Mamãe sempre me xingava por eu ser desatenta e estar sempre no mundo da lua.
- E agora com esse celular fica pior ainda sempre lendo ou assistindo alguma coisa enquanto anda.
- Mamãe a senhora sabe que amo estudar então sempre tem algum artigo novo ou documentário e não consigo parar de ver até terminar.
- Eu sei Lois\, mas você precisa ter mais atenção\, ontem mesmo quase caiu da escada porque não viu o degrau e estava fazendo o quê? Estava no celular e no outro dia que quase foi atropelada pelo trator de Seu João enquanto ia até o celeiro? De novo com um livro na mão. Quero sim que você estude minha filha\, mas a vida não é só isso\, se não tirar os olhos do celular ou do livro vai arranjar um namorado de que jeito? Netos então... nem cogito\, graças a Deus que com seu irmão ainda posso ter esperanças de ser avó.
As palavras de mamãe ressoavam em minha cabeça enquanto eu olhava para aquele par de olhos indignados.
Lembro-me de tê-lo visto quando entrou na sala dos professores mais cedo: alto, pele levemente bronzeada, cabelo cortado, cada fio perfeitamente alinhados, barba aparada, sobrancelhas grossas mas emolduram simetricamente seu rosto, olhar frio que tive a impressão que se ousasse olhar neles tornaria uma estátua de gelo, lábio desenhados, corpo que parecia não ter nenhuma gordura a mais do que deveria ter para um homem que não era musculoso mas também não era magrelo, apenas um corpo divino que fiquei imaginado como seria em baixo daquela camisa muito bem passada e o terno feito sob medida que reluzia com seu sapato preto muito bem lustrados.
Enquanto juntava as coisas esparramadas e balbuciava alguns pedidos de desculpas vejo que o celular caríssimo dele tinha quebrado - DROGA!!!!MIL VEZES DROGA!!!! Agora que mal tenho dinheiro, acabei de comprar meu apartamento e só posso contar com o dinheiro das últimas palestras que fiz até eu receber meu salário eu tenho que quebrar um celular caro desses? me recrimino em pensamento.
- Tudo bem\, não foi nada - ele responde mesmo seus olhos dizendo que iria me matar.
- Como não foi nada acabo de quebrar teu celular.
- Você bateu em mim e ele caiu\, acredito que não tenha feito de propósito ou fez?
- Óbvio que não foi de propósito porque faria isso?
- Ok\, então preciso ir tenho uma turma me esperando- me diz e sai\, eu gostaria de ir atrás dele e continuar a conversa mas lembro que também tenho alunos a minha espera.
Termino minhas aulas do dia e procuro o professor que quebrei o celular mas nem o nome dele sei, não posso sair por aí perguntando onde está o professor gostoso que vestia um terno porém não o encontro.
Chego em meu apartamento e admiro minha linda aquisição que comprei à vista, essa é minha maior alegria, tá não tenho dinheiro mas também não tenho dívidas, lembro do apartamento que comprei na Inglaterra apenas um cômodo onde tinha uma cozinha minúscula em um extremidade, uma cama na outra enfrente a uma janela pequena, entre elas uma espremida sala de estar que era também meu escritório e um banheiro menor ainda e financiei em milhares de vezes.
Esse apartamento não, nesse eu tinha uma cozinha estilo americana, uma sala confortável, meu escritório ficará junto com a sala próximo a enorme janela da varanda, meu quarto com um roupeiro grande para minhas roupas, uma cama king size e um banheiro com banheira onde posso relaxar no final do dia.
Bem eu só tenho que comprar tudo isso. A cozinha está pronta incluindo um fogão, mas não tem nada de eletrodoméstico, na sala tem algumas almofadas espalhadas pelos chão, no quarto tenho um colchão inflável de solteiro e uma arara que comprei em um brike onde pendurei minhas roupas, o que não deu para por em cabides continua nas malas. Também tenho algumas cobertas, lençóis e toalhas inclusive trouxe alguns itens de cozinha isso eu já tinha em uso no apartamento anterior, mas é só isso, quando receber o dinheiro do apartamento antigo que vendi quando vim embora preciso fazer uma bela compra principalmente de móveis.
Sento em minhas almofadas comendo o lanche que comprei a caminho de casa, o bom desse prédio é que fica perto da universidade, então posso ir e vir caminhado, e dos centro comerciais, inclusive tem uma linda praça aqui perto que pretendo fazer uma caminhada em algum momento.
Depois de me alimentar, tomo um longo banho relaxando em minha banheira, coloco meu pijama e me deito para uma deliciosa noite de sono, mas o bendito não vem, me viro e reviro no colchão lembrando infinitas vezes do celular quebrado, dos olhos irritados... Preciso achar uma maneira de comprar um celular novo para o professor mas antes preciso saber como vou pagar um celular daqueles. Levanto vou na geladeira, pego uma garrafa de água me enrolo na coberta e vou na varanda, ainda não é inverno mas já está gelado o vento da noite.
Fico admirando o céu, vejo as poucas pessoas que ainda caminham por ali, me alegro ao constatar como é boa a vista de 4º andar. Enquanto meus olhos passeiam ao redor eles param em uma silhueta que mesmo tendo visto este corpo apenas um dia sei de quem é, ele ainda está vestindo o mesmo terno e está parado, bebendo alguma coisa na varanda ao lado da minha.
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Atualizado até capítulo 46
Comments
Ameles
ninguém merece kkkkkk
2024-09-25
3
Gilvanise Azevedo
Vizinhos 😂😂
2024-04-09
2
Andreia Gregorio
Hummmm são vizinhos!!!!🤭🤭🤭🤔🤔🤔
2023-08-29
5