Uma noite perfeita

Saio do prédio e vejo ele na porta do carro me esperando, ele estava tão lindo! Usava uma calça preta, blusa de mangas longas, enroladas até o cotovelo, sapatos sociais e a barba feita.

Assim que me aproximei ele nao deu nem boa noite, me puxou e me deu um beijo, nossa, que beijo!

Parecia ser certo aquele abraço, me sentia em casa, era uma sensação diferente, gostosa, como eu estava feliz e radiante por estar ali. Tentei não chegar às vias de fato, mas já era tarde, tinha que estar ali.

Guilherme - Você está perfeita, vendo você assim tenho logo vontade de jantar você não de irmos jantar.

- Vamos, tenho uma surpresa pra você. Pegou a minha mão e foi até o outro lado do carro abrir a porta para mim.

Camila - Não vai me falar o que é?

Guilherme - Não, você vai ver. E saímos.

Ele colocou MPB para escutarmos, pelo menos o gosto musical era parecido com o meu, até o momento não sabia de nada sobre ele.

Ele quebrou o gelo perguntando:

Guilherme - Me fale sobre você minha bonequinha, quero saber de tudo ao seu respeito.

Camila - Vou tentar ser breve fazendo um resumo, tenho vinte e dois anos, sou filha única, tenho pais maravilhosos, sou enfermeira como voce já sabe, em breve farei prova de residência em pediatria, eu amo trabalhar com crianças.

Pratico algumas atividades físicas especialmente musculação, muay thai, crossfit, surf e kite surf, não gosto de rotina e sou muito determinada quando quero algo.

Ele absorveu as informações e perguntou, e namorado? Você é tão linda, inteligente e interessante, deve ter muitos pretendentes atrás de você, como aquele almofadinha do André. O que você tem com ele?

Camila - Não tenho namorado, nem tenho a intenção de namorar, André é do mesmo ciclo de amizades, nos conhecemos a algum tempo. Ele sempre tentou algo a mais, mas nunca me despertou interesse, vejo ele mais como amigo mesmo.

E você? Estou sendo bombardeada de perguntas, parece até uma entrevista de emprego, falo sorrindo. Não sei nada ao seu respeito.

Guilherme - Terminei minha especialização em anestesia em SP tem uns vinte dias, não aguentava mais aquela cidade, Carlos e eu terminamos medicina juntos, ele me convidou para fazer parte da equipe dele, aceitei na hora, sempre nos demos muito bem, precisava começar e agora estou aqui.

- Tenho 29 anos, também sou filho único, minha mãe morreu em consequência de um câncer de mama tem uns cinco anos, da minha família só eu e meu pai, você deve conhecer, ele é médico também. Dr Edson Andrade, ultimamente não estamos na melhor fase de relacionamento, ele é meio prepotente e pensamos num pouco diferente.

- No dia que conheci você estava tendo um dia infernal, tinha acabado de sair de uma briga terrível com ele, aí toco aquela campainha, quando voce abriu aquela porta, com esse jeitinho meigo e mesmo de máscara, percebi o quanto ficou vermelha de vergonha quando comi você com os olhos. Não pensei mais em outra coisa.

Gosto muito do André, mas quando vi vocês dois juntos, deu vontade de matar ele de porrada, vocês pareciam tão bem, pensei que tinha perdido a oportunidade de conhecer você melhor, não queria que tivesse acabado ali naquele dia no estacionamento, você me deixou louco.

- Agora eu quem absorvia as informações.

Primeiro que estava saindo com o filho do meu chefe, dr Edson Andrade ele era dono daquele e de outros nove hospitais espalhados pelo Brasil.

- Depois me senti um pouco incomodada com aquele pensamento machista em relação ao André, e falei: vá com calma, acabamos de nos conhecer, não pertenco a ninguém. Gosto de ter minha liberdade, sem ter que dar satisfação a quem quer que seja, sou livre, independente e pretendo permanecer dessa forma.

Ele ficou calado por um tempo.

Guilherme - Isso é o que veremos minha bonequinha, é o que veremos, falou afirmando.

Olhou pra mim e sorriu, depois disse: fazia muito tempo que não me sentia tão bem quanto agora, obrigada. Segurou minha mão e ficou me alisando, eu já estava toda arrepiada.

O carro parou no sinal e ele veio distribuindo beijos em todo o meu braço, chegou no pescoço, ficou lá me cheirando, comecei a rir pois morro de cócegas, ele também riu e meu deu um selinho.

Camila - Aonde estamos indo? Já me sentindo a vontade a sua presença imponente.

Guilherme- Já te disse que é surpresa, só vamos aproveitar a noite e a presenca um do outro.

Camila - Aonde você mora?

Guilherme - Em um condomínio beira mar, estamos indo para lá, pedi um jantar em casa, para ficarmos mais a vontade.

Paramos em frente ao condomínio de luxo, fiquei encantada desde a entrada. Seguimos em frente e estacionamos em uma casa linda, estilo moderno toda cinza e preta.

Camila - Nossa, que casa linda você tem, mora mais alguém aqui?

Guilherme - Não, só eu e minha secretária. Vamos, vou preparar sua surpresa. Passamos na cozinha, pegamos duas taças e uma garrafa de vinho italiano caríssimo, ele pegou uma tábua de frios, e um violão.

Pediu pra esperar só um minuto, tirou a calça e colocou um short e uma sandália, pediu para eu tirar a minha e me deu uma também, já que íamos descer para praia. Saímos pela frente da casa e dei de cara com uma varanda incrível, com um deck de frente para o mar, a lua estava cheia, linda e o céu bem estrelado, como nunca tinha visto.

Ele esticou uma toalha no chão, sentou, abriu a garrafa de vinho, serviu as duas taças. Colocou o violão no colo e pediu para eu sentar de frente pra ele. Perguntou o que eu gostaria de ouvir, disse a ele que fizesse o seu melhor, e então ele começou...

Me apaixonei ali, desde a primeira música que ele tocou que foi "Amor Perfeito", ele acertou em cheio meu coração, como não me apaixonar?

Enquanto ele cantava, eu olhava encantada, colei minha boca na dele, nos beijavamos e cantávamos, ficamos assim por um longo período. Uma delicia, foi realmente inesquecível.

O vinho acabou, estava meio sonolenta e dengosa, encostei a cabeça no peito dele e ficamos olhando para o mar.

- Do nada ele me pediu obrigada mais uma vez, disse que nem lembrava a quanto tempo ele tinha uma noite tão especial e agradável, sendo ele mesmo. Então me chamou para entrar, estava ficando frio, apanhamos as coisas, dobramos a toalha, ele pegou a minha mão e entramos em casa... Estava chegando a hora.

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