CAPÍTULO 01

Já fazia muitos anos que eu não conhecia alguém como ela, ou talvez, eu nunca tenha conhecido alguém como ela.

Se eu soubesse que a vida me apresentaria a essa mulher, eu teria esperado ansiosamente por esse momento.

...*****...

...Safira Clark...

Saio do táxi deixando algumas notas de dólar e bato a porta do carro. Olho para o enorme prédio a minha frente, soltando todo o ar que estava preso em meu pulmão. Eu mal posso esperar para fazer a entrevista.

Entro no prédio e sigo para a recepção, de cara, vejo duas mulheres conversando atrás do balcão, uma ruiva e a outra loira, olho para o crachá verificando o nome delas e chamo atenção da Lindy, a moça ruiva.

— Com licença, eu tenho uma entrevista marcada para às oito horas da manhã, poderiam me ajudar? — Pergunto antes de pegar os meus documentos na bolsa.

— Claro, eu só preciso verificar os seus documentos, por favor. — Lindy pega os meus pertences e digita algumas coisas no computador.

Eu estou tão aflita, eu preciso tanto desse emprego, se eu não for contratada, sinto que a minha vida nunca sairá do rumo que pegou.

— Aqui senhorita, o senhor Frank vai recebê-la, pode ir para o vigésimo andar por favor. — Guardo meus documentos e sigo para o elevador.

As portas do elevador se abrem e saio dele, caminho em um enorme corredor, eu consigo sentir minhas pernas tremerem e isso não é nada bom.

Não vejo ninguém na mesa da secretária então eu resolvo bater na porta. Ninguém responde e abro a porta.

O homem a minha frente está parado de costas, olhando para a vista do seu prédio e fecho a porta atrás de mim.

— Senhora Clark, sente-se.

Caminho até as duas cadeiras que ficam de frente para a mesa dele e me sento em uma delas. As minhas mãos começam a suar frio, o meu corpo todo treme. "Deus lindo e maravilhoso da minha vida, me ajuda a passar nessa entrevista" peço a Deus em meus pensamentos e respiro fundo.

Ele se senta em seu lugar e fica me olhando por alguns segundos que até se parecem minutos. Ele analisa o meu currículo com uma sobrancelha arqueada e solta um sorriso de canto.

— Senhora Safira, como posso contratar alguém que não tem nenhuma experiência como secretária, não sabe nenhum idioma e muito menos, possui algum curso de administração, me diga, se você estivesse no meu lugar, se contrataria mesmo sabendo que não é a candidata mais indicada para o cargo?

“Você é um completo babaca, se não queria me contratar, por que me chamou mesmo assim?"

Subconciente: "Fica quieta Safira, você precisa desse trabalho.”

Como eu não tenho nada a perder mesmo, além da chance de ter esse emprego, dou minha resposta.

— Mas é claro que eu me daria essa oportunidade, mesmo eu não tendo um curso profissionalizante de administração, ou não sendo uma poliglota como o senhor eu presumo, ou até mesmo não tendo experiência como secretária, ainda sim eu me daria essa oportunidade...

— Como irei saber se sou boa como secretária se eu não tiver uma oportunidade para tentar? — Digo enquanto ele fica me encarando.

— Esperta, você me devolveu uma resposta com outra pergunta. — Diz sério.

— Digamos que eu lhe dê a chance de ser minha secretária, você estaria disposta a aprender novas línguas e se dedicar a administração?

— Mas é claro que sim, sim senhor, com certeza. — Digo séria, mas por dentro estou pulando de alegria.

— Está bem, você foi a única quem me deu uma resposta pela qual eu esperava.

Começo a sentir uma euforia dentro de mim, eu estou louca, eu quero gritar e sair pulando para todos os lados.

— O seu salário será de vinte mil dólares, terá benefícios médicos e por último, eu só tenho que saber de mais uma coisa. — Diz assinando em um papel.

