Capítulo 11

Louise tenta pensar em alguma outra opção, enquanto Tobias a encara como se torcesse para ela não ter outra idéia. Ela olha para ele como se dissesse que não há outra coisa e ele sorrir.

Tobias: Você ainda tem 5 dias para pensar.

Louise: Acha que ainda tenho escolha?

Tobias: Isso é uma missão Lou...Lou, posso te chamar assim?

Louise: Não

Tobias: Ok, Lou.

Louise: Geralmente pessoas íntimas a mim, me chamam assim.

Tobias: Não vai demorar para isso acontecer, então...

Louise: Tá, que sejamos casal.

Tobias: Eu disse que você tinha 5 dias.

Louise: Vou aproveitar eles para me acostumar.

Tobias: Gosto quando é rápida para decidir.

Louise: Não é uma má idéia, pensando bem, será a melhor opção para o caso, mas que isso não seja um problema para o seu relacionamento.

Tobias: Ótimo... vira o copo de uma vez... não se preocupe.

Tobias deixa o copo na pia e vai em direção ao sofá, ele pede para que ela se sente e pega uma caixa. Ele abre e mostra para ela um microfone secreto.

Louise: Isso é o que você pegou na loja?

Tobias: Sim, ele serve para conectar a quem estiver somente na escuta, vamos precisar disso.

Louise: Olha, com tantos equipamentos, não me sinto apenas uma detetive que trabalha em casos comuns.

Tobias: Digamos que eu uso algo a mais do que minha responsabilidade.

Louise: Que isso não seja uma violação.

Tobias: Você vai gostar desse meu lado.

Louise: Sou só eu que sabe sobre isso?

Tobias: Você não contaria isso a ninguém.

Louise: Agradeço a confiança, ainda nem começamos, mas estou gostando do que vamos enfrentar.

Tobias: Eu estou ansioso dessa vez

Ela sorrir como se dissesse o mesmo.

Eles ficam algumas horas conversando sobre o disfarce, Louise pausa e pede licença para ir ao banheiro, ela havia deixado o celular sobre a mesa de centro, ela recebe uma ligação do Liam e Tobias ver, ele deixa tocar, pois, não queria invadir a privacidade dela. Ao voltar, ele fala da ligação e ela fica nervosa, ela pega o celular e ver várias mensagens.

Mensagens

Liam

"Onde você está?

"Por que não me responde ?"

"Louise, vai mesmo conseguir ficar longe de mim? Acha que eu não estou sofrendo por te amar e ter que te deixar porque você não me quer?"

Louise apenas visualiza e desliga o celular, Tobias entende a situação e não fala nada, ele acha melhor irem embora, pois, estava ficando tarde, Louise concorda e eles voltam para casa.

Enquanto isso em Chicago, Keyla está saindo de casa toda arrumada indo para o shopping. Ao chegar, ela caminha um pouco e entra em várias lojas, ao continuar andando, ela nota que está sendo vigiada ou sendo perseguida por um homem, mas, não consegue indentificar por ver que está todo bem vestido num traje preto. Ela prossegue e sente ele se aproximar, ela acelera e entra no banheiro. O homem passa direto e ela o ver, ao soltar um suspiro de alívio, ela sai e volta para o início, rapidamente ela sai do shopping e volta para casa.

Ao chegar em casa, ela se senta e estranha por isso estar sempre acontecendo, não é uma e nem duas vezes que isso acontece. O seu medo aumenta por achar que tem alguém de olho nela. Então ela liga para a Louise e fala sobre o ocorrido de hoje, Louise teme por sua amiga e fala para o Adrian, ele fica em alerta e manda uma mensagem para a Keyla.

Ele vai até a casa dela e ela o recebe, Adrian entra e se senta no sofá.

Keyla: Aceita um café, um suco...

Adrian: Um café.

Keyla: Só um minutinho.

Adrian: Acho que já deve saber o porquê eu estou aqui.

Keyla: Se veio por algum motivo eu não sei.

Adrian: Hum... na verdade, eu vir por preocupação.

Keyla: Preocupação?

Ela trás o café para ele.

Adrian: Sim, a Louise me falou o que vem acontecendo.

Por que não me falou nada disso?

Keyla: Ah... eu não tinha certeza de nada, em todas as vezes parece ser impressão, mas, isso está me incomodando.

