capítulo 4

Olho para a mala no canto do meu quarto e respiro fundo, alongo meu pescoço e me preparo para contar para os meus pais.

Tento me preparar mentalmente pra isso, mas eu sei que não adianta nada, tudo que eles me falarem vai me machucar muito.

Fecho os olhos por alguns segundos e toco a minha barriga, tentando criar forças. Não dá pra adiar mais, eu preciso contar agora.

Saio do meu quarto e desço as escadas, meu pai está na sala assistindo tv e minha mãe está na cozinha como sempre.

Meu deus, estou muito nervosa.

—eu posso conversar com vocês?— pergunto em um tom que os dois conseguem me ouvir.

—o que foi Chloe?— minha mãe enxuga as mãos no pano de prato que ela sempre deixa em seu ombro e vira olhando pra mim com uma mão na cintura e a outra escorada na pia.

—pai eu também preciso conversar com você— falo um pouco mais alto para ele escutar.

—tem que ser agora? Estou assistindo um filme—

—tem que ser agora pai, é importante— começo a tremer um pouco, mas tento disfarçar.

Ele bufa e levanta do sofá vindo até a cozinha.

—fala Chloe, eu tenho mais o que fazer— minha mãe fala impaciente.

Meu coração acelera e sinto meu corpo todo gelado.

—eu estou grávida— falo rápido, sem explicação, sem nada, apenas falo.

Os dois arregalam os olhos e ficam me olhando sem falar nada.

Engulo em seco.

—o que!?— minha mãe diz segurando na pia. Será que ela vai desmaiar?

—você está brincando né Chloe?— meu pai perguntou ainda com os olhos arregalados.

—não pai, eu não estou brincando— digo baixo.

—isso é culpa sua— meu pai disse apontando pra minha mãe. —ela puxou o lado da sua família, que as mulheres são tudo put@s— ele começa a gritar e eu me encolho.

Minha mãe começa a rir.

—como você pode fazer isso com a gente Chloe?— minha mãe vem até mim e me dá um tapa no rosto. Meu rosto arde mas mesmo assim não passo a mão só fico parada sem fazer nada.

—você é uma vergonha pra nossa família— ela diz gritando.

Meus olhos enchem de água e sinto uma lágrima escorrer.

—você tinha era que ir na igreja— minha mãe continua falando. —isso não deve ser uma criança, deve ser o capet@ que tomou conta do seu corpo— meu pai não diz nada só fica me olhando.

Meu deus eles são loucos.

—eu nunca imaginei que minha filha seria uma put@— meu pai disse baixo.

Tentei segurar mas não consegui, comecei a chorar.

—eu não vou criar filho de ninguém e muito menos vou aceitar isso na minha casa— ela vem até mim e segura o meu rosto —você não põe o pé mais nessa casa, pode ir embora, porque eu nem consigo olhar na sua cara que me dá nojo— minha mãe diz até cuspindo e me solta apontando pra porta.

—só vou pegar minhas coisas— digo com a voz trêmula de choro.

—ótimo, quanto menos coisas que me faça lembrar você, é melhor—

Subo as escadas correndo, pego a minha mala e desço já indo direto pra porta, saio e alguém bate a porta logo a trás.

Eu não queria que eles passassem a mão na minha cabeça, eu só queria que eles me apoiassem. Vou até a rua e sento no meio fio.

Eu não sou nada disso que eles falaram, eu não sou.

Começo a chorar muito, coloco a mão na minha barriga e parece que isso me acalma saber que eu não estou completamente sozinha, eu ainda tenho o meu bebê, tenho a Emma e a Angel, elas sim são a minha família. Elas não vão me abandonar.

Pego o meu celular e ligo pra Angel.

“” —foi ruim ou péssimo?— Angel já atende o telefone perguntando.

—foi mais do que péssimo—falo baixo e fungo.

—ok, ok, você não está sozinha, já liguei pra Emma e eu já arrumei a minha mala, daqui a pouco estou aí—

—mas e seus pais?— pergunto preocupada.

—deixei um bilhete e acredite eles não vão sentir minha falta e nem ligar pra polícia, você já sabe porque—

—ta bom, estou te esperando então—

—já já chego aí—

Ela desliga o telefone e eu abraço o meu joelho.

Os pais da Angel são traficantes, ela me contou isso a um ano atrás, eles deixam ela com uma governanta e nem olham pra cara dela, então provavelmente eles não vão se importar dela seguir em frente. Na verdade eu acho que eles vão gostar, assim ela fica longe desse mundo.

Respiro fundo e percebo que eu não estou com medo ou me sentindo triste, eu estou me sentindo......aliviada. Como se um grande peso saísse das minhas costas.