— Pode dizer senhor Frank.

— Você tem disponibilidade para viajar ou estar por perto quando eu precisar?

— Sim senhor, terei total disponibilidade para o senhor.

— Perfeito, você começa amanhã às sete horas da manhã, assine esse documento por favor. — Assino o documento e entrego para ele.

— Muito obrigada senhor Frank, eu prometo que não vai se arrepender de ter me contratado. — Digo me sentindo feliz.

Eu prometo para mim mesma que não vou fazer nenhuma burrice no meu trabalho.

Nós terminamos a nossa conversa com um aperto de mão e me retiro da sua sala.

Saio na rua e começo a gritar de felicidade, pulo na calçada em cima das poças de água que ficou devido à chuva me sentindo a pessoa mais feliz de todo o universo.

Eu vou para casa totalmente feliz, eu jamais imaginei que poderia trabalhar para o senhor Frank.

...*****...

Abro a porta de casa e encontro o meu marido jogado no sofá e com uma garrafa de uísque na mão.

"Onde foi que ele conseguiu dinheiro para comprar bebida?"

— Olha só quem chegou. — Ele diz com a voz embriagada.

— Eu consegui um trabalho Phil. — Ele me olha e sorri amarelo.

Ele era um bom namorado, mas depois que nos casamos, o Phillipe se tornou outra pessoa.

— E quanto é o seu salário? — Ele pergunta vindo até mim.

— Não é muito, eu vou trabalhar como faxineira...

— Vadia maldita, não presta nem para conseguir um bom emprego. — Ele fica me segurando com força e batendo em meu rosto.

Eu sabia que isso ia acontecer, mas se eu contasse a ele que vou trabalhar como secretária e ganhar um bom salário, ele vai queimar o meu dinheiro em bebida alcoólica.

Ele me joga no chão e eu bato minha cabeça na mesinha de vidro ao lado da porta.

— Se você chamar a polícia, eu mato você Safira. — Ele diz caminhando para o quarto.

— Você é um monstro, eu odeio você, Phillipe.

Eu vou para o quarto, pego uma muda de roupa coloco dentro de uma bolsa e saio de casa.

Pego meu celular e ligo para minha amiga.

— Spencer, eu posso ficar na sua casa hoje?

— É claro amiga, quando você chegar eu quero saber de tudo.

Guardo o celular dentro da minha bolsa e vou caminhando para a casa da Spencer.

Nós somos amigas desde a quinta série, passamos por muitas coisas, a Spencer foi a primeira pessoa que me abraçou quando meus pais faleceram, no primeiro ano do ensino médio nós conhecemos a Mollyne, ela se tornou nossa melhor amiga, contamos tudo uma para as outras, as duas são o meu refúgio, quando estou triste ou com medo, é nos braços delas que eu vou parar, eu agradeço a Deus imensamente por tê-las como minhas amigas.

Eu sou casada com o Phillipe há cinco anos, nós namoramos dois anos e logo ficamos noivos, depois do casamento, minha vida se tornou algo totalmente aterrorizante.

A minha lua de mel foi no Caribe, mas se eu pudesse escolher nunca mais voltar naquele lugar, eu não voltaria, eu não tive uma lua de mel como nos filmes ou histórias de romance. Na nossa noite de núpcias, eu perdi a minha virgindade da pior forma, ele me estuprou, me machucou de todas as formas.

Eu não sabia como era ter relações sexuais, mas aquilo eu sabia, ele havia me violentado. O resto da lua de mel, ele me xingava, me batia e me prendia no quarto enquanto passeava na praia, desde o meu primeiro dia de casamento eu não tive mais uma noite de sono em paz.

Muitos já me perguntaram por que eu não me separei desse monstro, eu tentei, tentei de inúmeras formas, eu fugi, tentei me suicidar, contratei um advogado, mas ele sempre me fazia esquecer dessa história de separação, o lema dele é.

