Capítulo 13

No avião, o anúncio para colocar os cintos de segurança para o pouso foi feito e Sasi franziu a testa enquanto prendia Lariel em sua poltrona. Incomodada, levantou-se e foi ao banheiro, abrindo a porta de supetão e surpreendendo os ocupantes do local.

Belariel estava abraçada como um coala em Fabian no pequeno banheiro do avião. Ambos tinham escapado para se beijarem sem se importar com quem pudesse vê-los, embora não tivessem um relacionamento íntimo ou um romance oficial, os dois estavam se envolvendo ultimamente. Era apenas carnal e Sasi sabia disso, mas precisava colocar os pingos nos is.

— Vocês dois, escutem! Não podem ficar se agarrando assim! Se alguém os vir, vão pensar que eu sou uma Rainha Corna! E para piorar, por culpa da minha irmã mais nova! Então, se comportem! — Sasi repreendeu enquanto Fabian e Beli se separavam e ajeitavam suas roupas.

— Sasi, me desculpe, foi erro meu e não vai acontecer de novo! — disse Fabian, cabisbaixo, enquanto Beli assentia, envergonhada por não ter pensado no bem-estar da matilha e de sua irmã.

Os três voltaram para seus assentos e se prepararam para o pouso, que ocorreu sem imprevistos. Mas quando o avião se acomodou no hangar, Sasi viu a enorme comitiva de recepção e avistou a Lua Ágata em primeira fila. Sasi ficou feliz em vê-la; aquela Lua era muito sábia e inteligente, e ela não teria que lidar com alguém preconceituoso ou malicioso estando sob sua proteção.

Sasi desceu do avião com Lari em seus braços, já que a pequena havia dormido. Foram em direção à comitiva, onde a Lua Ágata a cumprimentou com respeito e cortesia.

— Majestade, é um prazer e uma honra tê-la em nossa matilha e esperamos que se sinta confortável em sua estadia. — Disse Ágata, emocionada, enquanto olhava para Lariel adormecida.

— Lua Ágata, é um prazer para mim poder ajudar no que for preciso. — Sasi a olhou com um sorriso deslumbrante, deixando Ágata com o coração apertado. Se a Rainha Ômega fosse a verdadeira companheira de seu filho, ela mesma o chutaria até a Deusa Lua por sua idiotice.

Para Ágata, Saradiel era uma loba linda; seu temperamento, impressionante; a doçura que emanava dela por ser uma Ômega a tornava ainda mais bela, sem falar em sua herança genética. Ágata conhecia a mãe de Saradiel e sabia de sua força, sabia que sangue divino corria em suas veias. Ela se sentia mal só de pensar que seu filho havia destruído aquele relacionamento.

Ágata conduziu a comitiva real até a casa principal da matilha, onde havia preparado tudo para eles. A ala norte estava inteiramente à disposição da comitiva real; o lugar era enorme para apenas oito pessoas, mas era preciso dar-lhes privacidade.

Quando entraram, foram recebidos por Mary, sobrinha de Ágata. Mary era, na verdade, filha de uma prima distante de Ágata, mas quando a viu sozinha e desamparada após a perda de seus pais, assumiu sua criação. Mary era um doce e, além disso, era uma jovem de vinte e poucos anos alegre e divertida, mas tímida com os rapazes. Ela era uma Beta, mas ainda assim era muito introvertida ao lidar com eles.

Sasi viu a animada Mary e se alegrou imediatamente. Ela era realmente uma boneca e muito meiga. Mas havia alguém na comitiva que se sentiu atraído por ela de imediato: Mary era sua companheira, disso ele tinha certeza. Mas Fabian não o diria naquele momento e escondeu seu cheiro. Ele precisava falar com Sasi sobre isso, fosse para reconhecer sua companheira ou ir embora antes que as coisas se complicassem, mas havia uma terceira opção que lhe passou pela cabeça: voltar para o reino dos mares, sequestrando Mary para si.

Beli foi quem notou a anomalia em Fabian e ergueu as sobrancelhas, curiosa. Parecia que aquela viagem seria interessante. Fabian olhou para Mary com intensidade. Aquela boneca era uma loba notável em todos os sentidos. Mary corou imediatamente quando viu o jovem e bonito Rei dos Mares olhando-a como um lobo faminto.

Sasi observava a questão de longe e trocou olhares com Beli, que apenas ergueu os ombros, sem saber o que dizer. Beli havia entendido há muito tempo que o interesse de Fabian era apenas carnal; ela o atraía fisicamente, mas não era sua companheira, muito menos algo mais, então não importava muito o que ele fizesse ou deixasse de fazer.

Quando todos se acomodaram e Sasi colocou Lari na cama com uma mantinha, ela foi se reunir com Beli e, juntas, as duas irmãs puxaram Fabian para o sofá e o encararam com intensidade e suspeita.