Acordo bem descansando e um pouco melhor depois de tomar a consciência de que não tive nem um pesadelo essa noite.
- Um ótimo começo de dia!
Levanto e vou para o meu ritual da manhã: dou um jeito na barba e penteio o cabelo.
Hoje decido trabalhar de terno. Escolho o cinza com camisa e gravata na mesma cor.
- Monocromático mas gosto.
Visto a roupa e amarro os sapatos, deixo somente o blazer para depois do café.
Coloco duas fatias de pão na torradeira, ligo a cafeteira e preparo um iogurte com granola. Como tudo com satisfação e me sinto orgulhoso de mim mesmo por estar colocando os conselhos do Dr.Frank em prática.
Depois de escovar os dentes e vestir o blazer, pego minha arma, o distintivo e as chaves e parto para o trabalho.
Assim que chego na delegacia, Paco vem ao meu encontro.
- Bom dia parceiro! Hoje vamos comprar as roupas que teremos que usar no nosso disfarce.As identidades já estão prontas, carros equipados com microfones e câmeras escondidas.
Fico animado.
- Excelente! Quando começamos?
Mr.Robinson chega.
- Hoje a noite. Existe um bar no lado oeste da cidade que se chama Danger, ponto de encontro preferido dos "Los Rojos".
Ele nos interrompeu para entregar nossas identidades.
- Aqui estão os documentos e os acessórios com microfones escondidos. Pulseiras e brincos, bem no estilo das ruas.
Enquanto Paco dá uma olhada no documento dele, pergunta:
- Existe algo que nós temos que chegar lá, já sabendo?
O chefe responde balançando a cabeça.
- Parece que hoje eles têm uma reunião para decidir quem vai tomar conta da gerência, já que o homem que cuidava disso foi assassinado há uma semana.
Solto um assovio.
- Então a alta cúpula vai estar toda lá.
- Provavelmente Martín. Todo o cuidado vai ser pouco.
*******
A tarde passa voando e eu não tenho tempo de pensar em mais nada a não ser me preparar para o momento de me infiltrar na "Los Rojos".
O almoço hoje foi um burrito de carne e queijo, com chá gelado, engolido com pressa.
Quando anoitece partimos para as ruas. Paco vestiu uma calça jeans larga azul escuro, camiseta regata branca, correntes de ouro e boné preto virado pra trás. Na orelha direita vai um brinco dourado que tem uma câmera embutida.
Eu visto um conjunto largo de moletom Branco e uma bandana vermelha na cabeça.
Também uso acessórios, só que em prata e no meu cordão carrego um microfone escondido.
Cada um de nós vai em um carro, o carro de Paco é verde fluorescente, tem desenhos nas laterais como se fossem chamas de fogo e é um modelo esportivo.
Eu tenho uma caminhonete branca com parachoque preto, com um adesivo atrás escrito "Diablo de Las Ruas".
Chegamos ao Danger e o bar é uma mistura de inferninho com boteco. Luzes vermelhas, garotas semi-nuas dançando no pole dance. As paredes em estilo rústico, com tijolos sem um acabamento, mesas em marrom escuro e sofás de couro vermelho nos cantos. Ao fundo um grande balcão em mogno, bem lustrado e com várias garrafas de bebida expostas na prateleira atrás. Para servir os clientes uma moça loira de sorriso tímido e olhos limpos, muito diferente das outras mulheres do lugar ela vestia uma blusa de manga curta uma calça jeans e um avental preto por cima.
Assim que nos aproximamos do balcão ela pergunta:
- O que vão querer rapazes?
Paco responde:
- Duas cervejas por favor. Se tiver corona pode ser, com limão é claro.
Ela rapidamente nos serve com duas Coronas geladas e limão à parte.
Paco e eu ficamos ali no balcão observando o ambiente. O lugar está com poucos clientes que ficam ao redor das moças dançando e fazendo acrobacias naquele ferro. Admito, tem que ter força nas pernas!
Paco fala próximo do meu ouvido.
- Parece que "Los Rojos" não chegaram ainda.
