Ela rezava por salvação. Ele respondeu com desejo.
A chuva caía fina e fria sobre os becos escuros do centro da cidade. Aurora apertava o terço contra o peito enquanto caminhava apressada. O hábito preto colava-se ao corpo pela água que escorria, e o véu mal cobria os fios castanhos que escapavam da touca. Era sua primeira vez fora do convento à noite, enviada para buscar medicamentos para uma irmã doente. Não imaginava que cruzaria o próprio inferno naquela esquina mal iluminada.
— Olha o que temos aqui… uma santinha. — disse o homem que surgiu das sombras, o hálito impregnado de álcool e malícia. Outro se juntou a ele, bloqueando a saída.
Ela recuou, engolindo o pânico.
— Por favor… eu só quero ir embora…
— Vai, vai sim… mas antes vai rezar pra mim, de joelhos. — o primeiro zombou, rindo enquanto segurava seu braço.
Aurora tentou gritar, mas uma mão suja abafou sua boca. Foi então que o som de passos pesados ecoou pelo beco, seguido pelo estalo seco de um disparo. Um dos agressores caiu de joelhos, urrando de dor. O outro, ao tentar correr, foi atingido por um chute brutal e desmaiou.
— Soltem. Agora. — A voz era grave, carregada de fúria contida.
Aurora olhou, trêmula, para o homem que acabou de salvar sua vida. Alto, barba por fazer, terno escuro impecável mesmo sob a chuva. Olhos como carvão em brasa. Um predador elegante.
Ele se aproximou e, ao ver o sangue escorrendo do pulso dela onde o agressor a agarrava, franziu o cenho.
— Você está bem?
Ela assentiu, engolindo o choro.
— Eu… eu sou freira.
Ele arqueou uma sobrancelha.
— Então é verdade que até os anjos andam pelas sombras.
O nome dele era Dante Bellucci, 38 anos, líder de uma das mais temidas famílias mafiosas do sul da Itália, agora radicado em Nova York. Naquela noite, ele a levou até sua cobertura para cuidar dos ferimentos. Disse que o hospital não era seguro. Ela estava em choque demais para resistir.
— O convento fica longe. Não posso deixá-la voltar agora, com essa aparência e no meio da madrugada. — Ele serviu um chá e observou o modo como ela tremia, encolhida no sofá.
— Por que me ajudou? — sussurrou Aurora.
— Não gosto de covardes. E… talvez porque você pareça uma miragem. Ou uma provocação divina.
Naquela noite, ela dormiu no quarto de hóspedes. Mas o calor de sua presença rondava o apartamento como uma oração proibida.
Nos dias que se seguiram, Dante insistiu em protegê-la. Ela tentou resistir à convivência, mas havia algo nele… uma intensidade que feria e curava. Ele a ouvia, a provocava, a fazia corar.
Na terceira noite, Aurora o encontrou no terraço, camisa parcialmente aberta, uma taça de vinho nas mãos. Ela estava de camisola, leve, simples, dada por ele. Mas transparente o suficiente sob a luz da lua para fazer os olhos dele escurecerem.
— Você acredita em tentações, irmã? — ele perguntou, a voz baixa como um sussurro de fogo.
Ela sentiu o corpo reagir, o coração martelar.
— Tentações… são testes de fé.
— Ou convites para o paraíso que te negaram. — ele respondeu, se aproximando — Posso mostrar um mundo que nenhum Deus poderia criar…
Quando os dedos dele tocaram o queixo dela, ela não recuou.
— Dante…
— Diga que vá embora, e eu juro que vou… — ele sussurrou junto à sua boca — Mas se me deixar beijar você agora… nunca mais serei santo. Nem vou deixar que seja santa.
Aurora fechou os olhos. Quando seus lábios se tocaram, foi como um trovão partindo o céu. Um beijo profundo, úmido, cheio de promessa e possessão. Ela gemeu baixinho, e isso foi o bastante para ele a carregar no colo até seu quarto.
— Eu nunca… — ela sussurrou entre beijos, ofegante.
— Eu sei. — Ele a deitou sobre a cama.— E por isso vou fazer você lembrar desse pecado pelo resto da vida.
Dante despiu-a com delicadeza brutal, saboreando cada centímetro do corpo virginal que tremia sob seus toques. A boca dele percorreu o pescoço, os seiøs, a barriga. Até que a língua encontrou o centro do prazer escondido entre as coxas trêmulas da freira arrependida.
Ela gemeu alto, como se estivesse chorando, e arqueou o corpo, suplicando sem palavras. Ele a penetrou com cuidado, mas firmeza. Aurora gritou, de dor e êxtase, e Dante segurou sua mão.
— Está comigo agora. Nunca mais estará sozinha.
Movia-se dentro dela como se estivesse marcando cada parte de sua alma. Beijava seus lábios como se redimisse seus próprios pecados.
Horas depois, ainda nos braços dele, Aurora chorava em silêncio.
— Acabei com a minha fé…
— Não. — ele disse, acariciando seu rosto — Só encontrou um novo altar. E nele, meu nome estará sempre.
— E se eu quisesse voltar? — sussurrou.
Ele a encarou, sério.
— Eu deixaria. Mas você precisa saber… que a partir de agora, cada oração sua terá meu nome escondido.
Ela riu, chorando.
— Eu ainda posso escolher?
Ele se ajoelhou ao lado da cama, segurando sua mão como num voto sagrado.
— Escolha. E se for por mim… me deixe te proteger para sempre. Casa comigo, Aurora. Não como esposa de um mafioso. Mas como a única mulher que me fez querer uma alma.
Ela sorriu, entre as lágrimas.
— Eu escolho você.