Capítulo 5

Depois de almoçar com Kevin e Marie, tomamos café e continuamos conversando sobre nossos trabalhos. Depois, meus amigos partiram para seus apartamentos, para descansar e irmos juntos à festa de aniversário do meu irmão. Me deitei no sofá da sala, lendo alguns casos pendentes do meu trabalho, e acabei adormecendo sem perceber. Quando acordei, olhei ao redor, procurei meu celular, olhei as horas e já eram 18:00hs. Respirei fundo, pensando que deveria começar a me arrumar, já que Kevin e Marie passariam me buscar em uma hora e meia. Preparei um banho longo e relaxante. Ao sair, coloquei música alta no quarto enquanto escolhia minhas roupas e cantava e dançava. Encontrei um vestido preto, corte tipo A, um pouco acima dos meus joelhos, que deixava as costas bem à mostra, com sandálias de tiras prateadas amarradas nos tornozelos. Sentei em frente ao espelho e, enquanto cantava usando minha escova de cabelo como microfone, pensava em como arrumar meu cabelo. Decidi deixar solto, pois estava com leves ondas, e uma maquiagem leve, destacando um pouco meus olhos e apenas gloss nos lábios. Passou pela minha mente que estava simples demais para a festa de Theo, já que suas amigas e até minha própria irmã costumavam parecer bonecas perfeitas nesse tipo de evento. Estalei a língua e disse a mim mesma que a verdadeira beleza está na simplicidade. Às 19:40hs o interfone do meu apartamento tocou, eram meus amigos. Peguei meu telefone e minha bolsa pequena e desci para encontrá-los.

— Uau, Pequena, como você está linda!! Parece uma bonequinha colecionável — disse Kevin, que me esperava nos degraus da entrada do prédio.

— Você também não fica para trás, gato, está irresistível — eu disse sorrindo. Kevin usava calças sociais pretas com uma camisa da mesma cor, que se ajustava muito bem ao seu corpo modelado. — Mais de uma vai querer a atenção de um médico sexy essa noite — disse piscando para ele e caminhando em direção ao carro onde Marie nos esperava.

Kevin caminhava atrás de mim e ouvi sua risada sobre meu comentário.

— Eu não quero mais de uma, quero apenas uma, minha feiticeira vai aparecer — disse animado e confiante.

— Ah, por favor, Kev, você ainda acredita em magia e nos empalagosos contos de fadas? — disse zombeteiramente.

— Claro que sim, pequena, claro que sim. Apenas lembre-se de que "para cada botão há um casadoiro".

Rolei os olhos e abri a porta de trás para entrar no carro. Marie estava sentada na frente e eu pude ver que ela usava um vestido vermelho bem colado ao corpo. Embora tudo nela parecesse lindo e sexy, eu sabia que havia um esforço extra, já que ela estava apaixonada por Theo desde que éramos crianças.

— Como você está linda, amiga! Eu te vi caminhando e você não tem nada a invejar às top models! — ela disse virando a cabeça para mim com um grande sorriso.

— Obrigada, Marie, acho que estão exagerando um pouco. Ver— me de roupa social todo dia já virou rotina para eles — respondi dando pouca importância.

— De jeito nenhum — disse Kevin. — Você é muito bonita, só esconde tanto isso, que nem você deve saber o quão bem pode parecer — disse de forma amigável, começando a dirigir.

A viagem até a casa do meu pai, onde Theo ainda morava, levaria quase 20 minutos, já que era numa área residencial e muito exclusiva. Durante a viagem, cantamos como loucos as músicas de Maroon 5, rindo da maneira como mexíamos nossas cabeças e mãos dentro do carro.

Ao chegarmos, enquanto o carro passava pelo jardim, ao longo da entrada principal, vimos luzes nas árvores, mesas arrumadas no jardim com grandes toalhas e muitos carros estacionados, todos muito luxuosos.

— Uau, acho que deveríamos ter trazido seu carro, Pequena, estamos como os amigos pobres do anfitrião — disse Kevin enquanto se concentrava para estacionar.