Eu respondo do mesmo modo
- Bom que assim podemos ficar mais íntimos do ambiente, e não chamamos atenção deles chegando depois.
Paco concorda com a cabeça.
Decido saber mais com a moça simpática do balcão:
- Qual o seu nome?
Ela me olha e sorri.
- É Alex, e o seu?
Faço um pequeno esforço para lembrar que aqui meu nome é Javier. Digo isso a ela:
- Eu sou Javier e esse aqui é Diego, meu irmão.
Digo tocando no ombro de Paco.
Alex nos olha e diz:
- Vocês não se parecem nem um pouco.
É Paco quem responde.
- Eu fui adotado pelos pais do Javier, sem eles eu teria morrido facilmente. Me ensinaram tudo o que eu sei hoje.
Alex então pergunta se nós somos do mundo do crime.
Sou eu quem responde dessa vez.
- Eu prefiro dizer que somos acostumados a fazer o nosso próprio destino.
Ela me olha e não consigo descrever o que percebo se passando em seu olhar.
- Vocês querem mais cerveja?
Paco fala.
- Sim, por favor!
Enquanto ela serve mais duas, comenta.
- Vocês são diferentes dos caras quem vêm sempre aqui.
- Diferentes como? Pergunto.
- Não são cheios de tatuagens, nem falam com gírias. E além do mais não fedem a cigarro e a bebida.
Paco rápida responde.
- Somos estelionatários gracinha. Ninguém vai cair no papo de um drogado, tatuado fedendo a cerveja e cigarro.
Alex dá uma risada e concorda.
Aproveito para perguntar se ela trabalha a muito tempo alí e se conhece bem o público do local.
- Tem um ano que eu estou aqui. O público é isso aí que vocês estão vendo. Um monte de caras patéticos que parecem nunca ter visto mulher na vida. O Danger pertence ao chefe dos "Los Rojos" e eles costumam vir aqui beber e discutir sobre seja lá o que for necessário para eles.
Insisto no assunto.
- O chefe vem sempre aqui?
Ela responde depressa.
- N-Não! Ele nunca aparece aqui.
Olho de soslaio para Paco que também me olha e acho que ele está pensando o mesmo que eu.
Alex ficou nervosa de repente e até gaguejou.
💭O que essa garota está escondendo?💭
Antes que eu possa falar mais alguma coisa um brutamontes se aproxima e pergunta para Alex:
-Algum problema Alex? Esses caras estão te incomodando?
Ela nega com a cabeça.
- Não Garcia, eles estão tranquilos.
- Então eu devo te lembrar de quem você é propriedade e que não te convém ficar de gracinhas com todo cara que chegar aqui!
Fico tenso e só me dou conta do quanto estou perto de estragar um disfarce que mal começou, quando Paco me segura por baixo do balcão e fala bem baixo de um jeito que só eu posso ouvir:
- Se acalma parceiro, se não vamos arrumar problemas.
Decido ficar quieto e ele continua.
- Calma cara, nós somos os irmãos Castro e estamos aqui para fazer negócios.
A senhorita aqui do balcão está nos ajudando.
Paco contorna a situação e Garcia parece baixar a guarda.
- Que negócios vocês querem tratar e quais seus nomes?
Meu parceiro nos apresenta.
- Eu sou Diego, e ele é Javier meu irmão. Somos estelionatários. Eu acabei de cumprir pena na Estadual e lá dentro fiquei sabendo que "Los Rojos" podem sem ótimos parceiros de negócios.
O brutamontes olha para nós dois e manda que nós aguardemos até que ele volte.
O que não demora muito.
- Vocês podem vir por aqui.
Seguimos Garcia e passamos por uma porta escondida atrás de uma cortina. Lá dentro era como se fosse um lugar totalmente diferente do bar lá fora. Era refinado, embora os homens ali presentes se vestissem como Paco e eu, de maneira mais informal - com exceção dos mais velhos que vestiam terno completo - todos ali tinham tatuagens.