Eu quero começar uma vida nova, em um lugar novo, com pessoas novas e uma vibe nova. Aqui eu só senti tristeza e solidão. Quero que meu filho cresça em um lugar feliz, então estou fazendo a coisa certa.

Tenho só 16 anos, mas já penso no meu futuro, no meu e do meu filho, eu vou lutar pra ser alguém na vida, eu preciso lutar pelo meu bebê.

Escuto passos e é a Angel, a casa dela não é muito longe da minha.

Ela chega me abraçando.

—você está bem?— ela me olha preocupada.

—estou sim. É estranho dizer que eu estou aliviada?— faço uma careta e ela ri.

—lógico que não, eu também estava doida pra ir embora, começar uma vida nova, só nós quatro— meus olhos encheram de água de novo, ela sempre lembra do meu bebê.

—eu estou ficando muito chorona— falo rindo.

—eu só não vou te zuar, porque são os hormônios, mas se fosse em qualquer outra situação, eu iria te zuar até a morte— começo a rir.

Ela pega o celular.

—vou chamar o táxi agora, eu não sei quanto vai ficar mas a Emma disse que se o dinheiro que eu tenho aqui não der, quando a gente chegar lá ela paga o resto pra gente—

—ta bom— sento de novo, ela chama o táxi e ficamos esperando ele chegar.

[...]

Acabamos de chegar na cidade em que a Emma mora, foram 7 horas de viagem. Eu não aguento mais ficar sentada.

Entramos no campus e eu fico encantada, como tudo é lindo. A Emma mora perto da universidade, então já deve estar perto.

O taxista para em frente a um apartamento bonito e diz que chegamos ao nosso destino, estou muito empolgada.

Angel paga o taxista e nós descemos, ainda bem que o dinheiro deu.

Pegamos nossas malas e paramos em frente ao prédio, respirei fundo e dei um grande sorriso sentindo a brisa quente no meu rosto.

—vida novaaaa— Angel diz sorrindo, batendo palma e dando pulinhos.

Pego o celular e ligo pra Emma.

“”—oi amor— ela diz me cumprimentando.

—oi amor, nós chegamos—

—aaaaaaa meu deus— ela grita e desliga o telefone.“” Começo a rir.

Esperamos um tempo e então ela aparece saindo do prédio correndo, ela me abraça tão forte que eu não consigo respirar.

—aiii como você está lindaa— ela diz toda animada e eu sinto vontade de chorar, eu estava com muita saudade dela.

—que saudade que eu estava de você— digo a abraçando de novo.

Ela e a Angel se cumprimentam dando gritinhos e pulinhos, o que me faz rir muito.

Ela vem até mim de novo e carinha a minha barriga.

—eu ainda não acredito que vou ser titia— ela diz com os olhos marejados, o que me dá mais vontade de chorar.

—pronto, outra que só chora— Angel diz revirando os olhos e nós rimos.

—vamos gente, vou mostrar o apartamento pra vocês— ela diz animada e nós a seguimos.

Passamos pela recepção, entramos no elevador e paramos no sexto andar no apartamento 32.

Ela abre a porta e eu não imaginava que seria um apartamento tão lindo e aconchegante.

•SALA•

Ela foi fazendo um tour mostrando todo o apartamento.

•COZINHA•

•BANHEIRO•

•LAVANDERIA•

•QUARTO DA EMMA•

E quando chegou no quarto em que eu e a Angel vamos ficar, fiquei completamente encantada.

•QUARTO DA CHLOE E DA ANGEL•

—eu decorei de um jeito que eu acho que combinaria com vocês duas— Emma dá um sorriso enorme e eu a abraço de novo.

—é perfeito. Obrigada por tudo Emma— digo emocionada.

—não precisa agradecer, mi casa, su casa— ela diz e começamos a rir.

Emma e Angel começam a conversar e eu vou até a janela do quarto, olho lá pra baixo e coloco a mão na minha barriga.

—aqui você vai ser feliz meu amor— digo em um sussurro —bem-vindo a sua nova casa— digo ainda sussurrando, deixando a brisa suave bater no meu rosto.

Enxugo uma lágrima que escorreu e dou um grande sorriso, me preparando para a nova vida.

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Comments

Rosa Campos

Rosa Campos

isso sim é uma verdadeira amizade 👏 amigas assim é raro!!!

2023-04-12

2

Denuzia Santos

Denuzia Santos

Estou amando 😍😍

2022-10-20

1

Adeline Ribeiro

Adeline Ribeiro

ai que lindo essa amizade delas

2022-09-11

0

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