Cap. 06- A família Angelis

A viagem até Florença foi tranquila. Helena aproveitou para descansar no quarto do jatinho enquanto os outros ficaram em reunião sobre os negócios e sobre a máfia.

Helena conhecia pelos tabloides sobre o poder que a sua nova família possuía. Só não conhecia sobre os negócios na máfia, e sobre os deveres dos chefes, o que agora saberia já que seu esposo se tornaria o novo chefe. A máfia Sole Nero sempre foi temida, mas poucos sabiam quem gerenciava. E como toda máfia seguia uma hierarquia para escolha do novo líder. Desde que o família Angelis se apossou da liderança nenhuma outra família foi condecorada com essa honra, pois era sempre passada de pai para filho.

Vincenzo recebeu de seu pai essa responsabilidade aos 18 anos quando perdeu seus pais e irmã mais nova em um confronto e se casou com Milena. Era um homem muito responsável e respeitado apesar da sua pouca idade e continuou sua jornada ampliando os negócios e iniciando os projetos de construção de hotéis e restaurantes para mascarar os negócios da máfia. Seus dois filhos mais velhos e sua filha foram mortos em uma emboscada quando ainda eram adolescentes o que levou Vincenzo a ser ainda mais temido quando destruiu e expôs todos os culpados. Seu filho mais novo Ettore sempre foi um sonhador e queria um rumo diferente já que sempre pensou que seu irmão mais velho assumiria os negócios. Com a morte dos filhos, Vincenzo treinou Ettore para ser seu sucessor, mas ele só assumiu a máfia quando sua primeira esposa faleceu, após o parto complicado de sua filha primogênita Giulia.

Ettore se casou três anos depois com Carina, uma ex- modelo e só tiveram um filho, o Matteo. Giulia se casou com um dos filhos dos advogados mais renomados e amigos da família Angelis, Paolo Rinaldi, um homem calmo e muito inteligente. Giulia teve apenas meninas, três ao total, a mais velha Milena que carrega o nome da avó, Fiorela e Vittoria. O sonho de uma menino não veio com a primogênita, que não pôde ter mais filhos, por isso havia tanta pressão sobre Matteo para se casar logo e dar o herdeiro que levaria o nome do bisavô Vincenzo.

A família Angelis era bem conceituada e respeitada, não só pelos negócios que eles faziam mais também pelo exemplo de família. Valorizavam compartilhar sempre os momentos todos reunidos. O patriarca sempre impunha essa condição, festa de aniversários e Natal todos tinham que estar presentes, celebrando, apenas os membros da família que participavam. Os de fora sempre aguardavam por outras comemorações, inaugurações e festa de aniversário das empresas Angelis que sempre esbanjavam riqueza nos detalhes e atraíam muitos olhares, e muito disputadas pela oportunidade de alavancar suas carreiras e negócios.

O casamento era tratado com muita seriedade. Quando Vincenzo ficou viúvo não quis mais se casar, para ele sua esposa seria a única que iria amar. E a escolha do cônjuge dos seus descecendentes não era feita de qualquer forma, tinha que ser abençoada pelo patriarca Vincenzo. Para Matteo, a escolha de Helena para ser sua esposa, apesar das circunstâncias não foi feita ao acaso. E só quem sabia dos motivos eram seus amigos e companheiros de negócios e baladas, Benito, Luigi e Giuseppe e agora seu avô que ao conhecer Helena abençoou de primeira a opção do neto.

Após encerrarem os assuntos urgentes sobre os negócios e sobre a máfia, a atenção é voltada para Helena. E nesse momento Benito dispara:

Benito- Irmão, será que a tia vai aprovar a Helena? Lembro bem que ela sempre quis você casado com a filha da amiga dela, a Perla.

Matteo- Nunca quis nada com aquela mimadinha. Apesar da família Vitale ser renomada no mundo da moda. A herdeira deles não serve pra mim.

Luigi- Me lembro dela estar sempre rastejando pra cima de você. Tem que ficar de olho para ela não tentar fazer da sua vida um inferno, quando descobri sobre seu casamento. -Sorri em tom de deboche.

Vincenzo- Você não deve deixar que sua mãe ou essa garota mal criada venha fazer mal a Helena.

Matteo- Vou manter ela bem longe de mim e da Helena, Vovô. Além disso, eu ainda preciso que a Helena me aceite, depois irei apresentar ela ao mundo como minha esposa.

Vincenzo- Sei que muitos dos nossos aliados queriam você como genro, principalmente o Mattia Vitale, mas eles devem respeitar sua decisão. Você já casou, e isso é o que importa!

Matteo- Tem sim. E a reunião da máfia? - Ele olha para Luigi para obter mais detalhes.

