Eu vou contar uma história.. A história de um garotinho muito especial. Um garotinho que chegou no meio de um apocalipse, mas a história não começa aqui, vamos voltar um pouquinho.
Para antes do grande esfacelamento.
— Não esquece. — Do peru eu sei. — Dei um último selinho nos lábios de minha esposa antes de sair novamente para o trabalho.
Porque essa também é a história de um médico, que levava uma vida feliz e normal.
— Então você quer dizer que o seu crocodilo se chama croc? Esse é um ótimo nome para um crocodilo.
(...)
— Você vai sair daqui rapidinho, para aproveitar o dia lindo que está lá fora.
(...)
— Ela é a terceira melhor medica daqui, tô brincando.
(...)
— Deixa eu medir a sua temperatura, enquanto isso você pode me falar dos seus sintomas.
(...)
— Uh.. — Soltei um suspiro um pouco irritado por lembrar que não comprei o peru. — Que droga. — Você esqueceu né? — Eu compro amanhã.
(...)
— Eu te amo, tchau.
(...)
— Um pirulito.. Tchauzinho.
Mas não havia nada de normal no Flagelo.
— Entra. — Chamei uma das milhares pacientes que me esperavam do lado de fora daquele hospital.
E a vida, nunca mais seria normal de novo.
Cheguei mais perto de onde a antes citada estava descansando e pude ver seu dedo mindinho tremendo sem parar, isso é assustador.
— Isolem a sala.
(...)
𝑵𝒂̃𝒐 𝒗𝒆𝒎𝒐𝒔 𝒆𝒔𝒕𝒆 𝒕𝒊𝒑𝒐 𝒅𝒆 𝒄𝒂𝒐𝒔 𝒅𝒆𝒔𝒅𝒆 𝒂 𝒑𝒆𝒔𝒕𝒆 𝒏𝒆𝒈𝒓𝒂, 𝒐 𝒗𝒊́𝒓𝒖𝒔 𝑯5𝑮9 𝒋𝒂́ 𝒆́ 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒊𝒅𝒆𝒓𝒂𝒅𝒐 𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒎𝒐𝒓𝒕𝒂𝒍 𝒅𝒆 𝒕𝒐𝒅𝒐𝒔 𝒐𝒔 𝒕𝒆𝒎𝒑𝒐𝒔, 𝒆𝒍𝒆 𝒆𝒔𝒕𝒂́ 𝒂𝒒𝒖𝒊 𝒆𝒏𝒕𝒓𝒆 𝒏𝒐́𝒔 *@(!/@*!(
Foram as últimas coisas que escutei antes da tv parar de funcionar.
Mas enquanto o médico enfrentava todo o horror na cidade, um pai fugia para a natureza selvagem. Deixando todo mundo para trás.
𝑶 𝒏𝒖́𝒎𝒆𝒓𝒐 𝒅𝒆 𝒗𝒊́𝒕𝒊𝒎𝒂𝒔 𝒏𝒂 𝒄𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒏𝒂̃𝒐 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒅𝒆 𝒄𝒓𝒆𝒔𝒄𝒆𝒓, 𝒂𝒔 𝒂𝒖𝒕𝒐𝒓𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆𝒔..
— Hanny. — Chamei por minha esposa interrompendo o barulho da tv. — Hanny! Hanny! — Fui até nosso quarto para ver se a encontrava mas a única coisa que vi foram vários lenços espalhados pela cama.
Me virei para o corredor e me deparei com minha esposa sentada no chão com seus lenços em mãos chorando, quando ela se virou para mim pude notar seu rosto ficando estremamente avermelhado e suas olheiras cada vez mais escuras.
— Caramba. — Eu te ajudo. — Fui até a mesma segurando em suas mãos a ajudando a levantar. — Vamos para o carro.
Fechei a porta do carro bruscamente, estava um caos lá fora, minha mulher gritando de dor, policiais espalhados por toda a parte e pessoas tentando fugir daquilo tudo.
— Hanny, segura a minha mão, segura! Eu te amo tá bom? Eu te amo! — Comecei a dirigir o mais rápido que podia, fiquei me perguntando oque estava acontecendo exatamente? Como essa cidade pode ter virado um caos do dia pra noite?
Sai de meu transe quando vi um helicóptero pegando fogo cair perto do lugar onde eu estava. — Meu deus! Oque é isso?
Cheguei ao hospital e corri para dentro esbarrando em todo mundo enquanto carregava minha mulher. Finalmente chegamos ao elevador, me sentei no chão aliviado com ela ainda ao meu lado. — tudo bem, tudo bem.. Calma tá bom? — A mesma apenas concordou comigo e permaneceu em silêncio com sua cabeça encostada sobre meu peito.
Mas esse não era o fim da história deles.
(...)
— Com licença, o senhor é médico? — Uma das enfermeiras do local perguntou e eu acenei que sim com a cabeça. — Sou. — Acho que preciso da sua ajuda. — A encarei confuso e ela me levou até um corredor.
— Isso começou de manhã.
Enquanto o mundo mergulhava no caos, uma coisa incrível acontecia. Algo extraordinário.
Quando entrei em uma certa sala, me deparei com algo.. Incrível digamos, todas as crianças que estavam naquela sala não eram crianças normais, mas sim.. Híbridos, são como as chamam.
Não era possível saber que veio primeiro, o vírus, ou os híbridos. E essa questão se tornaria o maior mistério da nossa existência.
Essa é a história de um garotinho muito especial, um menino chamado Gus. Algumas histórias começam no início, a nossa, começa aqui..