Cap.1(Na Nave)
Aquela imensa luz me cegou de tal forma, que só sinto que estou sendo puxado pra cima. Seguro firme minha mochila pra não cair, pois tudo o que eu possuo de valor está dentro dela. Sinto uma pontada de dor no meu braço e o sangue escorre. O chifre da vaca deve ter me acertado, porque ela não parava de se debater.
Arthur
Se aquieta, Mimosa!
Quando finalmente pude colocar meus pés no chão, percebo que haviam vários animais confinados em uma espécie de sala com uma fraca iluminação. Tem água e comida pra eles.
Saio dali, andando devagar e observando os detalhes daquilo que parece ser uma nave que saiu de algum filme. Havia uma pequena janela no meio daquela coisa, então me aproximo para ver o que veria do lado de fora, e percebo que estávamos bem longe do solo e nos distanciando rápido.
Começo a ver as nuvens, e logo após estrelas, e quando me dou conta, estou vendo o planeta Terra se afastando na imensidão. Ou melhor, eu é que estou me distanciando cada vez mais dele. Agora a Terra está pequenininha, parecendo uma bolinha de gude.
Enquanto me desespero internamente, esbarro em um botão vermelho na parede, e luzes começam a piscar freneticamente, com um som ensurdecedor. Tento me esconder em algum lugar.
Robô
"ALERTA DE INTRUSOS! ALERTA DE INTRUSOS! ALERTA DE INTRUSOS!"
Uma voz robótica berra sem parar. Ah... Sua coisa idiota e fofoqueira, se tivesse uma cara, eu te dava um tapa. Desse jeito vão acabar me achando.
Encontro umas caixas empilhadas por perto e me enfio lá atrás. Se eu tiver sorte, ninguém vai me encontrar aqui, ou seja lá o que for o dono dessa nave. Seriam ETs verdes?
Meu coração dispara quando vejo uma porta se abrindo e adentrando na sala um homem muito alto, com quase 2 metros de altura, com uma arma de mira lazer na mão, procurando por algo, provavelmente EU.
Então eu penso comigo mesmo: "Vixe, agora eu tô Ferrado!"
Robô
"ALERTA DE INTRUSOS! ALERTA DE INTRUSOS! ALERTA DE INTRUSOS!"
Ouço os alarmes soarem, avisando que havia algum intruso por aqui. Aciono o piloto automático, pego minhas armas e saio em busca do tal. Irei matá-lo sem dó, nem piedade, pois ninguém invade minha nave desta maneira e sai impune.
Abro o compartimento onde se encontravam os animais, fruto de meu furto. Provavelmente o que ou seja lá quem for que esteje andando em minha nave, veio juntamente com eles por engano.
Saco a arma e desligo as luzes. Pois enxergamos muito bem na escuridão, o que para mim seria uma vantagem se o ser não enxergasse bem no escuro. Ouço um barulho detrás de algumas caixas e vou averiguar em silêncio.
Tem algo escondido ali e aquilo está tremendo, não sei se de frio ou de medo. Acendo as luzes novamente e miro na coisa, que se levanta num pulo quando me vê e começa a correr.
Dou voz de comando, mas nada daquilo parar. Corria como um animal perdido, prestes à ser abatido.
Então percebo do que se trata. É um macho humano do planeta Terra, que para em minha frente e me aponta uma barra de ferro.
Arthur
Fi-fique longe de mim!
Ele diz com voz e mãos trêmulas.
Dante
Calma. Podes abaixar isto, eu não irei lhe machucar.
Digo me aproximando dele, tentando ser o mais amigável possível e abaixando minha arma.
Arthur
N-não. O-o quê é você? Onde é que eu tô?
Aquela criatura fala apontando o ferro pro meu lado
É evidente que ele está com medo. O que é óbvio, pois está preso com um desconhecido e a esta altura, se encontra bem longe de seu planeta.
Noto que há um corte em seu braço. Possivelmente feito ao entrar na nave, pois o sangue tem cheiro de fresco.
Dante
Hey, deixe eu tratar deste seu ferimento.
Digo me aproximando e ele grita para eu não me aproximar, arremessando o objeto em mim. Pego com uma só mão e o entorto, jogando ao chão logo em seguida.
Ele fica imóvel quando vê a cena, e se desmancha em lágrimas. Com certeza o assustei com tal ato, mas não foi minha intenção.
Arthur
Não chega perto de mim. Eu não preciso de ajuda.
Ele murmura com a mão em cima do corte.
Pego ele no colo, e o levo até a enfermaria de minha nave. Ele começa a esbravejar e me dar socos nas costas, porém sua força é inútil contra a minha.
Arthur
Me solta seu troglodita gigante do espaço.
Ele diz esperneando. Como ele é irritante.
O coloco sentado na mesa e peço para que se aquiete. Fecho a porta e pego meu regenerador celular e aplico em seu braço.
Dante
Pronto, totalmente restaurado.
Ele olha pra mim, olha pro objeto em minha mão, e com o rosto confuso fala:
Arthur
-O-obrigado. Nossa. Não ficou nem cicatriz. À propósito, meu nome é Arthur.
Ele diz com mais calma, e pude notar que sua voz é suave e graciosa.
Falo guardando minha pequena máquina de cura em uma gaveta.
Arthur
Bom... DANTE, você poderia me levar de volta? Não quero saber o que ou de onde você é, não vou contar pra ninguém que EU vi um ET. Afinal, ninguém acreditaria. Então, só quero ir embora pra casa.
Ele fala descendo da mesa.
Dante
Não será possível, criatura. Não temos combustível o suficiente para voltar.
Ele começa a me estapear novamente.
Arthur
Você me trouxe pra cá por engano e agora não quer me levar de volta? Quem você pensa que é? Seu... Seu ladrão de meia tigela!
Dante
E o que VOCÊ estava fazendo naquela fazenda? Também estava roubando, não?
Arthur
Isso NÃO é da sua conta!
Ele fala gritando e me dando um chute na perna.
Como essa raça humana é agressiva.
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