Dominic se confunde, enquanto encara a mulher de olhar inocente. Seu semblante parece demonstrar que diz a verdade, mas os fatos que constam de seu dossiê são incontroversos.
Nina, de fato, esteve em seu quarto em uma noite há três anos em um cruzeiro do qual era anfitrião. Poucas são as lembranças daquela noite, mas diversas são as provas de que foi dopado a ponto de não agir de forma coerente, em um estado de torpeza e semiconsciência.
Ele se lembra do dourado dos cabelos e por anos a buscou até encontrá-la e sabê-la grávida meses após.
E ainda assim, ela insiste implorando pela verdade.
— Abortar? Nem mesmo coragem para isso teria, já que perderia dinheiro e qualquer vantagem que possa ter sobre sua irmã. Não é novidade para ninguém que mesmo a sua família não tolerou você!
— Deixe minha família longe disso! — O coração de Nina parece querer saltar, tamanha a raiva que sente em contra Dominic. — Se eu precisasse de um centavo sequer trabalharia. Se eu precisasse de ajuda para viver e a única fosse a sua, escolheria morrer sem pestanejar!
— Cale a boca!
— Você é vil e cruel, Dominic! Tomou-me sem pensar no que fazia, sem pensar que era contra minha vontade…Tenho nojo de você! Tenho asco de você! Prefiro morrer mil vezes do que aceitar uma moeda sua. Imagine ter um filho! Seria uma boa ação para qualquer criança deixar de nascer apenas para não conhecer você.
Dominic sente sua visão obscurecer e sua mão aquecer quando atinge o rosto da mulher. Seus fios loiros cobrem-lhe a face tamanho o movimento e Nina respira profundamente, sem se deixar abater.
— Você já tem a minha liberdade, já tomou o meu corpo e agora brinca com minhas emoções como se eu fosse uma peça de xadrez para você se divertir. Bem, Dominic, faça o que quiser, mas minha resposta ainda é a mesma: Eu não tenho um filho, eu não conheço você e a única verdade é essa: Você errou!
O mordomo solta um pigarro, tentando acalmar os ânimos exaltados de Dom e Nina. A mulher encontra-se com as faces coradas, raiva saltando-lhe os olhos, enquanto o olhar vidrado de raiva do CEO parece ter o poder de atravessar-lhe.
— Qual é o seu preço? — Ele insiste. — Eu pago o que for para ter meu filho de volta. Apenas diga, qual o seu preço?
— Você poderia me entregar toda a sua fortuna e ainda assim eu nada teria para lhe devolver.
— Senhor…
— Desgraçada!
— Senhor?
— O que é, Carson?
— O resultado do polígrafo. — O mordomo entrega em suas mãos a cópia do exame recém executado.
Verdade.
Ele sente o suor atingindo-lhe o rosto quando compreende que ela diz a verdade ao afirmar a cada segundo que não há criança.
— Senhor, provavelmente os investigadores envolvidos se equivocaram. — Carson se atreve a dizer.
— Eu disse!
— Impossível! Impossível que eu tenha cometido um erro.
A mente do CEO torna-se um perigoso labirinto ante o resultado que agora tem em mãos. A desconfiança sempre guiou sua vida, desde muito jovem e, por mais que lhe dissessem tratar-se de alguma paranóia, nada o demovia de suas certezas.
Mesmo agora, diante de um resultado que acreditava objetivo, compreende que o polígrafo se equivocou, seja por defeito técnico, seja pela brilhante capacidade da loira em enganá-lo.
— Você está enlouquecido, Dominic! Não vê!?
— Se há alguma loucura aqui é a sua, ao acreditar que irá embora livremente sem devolver o que é meu!
A mente do CEO repete uma e outra vez suas certezas e convicções, de um modo que apenas ele compreende e que Nina parece incapaz de alcançar. A jovem tem certeza da loucura de seu captor.
Ou até mesmo da sua própria.
Ele a empurra contra a poltrona e se retira atordoado do local, acomodando-se em seu quarto, no local em que sua sanidade encontra abrigo.
— Eu não estou equivocado! — Fala sozinho. — Eu nunca estive e qualquer pessoa sabe que a chance de um Byron errar é uma em um milhão!
O homem reclama consigo mesmo, mas não consegue afastar de sua mente os olhos enganosos de Nina, que ora demonstram medo, ora demonstram certeza e em ambos os momentos o confunde.
Ela não teve medo de entregar-se anos atrás ou dúvida sobre o que fazia.
Dominic se encara no espelho e esfrega o rosto, apenando-se para encontrar quais pontas deixou solta ou quais as formas que Nina encontrou de nublar-lhe a mente.
— Senhor, o que fazemos agora?
— Alimentem-na e preparem-na, pois eu mesmo farei com que fale.
— Como assim, senhor?
— Leve-a a borda e quando estiver desesperada, falará! Retire a comida, o banho e se possível até mesmo o sono. Pergunte até que ela chegue à beira da exaustão e quando se render, recomece!
— Senhor, a moça poderá até mesmo…
— Ela está proibida de morrer! — Vocifera. — Trate-a quando precisar e recomece quantas vezes forem necessárias. Eu preciso do meu filho!
— O senhor poderia soltá-la e ela guiar-nos até a criança, o que acha?
— Ela é esperta demais para cometer tamanha burrice. A criança deve estar longe do nosso alcance e Nina jamais se arriscaria perder a chance de obter dinheiro ou poder para ser melhor do que Dora.
— A família dela deve saber algo?
— Eles mesmos a desprezaram. Acha que iriam querer um bastardo sem nome?
— Se soubessem que é seu filho, talvez cooperassem.
— Se souberem que são parentes de um herdeiro Byron, virão como sanguessugas. Não, já basta. Que Nina assuma as consequências sozinha. É o suficiente!
Dominic segue na varanda de sua suíte, observando todo o seu domínio, o qual deseja entregar ao seu herdeiro ainda sem rosto, enquanto Nina encolhe-se na cama de seu quarto, questionando ao universo sobre a reviravolta que sofreu em sua vida.
Ela nasceu em um caminho de impiedade e agora sente-se entregue nas mãos do próprio diabo, que parece estar pronto para tomar-lhe tudo, casca por casca até não restar nada mais.
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Atualizado até capítulo 45
Comments
Riva Mendes
Aí hein, muda essa situação, ela está a falar a verdade e ele , pode mandar pra os quintos.
2022-02-23
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Algaci Leda Nunes Ribeiro
Estou com tanta raiva do Dominic
2022-02-14
1