Nesse momento o Luigi recebe uma mensagem em seu celular e fala:

Luigi- Estamos com problemas! Giuseppe está vindo nos buscar porque um de nosso galpões de armas foi atacado. Acho que devemos ir para lá direto.

Matteo- Mais essa agora! Estava ansioso pra ficar com minha linda esposa, mas acho que vou ter que aguardar mais um pouco.

Benito- Mal casou e vai largar a donzela sozinha. - Diz sorrindo.

Matteo- Será por pouco tempo. Vovô, leva a Helena com o senhor pra casa. Assim que limpar essa bagunça eu vou para lá.

Vincenzo- Só não demore...

O Piloto avisa que já estão próximos do destino e devem se preparar para a aterrissagem. Matteo vai até o quarto chamar a Helena.

Matteo- Dormiu bem, minha donzela? Já estamos nos preparando para o pouso.

Helena- Oh... Sim. Descansei bem. E tá bom, já estou indo.

Helena vai para sua poltrona que é ao lado de Matteo e em frente ao Senhor Vincenzo.

Matteo- Surgiu um problema e terei que ir resolver. Você vai com o vovô para casa. Vou resolver o mais rápido possível para voltar.

Helena- Está bem.

Matteo beija a mão de Helena que fica corada com a atitude repentina dele e assim que o avião pousa Giuseppe já está esperando. Ambos se cumprimentam:

Giuseppe- Sinto muito por não conseguir resolver isso irmão, eu nem pude ir no seu casamento.

Matteo- Vamos logo resolver isso! - Fala abraçando o amigo.

Benito- Tenho dó desse otário que se atreveu atacar logo agora. -Diz com um sorriso perverso.

Matteo- Ele vai se arrepender. Preciso voltar logo para minha lua de mel.

Todos riem, menos Helena que fica envergonhada. Matteo se volta para ela e dá um beijo molhado cheio de desejo que a deixa com as pernas bambas e declara:

Matteo- Prometo voltar logo minha linda!

Helena- Tá bom. - Responde tentando respirar mais calmamente depois do beijo caliente.

Matteo abre a porta do carro para Helena entrar e seu avô entra logo em seguida. Ele fecha a porta e o motorista dá partida. Matteo e os seus três amigos entram no carro de Giuseppe e vão para o galpão.

No caminho para a mansão Helena fica fascinada com a paisagem a sua volta. Cada quadra em que o carro vai passando mais beleza se vai mostrando. Helena e Vincenzo vão conversando sobre os negócios da família Angelis e ela fala também um pouco sobre seu pai. Helena confessa que ama os doces que seu pai faz. E ela também aprendeu um pouco sobre confeitaria com ele. Quando o assunto passa a ser a mãe dela ela fica triste:

Vincenzo- Pelo que soube no avião sua mãe foi assassinada. Eu sinto muito! É difícil perder alguém que se ama.

Helena- Sim. Eu nem me lembro do rosto dela. E olha que só faz oito anos. Mas meu pai me disse que eu sempre dava convulsões quando via as fotos dela e ele retirou todas de nossa casa. Eu fui morar com meu tio avô por um tempo para superar a perda.

Vincenzo- Sua mãe deve estar orgulhosa da filha que tem.

Helena- Não sei...

Helena começa a chorar.

Vincenzo- Não chore querida! Você é uma filha maravilhosa. E eu estou aqui pra tudo o que precisar.

Helena- Obrigada.

Helena é confortada pelas palavras e o abraço daquele senhor que ela conheceu a poucas horas, mas que para ela parece que se conhecem por toda a vida.

O pôr do sol está deslumbrante, enquanto o carro vai passando por algumas propriedades de vinhos, Helena fica observando alguns trabalhadores que estão se organizando para retornar a suas casas, e pergunta ao Vincenzo:

Helena- Quem são os proprietários? O senhor conhece?

Vincenzo- Sim. Essa propriedade é da família Castelliano.

Helena- Nossa! Eu experimentei o vinho deles e é excelente.

Vincenzo- Sim. Somos amigos de longa data. Assim que surgir uma oportunidade vamos convidá-los para um jantar.

Helena- Sim. - Responde empolgada.

Quando o carro estava passando pela proximidade da mansão, Helena começa a passar mal. Sua cabeça começa a doer e aquela imagem que vê pelo vidro do carro parece muito familiar.

Vincenzo- Querida!? Você está bem?

Helena- Essa casa parece tão familiar... aí, minha cabeça...

O olhar de Helena congela, é ela fica sem nenhuma reação, Vincenzo tenta fazer com que ela responda. O motorista para o carro:

Motorista- Senhor, ela está bem?

Vincenzo- Ela não responde. Aí, minha nossa! Sangue! Ela está com o nariz sangrando. Helena!?

...Continua......

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