"Juntos até o fim, até que a morte nos separe" Eu queria viver isso com ele, mas não dessa forma, eu imaginei que minha vida de casada seria diferente, mas não foi.

...*****...

Entro na casa da Spencer e ela me abraça enquanto choro. Eu queria tanto poder me separar daquele monstro e viver a minha vida em paz, eu só queria sentir um pouco da felicidade que sentia quando era solteira.

— Pode chorar amiga, eu estou aqui, ele não pode feri-la enquanto eu estiver por perto. — Ela acaricia meus cabelos ainda abraçada comigo.

— Eu posso passar essa noite aqui? Eu preciso dormir bem, amanhã é o meu primeiro dia de trabalho.

— É claro que pode Safira, você não precisa nem me pedir, e quer saber, eu vou chamar a Molly para dormir aqui também.

— Eu vou tomar um banho então.

Eu entro no banheiro depois de colocar as minhas coisas no quarto de hóspedes e tiro minha roupa de frio.

Fico me olhando no espelho, aquele corte no meu rosto me dava mais raiva do que eu já sentia. Ligo o chuveiro e me sento no chão deixando a água quente molhar o meu corpo enquanto choro.

Todas as noites eram assim, eu chegava da rua e chorava no banho. Eu passava metade dos meus dias na rua para não poder discutir e apanhar em casa.

Saio do chuveiro e visto um pijama da Spencer, vou para a sala e encontro a Molly brigando com a TV.

— Mollyne, você vai quebrar o controle desse jeito. — Digo pegando dela.

— Eu não acho nenhum filme interessante, eu queria animar você. — Ela diz tristonha.

— Eu estou bem, vamos para a cozinha, a Spencer não sabe cozinhar muito bem, dá para sentir o cheiro daqui. — Nós rimos enquanto vamos à cozinha.

Eu preparo uma torta de frango, a Molly faz um suco e a Spencer arruma a mesa.

— Então Safira, como é o seu chefe? — Spencer pergunta antes de queimar a boca com o vapor da torta.

— Ele parece ser legal. — Digo depois de beber meu suco de goiaba.

— Safira, ela quer saber se ele é bonito, sarado, gostoso, até parece que você não conhece a Spencer. — A Molly diz me fazendo rir.

— Ele é muito bonito, a barba dele é linda gente e o cabelo, parece de comercial.

— Já vi que vai ser difícil trabalhar com um chefe gostoso desses ao lado em. — Spencer diz nos fazendo rir.

— Eu queria ser um mosquito para ver a Safira trabalhando com o chefe gostosão.

— Molly, deixa de ser curiosa, eu queria mesmo era ser a Safira, ela é muito sortuda de trabalhar com um chefe desses. — Spencer diz e eu engasgo com a comida.

— Meninas, vamos parar com esse assunto, o senhor Frank é só o meu chefe e nada vai acontecer entre nós. — Digo sem graça.

— Mas nós não dissemos que algo vai acontecer entre vocês. — Molly diz num tom de voz sensual e jogo o meu guardanapo nela.

— Vocês não prestam.

Terminamos o jantar, arrumamos a cozinha e cada uma vai para o seu quarto.

Fico rolando na cama pensando em como será trabalhar para o senhor Frank.

— Tomara que ele não seja estúpido e arrogante.

O sono toma conta dos meus pensamentos e acabo dormindo.

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Comments

Anamaria Dos Santos

Anamaria Dos Santos

aí eu comecei agora já odeio o marido dela gigolo pé de chinelo agora mais do que nunca ela tem que separar dele nojento

2023-04-24

0

Paula Vanessa Costa Carneiro

Paula Vanessa Costa Carneiro

com certeza já deu vontade de quebrar a cara desse marido escroto

2022-07-04

4

Tais Santos

Tais Santos

Eu já quero quebrar, a cara do marido da safira hahaha

2022-07-03

9

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