Bebiam Whisky caro e champagne, a fumaça de charuto era densa e a música ambiente era sensual. As moças ali presentes, dançavam de um jeito muito mais sedutor e eram nitidamente mais bem cuidadas que as do pole dance lá de fora.
Cumprimento os homens sentados em um sofá gigante de couro marrom escuro:
- Boa noite, sou Javier Castro. Este é meu irmão Diego Castro.
Paco também os cumprimenta.
- Boa noite. É um prazer conhecê-los.
Um homem mais velho fala conosco.
- Boa noite. Primeiro vamos ver o que vocês tem para "Los Rojos", depois veremos se foi realmente bom conhecer vocês. Meu nome é Vincent, e eu acabo de ser nomeado gerente para cuidar dos interesses de nossa "família".
Começo a conversa tentando ser o mais casual possível. Não quero deixar transparecer nada.
- Nos somos estelionatários e temos vasta experiência em golpes. Fundos imobiliários, esquema de pirâmide, criptomoedas... O que você imaginar nós conseguimos lucrar.
Paco entra no personagem de vez.
- Sou especialista em falsificação de documentos. Já consegui fazer uma fazenda com três mil cabeças de búfalos ser minha, só falsificando assinaturas e carimbos.
Vicente se interessa pelo nosso assunto.
Nos sentamos e conversamos mais seguindo o roteiro da história montada pela inteligência lá da delegacia. Jantamos com aqueles homens enquanto discutimos sobre negócios. Tenho de admitir que o cardápio deles era excelente: Filé Wellington com salada verde e um vinho que equivale a três meses do meu salário. A sobremesa foi ostentação pura: trufas de chocolate envoltas em folha de ouro comestível.
Paco é boêmio e conquistou todos instantaneamente, arrancou risadas e considerações, fumou charuto cubano e ficou verdadeiramente a vontade. Se eu não o conhecesse diria que é mais um dos "Los Rojos" facilmente.
Quando tudo acabou, saímos daquela sala por uma porta alternativa. Avistei Alex entrando em uma limosine e fiquei intrigado.
💭Ela não parece ser de posses. Certamente não é, não trabalhando nessa espelunca.💭
Paco e eu seguimos nos nossos carros do disfarce para delegacia, tínhamos que levar o material que conseguimos com as gravações escondidas para o pessoal do plantão da noite.
Assim que entramos no departamento eu falei:
-Estou impressionado, com a elegância e ostentação deles e mais ainda com sua desenvoltura.
- Martín, preciso te confessar...
Perdi meu irmão para as drogas, e é muito pessoal para mim essa situação de acabar com "Los Rojos".Você me viu ali rindo e brincando mas para mim todos eles não passam de porcos imundos que enriquecem e vivem uma vida de luxo às custas do vício e do sofrimento das outras pessoas.
Só Deus sabe como eu me segurei pra não socar cada um daqueles canalhas alí.
Fico surpreso e digo:
- Nós vamos conseguir Paco, vamos livrar esse jovens e limpar as ruas da nossa cidade. Nosso povo que tem origem latina aqui na fronteira dos EUA com o México já é muito marginalizado. Não podemos e não vamos permitir que esses poucos manchem ainda mais nossa reputação.
Paco me olha com os olhos cheios de lágrimas. Ele me agradece com um aceno de cabeça sem dizer nada.
Depois de resolver tudo o que temos para resolver, saímos da delegacia e cada um vai para sua casa.
Quando chego, tomo um banho, escovo os dentes e me deito. Hoje não vou ler, estou com a adrenalina lá em cima e penso em Alex.
💭 O que será que essa garota tem de tão importante para ser vigiada por um homem enorme e andar de limosine por aí?💭
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Atualizado até capítulo 47
Comments
Renascida das cinzas
ué... você como um bom policial já deveria ter sacado que ela é direto do chefe. Se é que não é ela...
2024-07-28
3
Renascida das cinzas
ir direto pra delegacia não é um tanto suicida????
2024-07-28
3
Renascida das cinzas
já chega passando texto decorado... se fosse eu, não acreditaria, não!!!!
2024-07-28
1