Luna e uma arrogante líder de torcida

Seguimos para a primeira aula, e corro para sentar no meu lugar de sempre desde o sétimo ano, primeira carteira da fileira rente a janela. Por isso quis chegar cedo hoje. Gostava de olhar a paisagem e jogar as bolinhas de papel janela abaixo.

Jess senta logo atrás de mim e, seguida dela está Amanda Michaelis, uma garota insuportável, como eu sabia disso? Ela já estudava aqui, entretanto, em uma sala diferente, mas parece que esse ano terei que aguentar essa patricinha, e pior, a poucos centímetros de distância de mim. Fala sério, aquele ar de líder de torcida que ela fazia questão de nos lembrar toda vez marcava bem o seu nariz empinado.

— Amanda Michaelis, será que você poderia sentar na carteira de trás? — perguntei a tratando como uma estudante normal. — Estávamos guardando esse terceiro lugar para Taylor.

— O quê? — ela abre a boca e faz uma careta incrédula rolando os olhos para o lado. — Engraçado, porque estava prestes a falar para você sair da primeira carteira, eu vou sentar aí.

— Talvez em seus sonhos! — sorri para ela, os poucos alunos que se encontravam na sala ficaram espantados, ninguém se atrevia a falar assim com as garotas da torcida, principalmente com a líder delas, são as intocáveis da escola toda. Mas eu não ligava para essa besteira estudantil, vão a merda com isso.

— Eu já ouvi falar de você, Isis Mitchell — ela diz se aproximando. — A garota que repetiu o sétimo ano por faltas, porque será? O que ficava fazendo fora da escola? — Amanda Michaelis falava irônica se fazendo de inocente.

— O que está insinuando...? — avancei até ela, mas Jess entra no meio de nós duas interferindo.

— Isis, deixe isso para lá, a Taylor senta na segunda fileira.

— É melhor ouvir sua amiga, Isis Mitchell.

Amanda senta convencida na terceira carteira, bem atrás de Jess, agora que ela não sairia de lá mesmo. Afinal ela adorava provocar as pessoas. Taylor chega bem animada e corre em nossa direção se instalando na primeira carteira da segunda fileira, ao meu lado.

— Olha quem está chegando, Taylor o que está vestindo hoje? Alguma peça do chique bazar Kartel? — fala Amanda Michaelis sorrindo prazerosamente a deboches.

Além de seus empregos, os pais de Taylor mantinham um bazar nos finais de tarde, e todo o dinheiro que gerava iam para Instituições voltadas para o tratamento do Câncer, até onde sei, esse fato era como uma homenagem a sua avó, que não se fazia mais presente.

— Claro! Porque, você gostou? Sua mãe estava lá ontem, mandou lembranças — diz Taylor.

A sala riu, o que gerou uma descontração logo no começo da aula, Taylor estava com uma jaqueta azul jeans e uma bota curta de salto que atraia olhares admirados, de longe se notava que ela era uma pessoa que sabia como se vestir, mas Amanda não ligava para isso e só queria um motivo para importuna-la, por isso era difícil suportar essa líder de torcida arrogante.

Ela apenas sorriu cinicamente em resposta, suas bochechas claras destacavam aquelas covinhas perfeitas mesmo em um sorriso tão falso, que desperdício.

O professor entra e Taylor senta. Ela logo vira seu corpo para o lado e me fita com aqueles olhos tão azuis que mais pareciam bolas de cristais, sorridente olha para mim e Jess atrás.

— Sábado, já marquei nossa próxima competição — ela afirma.

— Mal posso esperar! — falo suavemente mantendo o segredo perante os demais alunos.

— Irado — Jess resmunga dando um tapinha em minhas costas.

— Taylor Kartel, sente-se direito e Jessie Willes tire o boné por favor.

Os professores não davam a mínima para o nosso comportamento, mas como era o primeiro dia eles tentavam ganhar uma moral.

— Antes de começar a aula quero lhes apresentar uma nova aluna, entre Luna Katrine.

Eis que a nova aluna entra, um tanto tímida; mas eu poderia entende-la, o primeiro dia já era difícil e se apresentar na frente de todos pode ser embaraçoso para alguns, ela joga para trás a touca da blusa e começa a falar.

— Meu nome é Luna... Luna Katrine, eu cheguei ontem e tenho 16 anos, é um prazer conhece-los.

Ela pronuncia em uma sentença curta, talvez rezando para que isso acabe o mais rápido possível. Mas essa voz, era meiga e suave, por essa razão fitei meus olhos na garota em minha frente.

— O quê? — gritou Amanda Michaelis. — Professor, não estou conseguindo ouvir, fale mais alto garota.