Adrian: Já chegou a ver quem era?

Keyla: Não, eu bem que gostaria, só vejo um homem todo de preto, na maioria da vezes usa boné.

Adrian: Isso é bem estranho, você deve tomar muito cuidado Keyla.

Keyla: Eu não sei por qual motivo isso está acontecendo.

Adrian: Você se sente segura aqui?

Keyla: Sim, eu sempre me senti.

Adrian: Olha, se isso continuar, eu sugiro que não fique sozinha, nunca sabemos o que pode acontecer.

Keyla: Eu sempre vivi sozinha Adrian, não tem como eu não continuar assim.

Adrian: Sendo assim, eu não posso te deixar sozinha então.

Keyla: Eu sei que está preocupado, eu agradeço por isso, mas, eu posso me cuidar.

Adrian: Eu não quero intervir na sua vida, mas, deixa eu proteger você.

Keyla: Adrian...

Adrian: Sabe que eu gosto de você e também me preocupo, não me impeça de ficar do seu lado.

Keyla: Eu sei, mas...

Adrian: Não fique mal com sua amiga, mas, ela me falou de algumas coisas sobre sua história. Eu fiquei comovido e sinto muito pelo os seus pais, não é fácil perder os dois assim de uma vez. E ainda você vive aqui sem parentes, amigos... isso é meio incomum para uma mulher como você.

Keyla: Tudo bem, eu confio nela e você não é qualquer pessoa.

É... A minha história é bem drástica, eu sofri muito desde a minha infância...fica nervosa.

Adrian: Sinto muito.

Keyla: Eu não quero pensar na possibilidade de que alguém está querendo me prejudicar. Eu não vou aguentar ser perseguida mais uma vez.

Adrian: Como assim?

Keyla: Eu fui abusada pelo o meu tio por parte de mãe, eu tinha 7 anos de idade. Até hoje eu lembro de quando ele me tocava e... algumas lágrimas caem...foi horrível, eu não era feliz desde o dia que ele tocou em mim. Quando eu cheguei a minha adolescência eu fiquei traumatizada e não queria sair de casa, ter amigos, eu não queria ver ninguém. Eu só chorava por lembrar de todas os momentos ruins que passei com ele. O meu pai descobriu tudo e quis matá-lo e minha mãe ficou arrasada e o impediu, mas, o meu tio foi preso e com um tempo nós descobrimos que ele foi morto pelo os outros presos. Ficamos em choque, não sabíamos como reagir, de uma certa forma ele não merecia morrer.

Quando eu completei 17 anos eu perdi meus pais num acidente de carro que colidiu com um caminhão brutalmente. Eu perdi meu mundo completamente e eu entrei em depressão, minha vida virou um caos, eu passei a morar com uma tia, mas, ela tinha ciúmes de mim com o marido dela e ela me criticava por achar que eu dava em cima dele, sendo que ele me procurava todas as vezes.

Então eu fugi de casa e passei a morar na rua por alguns dias. Até que eu encontrei um anjo que sou grata até hoje, ela se chama Doralice, uma senhora que me mudou a minha vida. Eu vivi como uma princesa na casa dela, fui muito bem tratada e passei a estudar, eu concluir e hoje sou formada.

Passei por muita dificuldade em relação a vida social, eu não conseguia me enturmar, eu sofria com o trauma e não chegava perto de homens. Eu... chora... desculpas.

Adrian abraça ela e fica comovido, é nítido a sua raiva por todo o sofrimento dela.

Adrian: Tudo bem, tudo bem.

Keyla desabafa entre lágrimas e Adrian a abraça com mais força, depois de alguns minutos ela se acalma e bebe uma água. Adrian não sabia o que falar, ele estava assimilando tudo o que ela falou, era difícil ouvir cada palavra e dor expressadas por ela.

Keyla fica envergonhada por estar com o rosto inchado de tanto chorar. Ela se esconde dele e ele vai até ela pegando no seu rosto.

Adrian: Ei, não precisa ficar assim, não tenha vergonha de mim, você não fez mal em me contar, é bom desabafar.

Keyla: Eu nunca contei isso para ninguém, eu nunca quis que alguém soubesse, me dói lembrar e contar.

