai de vocês também, juro que serei presa por assassinato!

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