— Nem isso, amigão, seríamos os amigos pobres da irmã do anfitrião — disse Marie em tom de zombaria.

— Vamos, pessoal! — eu disse animand0-os — Vocês sabem que nunca nem o Theo nem ninguém da minha família pensou isso, muito menos se interessou. Na verdade, eles os adoram — eu disse tentando soar o mais doce possível.

— Quem dera, Kev, que a Gaby o adorasse — disse a Marie rindo bastante.

A cara do Kevin estava completamente corada e ele só olhava para a Marie com vontade de assassiná-la.

— Kevin! Por que você nunca me contou?! Sério, a minha irmã?! Essa é a sua bruxinha? — perguntei totalmente surpresa.

Descemos do carro e, enquanto os três caminhávamos em direção à casa, ele me explicava pacientemente que há pouco tempo começou a olhar minha irmã de outra forma, mas que ainda não tinha tocado no assunto comigo porque tinha medo que eu me incomodasse.

— A única coisa que eu não gostaria é que nenhum de vocês dois sofresse, de resto eu estaria encantada! — eu disse, dando-lhe um sorriso reconfortante e apertando levemente a sua mão.

— E assim tudo fica em família, você com a Gaby, eu com o Theo, e a pequena seria nossa cunhada — disse Marie com um sorriso de sonho no rosto.

Kev e eu explodimos em risos, enquanto ela nos olhava atônita como se tivéssemos crescido chifres.

— Podem rir à vontade! Será assim mesmo! Já fiz meu desejo ao universo e ele está trabalhando nisso — ela disse seriamente, enquanto nós continuávamos rindo.

Chegamos onde estava toda a gente reunida, e eu procurava com o olhar o Theo, quando vejo meu pai se aproximando de mim com um sorriso radiante e os braços abertos. Caminhei até ele e ele me envolveu em seus braços, me levantando um pouco do chão e me fazendo girar no ar.

— Minha doce Anna, você veio! Como me faz feliz! Sabe que é pouco para este velho te ver apenas uma vez na semana, não é? — ele disse me colocando delicadamente no chão.

— Papai, falamos todos os dias, como se você não soubesse de mim há anos — eu disse bufando e revirando os olhos.

— Não seja tão ingrata, minha pequena, já estou velho e preciso de vocês sempre por mais tempo ao meu lado — ele disse com um olhar doce e compreensivo, depositando um beijo na minha testa.

Naquele momento, eu vi o Kevin e a Marie atrás de mim, e meu pai se aproximou deles para cumprimentá-los com um abraço carinhoso.

— Que prazer vê— los, pessoal! Já faz muito tempo que vocês não me visitam, embora desde que o Theo me disse que a Anna vinha, eu sabia que os três patetas estariam juntos — ele disse brincando e tapando as costas do Kevin.

— É um prazer vê-los, senhor, a verdade é que sentimos falta do senhor, Anna não nos convida com frequência — disse a Marie rindo alegremente.

— É que às vezes, com o trabalho, não temos tanto tempo quanto desejamos — o Kevin interrompeu em meu resgate, piscando cúmplice para mim.

— Tudo bem, pessoal, dessa vez vou fingir que é verdade — disse meu pai sorrindo — Agora, por favor, entrem, fiquem à vontade e aproveitem a festa, e você, Anna, vá procurar seu irmão, porque ele é um anfitrião bastante distraído — ele disse virando-se para cumprimentar outras pessoas.

— Acho que esta festa será memorável, até tem um palco para karaokê — disse o Kevin, olhando o lugar com as mãos nos bolsos.

Quando estávamos prestes a responder, um grito chegou aos meus ouvidos, na verdade, acho que chegou até o Alasca.

— Annaaa!!! Anitaaa!!! — gritava minha irmã, se aproximando apressadamente de nós, com um vestido vermelho bordô e os cabelos soltos. Ela realmente parecia espetacular.