Adrian: Eu entendo você, não é fácil mesmo, mas, você é uma mulher muito forte, guerreira, suportou tudo isso até agora e hoje vive uma vida super confortável. É feliz como pode e tem uma amiga excelente que é a Lou.

Você não estará mais sozinha, eu vou estar aqui para você sempre que precisar, pode me ver como um amigo também.

Keyla abraça ele no impulso com força e muita gratidão por confortá-la. Adrian retribuiu o abraço e ambos assim por alguns minutos, ela logo percebe e solta ele abaixando a cabeça.

Keyla: Desculpas, é que...

Adrian não deixa ela terminar e beija seus lábios carinhosamente num beijo apaixonado e cheio de desejo. Keyla fica imóvel, mas ela se permite senti-lo tomando posse de sua boca tornando o beijo mais envolvente. Ele abraça as suas costas descendo a mão para a cintura e a outra na sua nuca. Keyla fica perdida entre o beijo e se entrega.

Ambos ofegantes se separam colando suas testas, Keyla continua com os olhos fechados e Adrian olha para ela como se falasse que era aquilo que ele mais queria ou que queria algo a mais.

Keyla olha para ele tímida e dar um selinho nele.

Adrian: Me perdoa por isso, eu não deveria...

Keyla: Shiii, você não fez nada de errado.

Adrian: Então você também gostou?

Keyla: Eu... eu não sei... eu só permiti...olha para ele.

Adrian: Sei que ainda é cedo para dizer o que sente, mas, eu quero uma chance com você.

Eu não paro de pensar em você um minuto sequer, desde que nos conhecemos na casa da Lou e no resort. Eu quero ficar ao seu lado, não te deixar sozinha e preencher esse espaço no seu coração.

Keyla: Adrian, eu não sei... eu não sou uma pessoa que você espera que eu seja.

Adrian: Você é você, eu não quero que mude nada para ficar comigo.

Keyla: Eu sei... mas, eu não consigo me imaginar num relacionamento, eu nunca tive vontade ou curiosidade.

Eu sou eufórica com o relacionamento das outras pessoas, eu amo shippar, juntar, mas, quando se trata de mim eu me fecho, eu não consigo me ver numa relação que sei que não vou conseguir fazer o meu parceiro feliz.

Adrian: Eu entendo o seu medo, sei que é difícil para você, mas, você deve se desprender desse medo de tentar dar certo com alguém, você não é um problema e sim o problema que te faz acreditar que você é incapaz de fazer alguém feliz.

Você é uma mulher extremamente foda e perfeita, por mais que não consegue enxergar isso, mas, eu enxergo.

E não vai adiantar nada eu simplesmente ver isso e você não.

Por você, manda esse medo embora e mostra a felicidade que você pode dar a alguém sendo você mesma.

Keyla se emociona com as palavras dele e chora igual criança. Adrian seca suas lágrimas com o polegar fazendo ela soltar um riso.

Adrian: Eu não estou falando isso porque quero você comigo, mas para que você se sinta livre desse medo.

Keyla: Você é incrível sabia?

Adrian: Pra você sim, eu sabia.

Eles riem.

Adrian: Bom, eu já te ouvi e fiquei muito tocado como a sua história, saiba que pode contar comigo também. E não exite em me falar qualquer coisa que esteja te incomodando ou te fazendo mal.

Eu vou tentar descobrir quem está te vigiando ou se está te perseguindo. Pode ficar tranquila, eu não vou deixar que nada aconteça a você.

Keyla: Muito obrigada Adrian, eu não sei como te agradecer, mesmo, só sei que sou grata por me consolar, eu não vou fazer das suas palavras em vão, obrigada obrigada obrigada...sorrir.

Ele abraça ela de novo e os dois riem como adolescentes apaixonados.

Eles conversam mais um pouco e já no meio da noite, Adrian vai embora, mas com receio de que alguém possa estar vigiando ela.

Keyla senta no sofá assimilando tudo o que aconteceu no momento em que o Adrian estava com ela, parecia loucura ela se abrir de uma vez como se ele fosse seu diário. Ela ainda não sabia se podia contar totalmente com ele ou confiar contando sobre a sua vida assim, mas, no fundo ela sente que ele pode ser uma luz na sua vida, porém o medo, o trauma, não permite ela entrar num mundo em que ela mais teme: vida amorosa.

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