Os anos passaram, agora com 11 anos, já na sexta série chegou a começar a escrever uma história sobre esse momento mágico, que não terminou, ficou somente no manuscrito, por várias vezes tentou sem sucesso inventar o resto da história, pois não conhecia o suficiente a história por parte dele, e existiam perguntas sem respostas, nunca conseguia passar dos dois primeiros capítulos, por não saber quem ele era?… Por que nunca mais o viu?… E… se ele havia sentido o mesmo que ela?… Quantos anos teria realmente?… e muitas mais que surgiam toda vez que tentava escrever.
Então carregava seus dois únicos capítulos, anexados dentro de seu fichário escondido, num bolsinho secreto que este tinha, junto de uma capa que havia desenhado, era seu manuscrito mais precioso.
Só que o bullying no colégio começou a ficar cada dia mais pesado, diariamente encontravam uma nova forma de humilhá-la ou machucá-la, e não queria que seus pais soubessem, pois tinha medo do que poderia acontecer se os seus colegas fossem descobertos; detalhe naquela época bullying não era crime.
Então para preservar esse manuscrito tão precioso, o manteve em segredo guardado em casa, pois aquele momento não queria dividir com ninguém e também não queria arriscar descobrirem esse seu tesouro e o destruírem, preferia ficar na ilusão de que um dia conheceria o anjo responsável, por escrever, e que conseguiria terminar seu livro e não queria que ninguém estragasse esse sonho.
No mês de julho, bem no dia de seu aniversário de 12 anos, foi obrigada a mudar de escola, pois a bandida do colégio, de nome Fátima, estava querendo espancá-la, e como Cássia na época sofria de asma e era menor que Fátima, ficou com medo. Tudo por causa dela, ter falado seu primeiro palavrão para a pessoa errada, mas também quem ia aguentar ficar quieto, com um puxão de cabelo que quase lhe quebra o pescoço? Fátima juntou seu bando para pegar Cássia na saída.
Mas antes do horário da saída, Cássia foi até o orelhão da escola tentar ligar para casa, mas o orelhão estava com defeito, então ela foi até a secretaria, e explicou a inspetora de alunos o que estava acontecendo e pediu para que ligasse, e explicasse para sua mãe o que estava ocorrendo, para que esta viesse buscá-la na saída.
Chegou o momento da saída, a mãe de Cássia havia ido buscá-la e a estava esperando na saída, e o bando da Fátima também, tinham uns que estavam até com pau, para bater em Cássia, sua mãe foi buscá-la dentro do colégio, pois Cássia estava tão amedrontada, que não tinha coragem de pôr o pé para fora da escola. Ao sair os colegas da Fátima ficaram falando:
— Deixa ela, tia.
— Nois vai pega ela.
— Sua **** deixa ela\, com a gente.
Chegaram a ameaçar bater na mãe de Cássia, se ela não a deixasse, só que seria um absurdo a própria mãe entregar a filha nas mãos de vândalos como aqueles, no que a mãe de Cássia disse:
— Vocês que venham, vocês são de menor, mas ninguém vai me prender se eu me defender e a minha filha.
Como eles viram que não ia ter jeito, eles foram fazendo uma última humilhação, que soa até hoje na lembrança, cantando, até a esquina da casa da Cássia:
— Au, Au, Au, a mãe da Cássia vende o xx por 1 real.
Tive que fazer uma pausa ao lembrar um momento tão pesado da minha vida, neste dia ganhei meu primeiro relógio, do meu pai, pois como eu havia dito era meu aniversário, mas aquele dia meu bolo tinha gosto de derrota, lágrimas, tristeza e humilhação… Peço desculpas mais uma vez a você caro leitor, mas como disse, algumas partes dessa história são reais, e seria muito fácil ir ao final feliz, mas que graça teria, se não conhecerem a história toda. Acredito que toda boa história, têm suas tempestades antes do final feliz, e que escritora eu seria se não escrevesse o que vai em meu coração.
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Atualizado até capítulo 25
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