Amanda a interroga propositalmente, aproveitando da timidez da pobre garota, alguns da sala começam a rir e concordam com ela. Essa líder de torcida merece uma surra. Alisando seu cabelo caramelo de mechas douradas, ela inclina a cabeça para trás orgulhosa. Segundos depois me encara pois percebe que eu a olhava irritada. A intensidade daqueles olhos acinzentados estavam cada dia mais perversos.

— Quer algo, Isis Mitchell? — Amanda disse, voltei minha atenção para frente em um rolar de olhos, coisa que parecia a irritar profundamente.

— Obrigado Luna, pode se sentar — fala o professor.

A novata acena em resposta, mas antes ela fitou Amanda Michaelis com um olhar indiferente, ela parecia não ter se abalado com as provocações e volta a cobrir o seu rosto com o capuz da blusa.

Ela era muito linda e tinha um rosto totalmente andrógeno, se não fosse pelo nome eu a confundiria com um garoto, até porque esse casaco largo não ajudava nem um pouco, e sem falar na voz linda. Affs porque as pessoas mais legais e perfeitas são tão tímidas assim? Ela mal olhou para os alunos.

Ou melhor.

Porque eu não posso ter uma voz assim? Isso me intrigava, pois odiava a minha voz rouca, quando pensava que essa voz de gazela embriagada estava melhorando, bastava gravar-me cantando para meus pensamentos positivos se esvair.

O primeiro bloco de aulas havia terminado, saio para o intervalo seguida de Jess e Taylor, no pátio uma cena um pouco fora do comum, uma briga de garotas, ou melhor, uma prática de bullying com uma aluna aparentemente nova.

Chegamos mais perto para observar a cena, fui logo abrindo caminho dos demais que só sabiam olhar, duas garotas estavam espalhando o material de uma aluna do segundo ano, sei disso porque a aluna que estava sendo atacada era nada menos que a novata Luna... Luna, Luna alguma coisa.

— Ei, ei, — interrompi as garotas dando-lhes um empurrão e rasteiras que as fez cair para trás.

— Quem você pensa que é garota? — a encrenqueira se levanta do chão para me dar o troco, ambas deveriam ser do último ano, especificamente da classe C pois todos lá eram uns barraqueiros de mão cheia. Quando estava prestes a enfrenta-la surge Jess em minha frente.

— Quem VOCÊ pensa que é? — foi tudo o que ela disse cruzando os braços ao meu lado com uma pose autoritária.

— Mexendo com alunos da nossa classe, — Taylor cerra os punhos em uma intimidação — Eu não vou perdoar — completa ela se juntando em minha frente.

— Vão cair pra dentro? — falei firme e confiante, as duas garotas deram de costas resmungando algumas palavras, pelo pátio se conseguia ouvir provocações de alunos como Uii, Vixii, Não deixava.

Mas elas não iriam cair dentro dessa briga, podíamos não ser as mais populares, porém em questão de confusões adquirimos alguma fama desde a sétima série, que foi quando me transferi para cá.

— Ei, você está bem? — pergunto estendendo minha mão para a novata que permanecia ao chão enquanto arrumava seu material que estava espalhado, possuía uma expressão franzida, parecia de saco cheio de todos. Eu poderia entende-la, as pessoas desse ovo de escola são bem estúpidas.

— Aqui — Jess a ajuda lhe entregando alguns cadernos.

— Obrigada — ela se levanta e sai às pressas mal olha na cara de Jess, eu coloco a minha mão no seu ombro.

— Espera! Estamos na mesma sala...

Sou deixada de lado em uma rápida esquivada da garota, ela acelera os seus passos como se fugisse do próprio diabo.

— EEII — gritei.

— Isis! Melhor deixa-la sozinha, afinal ela chegou hoje — Taylor me acalma colocando sua mão em minha cabeça.

— É... Você tem razão... — murmuro.

Observava aquela garota fugindo em minha frente, ainda me lembrava daquele seu olhar impassível de quando estendi minha mão a ela, que me ignorou como se eu não estivesse ali.

Sua timidez parecia esconder algo, mas o mais importante, por que isso me afetou tanto a ponto de me deixar sem palavras? Parada aqui igual uma idiota, a ponto de morder o meu próprio lábio inferior, esse sentimento... Por que está me deixando tão nervosa? Tão inquieta, tudo o que eu queria fazer era correr atrás dela e a empurrar contra a parede dizendo: “Estamos tentando te ajudar, porra!”

Com esse pensamento pude sentir o meu coração batendo mais depressa.

— Isis, Isis... Planeta terra chamando — Jess me chamava balançando meu corpo de um lado para outro. — Vamos para sala, está meio frio aqui!

— Oh, Sim.

Notas da autora: Espero que estejam gostando, e ignorem qualquer erro de cultura, algumas coisas eu tentei deixar parecida com o jeito brasileiro para as pessoas se familiarizarem mais >.<♡

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