3.

...Nathan Barone...

Era bom estar de volta a São Paulo. Eu sentia falta da minha cidade natal e dos amigos que havia deixado aqui ao partir. Felizmente estava tendo a oportunidade de voltar e quem sabe, de forma definitiva.

Os amigos de Isabella eram legais, até mesmo Caíque, que de inicio eu havia achado que era namorado dela pelo jeito íntimo entre os dois, mas durante a conversa eles falaram que na verdade Mel e Caíque tinham um rolo. Não que eu me preocupasse e que fosse da minha conta a vida de Isabella. Ela não era nada minha, somente melhor amiga da minha irmã.

Não sei se era coisa da minha cabeça, mas já havia achado que ela gostaria que fossemos algo a mais a alguns anos atrás. Eu sempre a achei linda e agora está mais ainda, porém nunca pensei em corresponder seus olhares até porque naquela época eu não queria nada sério com ninguém e não ficaria com ela sabendo que poderia magoa-lá e possivelmente abalar sua amizade com minha irmã, então eu me mantia o mais afastado possível pra ver se o que talvez ela sentisse por mim desaparecesse.

— A loira ali está te olhando. — Paulo me diz indicando a mulher a duas mesas da nossa.

Estávamos a um tempo no bar e o dia já estava virando noite.

Bem na hora que olho para ela, a mesma me encara também e sorri, resolvo retribuir, mas sem a intenção nenhuma de ter algo.

— Tem cara de que não presta. — ouço Bianca falar e vejo que ela se refere a loira. — Quero que você desencalhe, mas não com qualquer uma, bocó.

— Eu que deveria falar isso pra você. — digo e ela revira os olhos. — E eu nem estou interessado nela. — dou um gole na minha cerveja e vejo Isabella e Melissa se levantarem.

— Onde vocês vão? — Caíque questiona.

— Dançar, não vim pra ficar com a minha bunda colada nessa cadeira. — Mel o responde. — Você vem Bia?

— Sou um desastre dançando, prefiro olhar. Vão lá, se me der coragem eu vou. — minha irmã fala e eu concordo mentalmente. Bianca era boa em muitas coisas, mas dançar não era uma delas.

As duas assentem e caminham para onde haviam algumas pessoas dançando. Isabella ri com Melissa e começa a sambar maravilhosamente bem, grudo meus olhos em seus passos e no seu corpo mexendo ao ritmo da música, quase sem conseguir desviar.

— Minha morena é linda demais. — Caíque fala admirado e viro minha cabeça em sua direção, curioso com sua fala.

— Qual morena? — Paulo indaga. Talvez confuso como eu, já que Isabella e Melissa tinham os cabelos de tons escuros.

— A Mel. Isabella é linda também, mas é minha irmãzinha. — ele fala e me sinto aliviado, sem saber o motivo.

— Aí, maninho, por que você não investe na Isa? — Bianca me encara. — Além de ser linda, inteligente, gostosa e outras dezenas de qualidades, sabe dançar. A cunhada dos sonhos. — fico sem saber o que falar, então só tento repreendê-la.

- Bianca!

— O que? Menti em alguma qualidade?

Claro que não. Isabella era linda demais. Inteligência nem se fala, pelo que eu sabia, ela sempre foi a primeira da turma dela e sobre ser gostosa, não preciso comentar.

— Você tem que parar de querer que eu arranje alguém.

— Só se você parar de pegar no meu pé também. — ela me dá essa condição e eu respiro fundo. Seria muito difícil, eu era ciumento, não ia negar e não achava que os caras que Bianca se envolvia eram bons pra ela. Eu era homem e sabia bem que eles só queriam curtição.

— Ok, mas não sei até quando.

— Se você me encher, eu te encho também, combinado? — ela estende a mão pra mim e eu a aperto.

— Feito. — digo e Bia sorri satisfeita.

— Paulo, você mora sozinho? — minha irmã pergunta com interesse e  a olho indignado, não acredito que ela ia flertar com meu amigo e na minha frente.

Nego com a cabeça e volto meu olhar para Isabella, que na mesma hora me olha. Nos encaramos por alguns segundos até Melissa falar algo que a fez desviar o olhar. Elas conversam brevemente e Isabella sai dali, indo para algum lugar. Algo dentro de mim diz para que eu vá atrás, mas isso seria estranho, então permaneci aonde estava.

Fiquei olhando para o lugar onde ela tinha ido, a esperando voltar, mas isso demorou a acontecer, então segui minha intuição e resolvi ir atrás.

     Inventei que iria no banheiro e me encaminhei na mesma direção que ela tinho ido, que era o corredor dos banheiros.

Ouço uma voz masculina, seguida da voz baixa de Isabella. Entro no corredor e vejo um cara em frente a ela.

— Algum problema? — O cara se vira para me olhar e Isabella parece aliviada com minha presença.

— Não, estou só desenrolando com a morena aqui. — ele tenta tocar o rosto de Isabella, mas a mesma se afasta. — O que foi? Estava interessada antes desse cara chegar.

— Acho que está imaginando coisas. Com licença. — ela tenta passar, mas o filho da puta a impede.

— Você é surdo? — me aproximo dos dois e sinto o cheiro de álcool vindo do imbecil. — Deixe ela passar! — peço com o resto de paciência que me resta, mas ele não me ouve, então o empurro sem muita força e o vejo se desequilibrar e cair no chão, enquanto resmunga.

Isabella caminha até mim rapidamente e para do meu lado. Saimos dali e antes que pudéssemos chegar a parte mais movimentada, ela para e segura minha mão.

— Obrigado, Nathan. — fala em tom aliviado. Olho pra ela e percebo que estamos próximos demais. — Nem sei o que teria acontecido se você não tivesse chegado. — sussurra, parecendo nervosa com nossa proximidade.

    Minha respiração fica pesada e encaro seus lábios vermelhos tão próximos dos meus. Em um curto movimento eu poderia tê-los pra mim.

    Isabella me olha de forma intensa parecendo esperar que eu tomasse a atitude. Mas eu não podia fazer isso. Ela era melhor amiga da minha irmã e estavamos morando juntos, não valia um beijo e depois ficarmos em um clima estranho, sendo que nunca fomos tão próximos.

Fecho meus olhos esperando que o desejo de beija-lá desaparecesse e me afasto a contragosto. Ela me olha confusa e solta minha mão, voltando a caminhar. A sigo, fazendo com que cheguemos a mesa ao mesmo tempo e arrancando olhares desconfiados de nossos amigos.

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