Lá no meio do mato, onde o vento assobiava e as folhas sussurravam histórias antigas, morava o Saci-Pererê. Esse danadinho de uma perna só, com seu gorro vermelho e cachimbo na boca, era o terror – e a diversão – dos fazendeiros e caipiras da região. Mas, sabia de uma coisa? O Saci não era só um bagunceiro. Ele tinha um monte de curiosidades que muita gente nem desconfiava.
O Saci adorava um redemoinho. Dizem que era dentro deles que ele aparecia, girando feito um pião maluco. Se você visse um redemoinho de poeira subindo pro céu, era sinal de que o Saci tava por perto. E olha só: se você gritasse "Saci, sai desse redemoinho!", ele aparecia na hora, cheio de truques na manga. Mas se você não tivesse um rosário ou uma peneira, ele podia pregar uma peça que você não ia esquecer tão cedo.
Ah, e o gorro vermelho? Pois é, aquele gorrinho não era só pra enfeitar. Diz a lenda que era nele que o Saci guardava seus poderes mágicos. Se alguém conseguisse roubar o gorro dele, o Saci ficava completamente perdido, sem saber o que fazer. Mas, convenhamos, pegar a carapuça do Saci era mais difícil que encontrar agulha no palheiro. O danado era ligeiro feito um raio!
Outra coisa que nem todo mundo sabe é que o Saci adora animais. Ele vivia fazendo amizade com os bichos da mata, especialmente os cavalos. À noite, ele pulava nas crinas dos cavalos e saía galopando pelos campos, deixando os pobres animais com as crinas todas embaraçadas. Por isso, quando um fazendeiro via o cavalo dele de crina trançada, já sabia: o Saci tinha passado por ali.
Mas não pense que o Saci era só bagunça. Não, de jeito nenhum. Ele também tinha um lado protetor. Dizem que ele cuidava das plantas e dos bichos da floresta, e se alguém tentasse derrubar uma árvore sem pedir licença, o Saci aparecia pra dar um susto no babaca. Às vezes, ele até fazia o machado sumir, só pra ensinar o canalha a respeitar a natureza.
E sabe como o Saci sumia quando tava encrencado? Ele virava uma brasa! Isso mesmo, uma brasa viva. Se alguém tentasse pegar ele, puf! Virava fogo e desaparecia no ar, deixando só um cheirinho de fumaça e uma risadinha ecoando no vento.
No fim das contas, o Saci era um misto de travessura e curiosidade e sabedoria. Ele lembrava todo mundo que a natureza tem seus segredos e que, às vezes, é bom parar, olhar pro redemoinho e se perguntar: "Será que o Saci tá aí, vendo a gente?"
Aliás, dizem que o Saci continua sua vida de pernas (ou melhor, de perna) pro ar, espalhando por aí histórias e deixando todo mundo de cabelo em pé – ou de crina embaraçada.