Quando o vestido chegou, coloquei sem muita cerimônia e desci às escadas me sentindo satisfeita com o resultado para um casamento arranjado. Por outro lado, a Sra. Lina ao me ver quase cai no chão de tanto desgosto.
— Arya achei que teríamos conversado sobre nenhuma gracinha, não é mesmo? ‐ Ela foi sutil e não mencionou o fato de ter me ameaçado momentos antes, pois sabia que poderia manchar sua reputação na frente dos demais, principalmente porque o motorista particular da família Clark estava aqui. Ela sorriu transparecendo calma e ternura, mas me olhou com aqueles olhos feroz. - Meu bem, vá se arrumar melhor, seu noivo a está esperando nesse momento. Rosa ajude por favor!
Eu queria recusar, mas sentia que se fizesse isso a Sra. Lina não seria tão gentil assim com Mateo, então suspirei e subi às escadas novamente. Rosa veio logo atrás e quando me viu parada de frente a cômoda, ela riu friamente.
— Não ouse fazer palhaçadas para causar uma má reputação a família Russell ou eu devo lembrar que a Sra. Lina é bem reconhecida na capital? Ela pode simplesmente fazer seu irmão bastardo sumir sem mais nem menos!
Ouvir aquilo me causou dor de cabeça e meus lábios tremerem enquanto arrumava o vestido em meu corpo. Eu não disse nada em nenhum momento, apenas concordei brevemente com a cabeça que iria me comportar. Rosa fez um novo penteado em meus cabelos castanhos, o que não deu muito trabalho e arrumou minha maquiagem antes de nos juntarmos aos outros.
Não sabia se estava bom, apenas torcia para que estivesse do agrado da Sra. Lina.
— Qualquer graça em? Se lembre
Rosa soprou no meu ouvido quando ia me deixando ao lado do motorista que me esperava. Ele usava um terno preto elegante que ajudava em sua beleza. Ele era bronzeado e não media muito mais que 1,70. Seu cabelo estava perfeitamente arrumado para o lado direito e seus olhos eram castanhos claros. Quando ele me viu, sorriu e me ajudou a ir até o carro.
— Olá, me chamo Romero Boyn e vou acompanhá-la por agora está bem? - Antes de me deixar responder ele prosseguiu. - Srta. Russell, o Sr. Clark a espera no cartório. Se estiver pronta, vamos?
Olhei para trás e pude ver que nem mesmo a Sra. Lina estava pronta para sair. Mordi meus lábios e relutantemente perguntei:
— Sra. Lina não irar comparecer juntamente com sua família?
Ela me olhou com desprezo e nojo, sorriu amargamente e disse:
— Já fiz minha parte, agora vá, seja uma ótima esposa ou…
Ela deixou aquele "ou" no ar, pois sabia que eu iria captar sua mensagem. Respirei pesadamente ao ver como não se importavam nem um pouco comigo, nem mesmo o suficiente para comparecer à cerimônia. Não que eu gostasse daquela família é claro, mas saber que nenhum iria me deixou desconfortável e desolada.
Mateo já não chegaria aqui a tempo por armação da Sra. Lina. John provavelmente nem gostaria de me ver a partir de hoje, então não havia ninguém.
O motorista notando meu olhar melancólico não pode deixar de perguntar se estava tudo bem.
— A senhorita tem certeza disso? - Ele perguntou sem rodeios.
Olhei para trás e vi a Sra. Lina entrando na mansão seguida de Rosa e os outros empregados, mostrando que eu não era nada para eles mais.
Suspirei e por fim afirmei com a cabeça.
— Podemos ir.
Ele olhou pelo retrovisor e concordou ligando o carro.
Quando chegamos ao cartório já eram 10:35, meu atraso já estava causando certos rumores de abandono no altar sobre alguns parentes do Sr. Clark. Minhas mãos estavam brancas e meu rosto pálido. O segurança me olhando de canto ficou meio nervoso pelo meu comportamento.
— Está tudo bem? Deseja mais tempo?
Neguei rapidamente com a cabeça e abri a porta. Todos instantaneamente olharam diretamente para mim com um largo sorriso no rosto. Alguns fotógrafos estavam por ali tirando fotos, quando me viram, se viraram e dispararam seus flash na minha direção. Romero me ajudou a passar por eles até chegarmos na porta do cartório.
Não havia muitas pessoas, mas os presentes estavam todos bem vestidos e aguardando ansiosos. Os que estavam ao lado de foram logo entraram e se acomodaram em seus lugares. Em minha frente estava uma senhora não muito velha, com seu vestido comprido na cor mostarda que valorizava sua pele morena. Seu cabelo estava preso de lado, lhe dando um ar de elegância. Ao olhar com aqueles olhos castanhos escuros, pude sentir sua antipatia de imediato.
— Não há relógios em sua antiga residência, a Srta. Russell? - Ela pergunta com um tom áspero.
Tentei sorrir para demonstrar que estava tudo bem, embora senti meu corpo todo estremecer.
— Desculpe-me pelo atraso - Falei me aproximando.
Um senhor não muito velho, estava do outro lado conversando com o juiz e um outro homem. O senhor era baixinho e careca, seu corpo era um pouco acima do peso e ele usava um terno cinza, camisa branca por baixo e uma gravata listrada. Ele dava gargalhadas de algo que o juiz lhe dizia.
O juiz por outro lado, era um senhor de idade, seus cabelos grisalhos estavam bagunçados. Ele por sua vez usava um terno preto, camiseta preta e uma gravata lisa cinza. Perto do outro homem, o juiz era menor.
O homem alto ao lado deles estava sério em seu terno azul marinho, camiseta branca e gravata preta. Sua postura era ereta, porém confiante e elegante, o que o deixava atraente, principalmente com aqueles olhos verdes. Seu cabelo louro estava em desordem, mas isso não o deixava menos charmoso. Pelos seus traços, podia julgar ter entre 27 a 28 anos. Apesar disso tudo, ele parecia ser bastante reservado e misterioso.
Quando me viu, apenas me olhou com desdém e murmurou algo para o juiz que logo arrumou sua postura seguida do senhor ao lado. Todos me olhavam fascinados, exceto esse homem.
— Bom dia, Srta. Russell! - O senhor me cumprimenta com um sorriso largo. - Venha, vamos começar!
Sem muita alternativa me aproximo deles um pouco sem jeito e abaixo a cabeça ao chegar pelo do homem elegante.
O juiz já estava prestes a começar o discurso quando o homem o interrompe.
— Apenas peça para que assine os papéis - Ele diz impaciente.
O juiz ficou sem graça, mas assentiu e pegou duas canetas na gaveta.
— Aqui senhor e senhorita - Ele me entrega uma caneta e outra deixa sobre a mesa. - É só assinar aqui e aqui… - Ele aponta para algumas partes do papel e eu assino com um pouco de dificuldades, já que minha mão não parava de tremer. — Eu vos declaro, marido e mulher. - o Juiz determina sem ao menos esperar pelo meu parceiro.
O senhor que havia me chamado antes se aproxima e por um breve momento entro em pânico achando ser ele quem seria meu marido, mas ele apenas se aproxima para me dar as boas vindas e quem assina é para a minha surpresa o homem elegante ao meu lado.
— Seja bem vinda a família Clark minha jovem! - Ele comenta muito feliz.
— Obrigado senhor. - Agradeço com um sorriso fraco.
— Sou Herbert Clark, pai de Brian - O senhor se apresenta olhando de canto para o homem elegante. - Brian meu filho, leve a senhorita aqui para jantar na mansão ao anoitecer, está bem?
O homem elegante que aparentemente se chamava Brian, não estava com uma feição muito boa, sua expressão era escura e sombria, principalmente depois de ter assinado os papéis. Ele olha para seu pai e concorda balançando a cabeça, em seguida saiu andando para fora do cartório.
Todos os convidados sai em seguida, alguns sussurrando o quanto Brian Clark era sortudo, outros o contrário. Por fim, a senhora que havia falado comigo minutos antes, se aproxima com seu olhar frio.
— Não me cause problemas, senhorita Russell - Ela diz friamente. - Meu bem, receio que esteja na hora de irmos - A senhora comenta se dirigindo ao Sr. Herbert - Gael deve chegar em breve na mansão e lhe prometi um almoço.
O Sr. Herbert franzi a sobrancelha por um momento.
— Lúcia, você vai estragar o Gael se continuar assim! - Ele resmungou olhando para a senhora.
— Meu bem é só um almoço, Gael merece depois do que fez não merece? - Ela diz sorrindo de canto, parecendo um pouco nervosa.
Depois de soltar um suspiro pesado, o Sr. Herbert concorda.
— Está bem, vamos...
Ambos saem do cartório me deixando sozinha apenas com o juiz. Confesso ter ficado perdida com tudo isso e não sabia o que tinha que fazer.
Olhei para o juiz algumas vezes, mas ele parecia ocupado.
E agora? Para onde eu vou?
Assim que me sinto perdida, o motorista, Romero Boyn, aparece ao meu lado.
— Srta. Clark, gostaria de me acompanhar até o carro? - Ele diz se curvando um pouco para a porta.
Arrumei meu vestido que estava um pouco amassado do lado e suspirei em alívio. Pelo menos não estava perdida agora.
— Tudo bem.
O acompanhei até o carro em silêncio. Nenhum dos convidados estavam por ali, aparentemente todos haviam ido embora, até mesmo os fotógrafos ( o que eu particularmente achei ótimo ). Nem mesmo meu mais novo marido se encontrava por ali.
Percebendo meus olhares em nossa volta, Romero diz:
— O Sr. Clark está a caminho de uma reunião, ele me deu ordens para acompanhá-la até a mansão.
— Certo. - Respondi me sentindo aliviada por não precisar estar com aquele homem por agora ou não saberia como reagir.
Vendo a porta do carro aberta, entrei instantaneamente e me ajeitei entre o banco enquanto Romero dá a volta para entrar pelo lado do motorista. Quando o carro é ligado, abaixei a cabeça sentindo meu peito doer.
Minha vida havia mudado drasticamente e o que mais me assustava era não saber nada sobre essa família. Eu havia me casado com um desconhecido, tudo bem que ele era até bonito, mas eu não o amava, não o conhecia, como isso poderia dar certo?
Mas agora já era tarde, não tinha como voltar atrás nem mesmo se eu quisesse. Seja lá o que o futuro me reserva, eu teria que ser forte e suportar pelo bem de meu irmão Mateo.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Jaqueline Alves
😐
2023-10-06
0
Lilian Nathallya França Brito
coloca fotos deles por favor autora
2023-02-09
0
Antônia Batista
casar pra fazer gosto dos outros e sofrimento para ela otaria
2022-06-16
0