Manhã, centro do vilarejo:
Estamos em Ravvun e hoje é Dia de Primatos, é quando aprendizes viram trabalhadores. E aqui estou eu, em pé sobre uma grande plataforma, que deve ser sagrada, eu acho. Bem, nunca prestei muita atenção nas aulas, os professores resmungões não nos davam qualquer atenção.
Vejo um grande monumento à minha frente, que acredito ser. Primatos. Era um homem que víamos diariamente num grande quadro, antes de nos ajoelharmos e ficarmos algum tempo em silêncio para o recordar. Primatos fundou esta aldeia e construiu-a inteiramente sozinho, aprendendo a trabalhar e construindo-a de ponta a ponta. - Vamos querida, é sua vez - disse Chica. Me empurrando para ir com pressa. - Estamos aqui para recordar os atos de Primatos, e seus próximos trabalhadores que darão continuidade a seu trabalho, do povo para o povo. - disse Gorgov o Sábio -, aproxima-te Eiva. E eu logo fui, e sentei a sua frente. - Após anos de aprendizado, tu servirás a Primatos. - disse Gorgov o Sábio. - Si... Sim?! - disse Eiva.- Trabalhando a tie ao teu próximo, para continuar os atos de Primatos. - disse Gorgov o Sábio. - E... Eu... - disse Eiva. - Por Primatos foste considerada mineradora, ao nascer no mês da mineração. - disse Gorgov o Sábio -, este trabalho, porém, não pode ser revogado. Eu não queria abandonar o ar puro para viver abaixo de cavernas. Eu sei que é pelo povo, mas, há tanta coisa que ainda não vivi, não pode acabar aqui! Isso não faz sentido!
Naquele momento foi como se meu corpo tivesse saído de mim, eu apenas corri desesperadamente para aonde meus olhos pudessem enxergar. Era ali não tinha mais para onde correr, a única opção era ir à floresta do fim.
A floresta de que todos têm medo. Como um domo que separa a floresta do exterior. Ainda criança, minha vó Chica me contava sobre essa floresta e como ela era uma benção dos deuses, para que Primatos pudesse construir a vila sem interferência de um poderoso mal que rondava a vila. Sempre achei essa história mal contada, mas não havia para onde ir, então adentrei a floresta sem olhar para trás.
Noite, floresta do fim:
Bom, seja qual fosse o medo que minha vó tinha de à floresta ser obscura e má, não eram verdades. Pois a mesma era idêntica ao que podia se ver do lado de fora. Já era noite na floresta, e eu estava muito cansada, então decidi me deitar ali mesmo.
Logo pela manhã escutei um "chuc chuc" seguido por fortes ventos que assopravam meu rosto. Quando abri meus olhinhos sonolentos, não podia acreditar no que via. Um animal branco peludo com manchas azuis pelo corpo, ele me cheirava como se estivesse vendo algo novo depois de muito tempo. Fiquei o mais parada que pude, mas não era como se ele quisesse me atacar.
Logo senti o chão tremer e uma nuvem de poeira subiu, não vi muito bem, mas parecia animais fugindo em bando de algum perigo.
O animal me carregou com toda pressa, para longe dali. Será que ele era fêmea? E seus instintos de mãe estavam a me proteger?
Quando ela finalmente me colocou no chão, alisei seu pelo, macio e fofo, pude ficar em paz.
Porém, algo ali não estava certo, um barulho estranho vinha da floresta com vários barulhos que soavam como "drisers... drisers… ". Não esperei, logo fui ver o que era e me surpreendi.
Eram vários bicho vermelhos, com pelos que davam arrepios e patas de aranha. Talvez aquele seria o mal que minha vó contou?
Bem, não fiquei ali para saber, corri, porém, não percebi que o animal ainda sem nome me seguia, então decidi nomeá-la de Plop.
Porém, se aqueles monstros realmente eram reais, tinha que contar para minha vó Chica.
A vila estava sendo invadida e não podíamos deixar isto acontecer.
Noite: Ravvun, casa de Chica:
Então fui escondida, e entrei pela janela da casa da minha vó.
- Netinha, oque está acontecendo? - disse Chica -, porque você fugiu do ritual?. - Vozinha não tenho tempo para explicar isso - disse Eiva. - O que aconteceu netinha? - disse Chica.
Contei o que havia acontecido, ela parecia já saber daquilo. Então a perguntei sobre o que havia realmente acontecido com a floresta.
Foi quando descobri o que mantinha à floresta protegida, era à esperança deles e sua força de vontade em ajudar mutualmente. E que o tempo passou e essa esperança foi acabando. Tanto que seus trabalhos haviam virado rotina, não era como se estivessem ajudando mutualmente.
- Minha netinha, antigamente esses monstros já existiam - disse Chica -, nossos antigos guerreiros lutavam contra eles e sua coragem fortalecia a floresta que os ajudava nas batalhas. Então foi aí que percebi por que o animal havia me salvado. A floresta ainda estava viva e de algum jeito me protegeu.
Ainda havia esperança, à floresta estava tentando se comunicar comigo. Foi aí que tive a ideia de reunir todos para lutarem contra este grande mal como antigamente.
Noite, centro de Ravvun:
Ainda era noite, mas eu não pude esperar como minha vó dizia eles sempre atacavam os monstros pela manhã, então por que não atacá-los à noite?
O palco para o dia de Primatos ainda estava montado, então aproveitei, e como era dia de Primatos ainda havia muita movimentação de pessoas pelo Centro da Vila.
Então não tive medo e gritei.
Povo de Ravvun, hoje estamos aqui reunidos para combater o mal que assola nossas terras. É hora de nos unirmos e lutarmos juntos, como nossos antepassados fizeram no passado. Lembrem-se que é a nossa fé e força de vontade que fortalece a nossa floresta. Não podemos mais nos esconder, chegou a hora de enfrentar essa ameaça. Sem medo, juntos somos mais fortes e podemos alcançar a liberdade. Vamos honrar nossos antepassados e provar que essa terra é nossa e que não deixaremos que esses monstros a tomem. Unidos por Ravvun, vamos à batalha!
E todos se encheram de ânimo e de ar e gritaram "POR RAVVUN!".
Logo a floresta que era escura e seca começou a ganhar vida. O esverdeado refletia toda sua luz. Era lindo!
Uma batalha épica começou, o povo confrontava os monstros. Até a vó Chica participou da luta com sua faca de mesa. Gritos e rugidos ecoavam pela floresta, enquanto espadas e lanças se chocavam com garras e presas. O sangue escorria e os corpos caíam, mas o povo lutou com coragem e determinação. No final, a vitória foi do povo, que expulsou os monstros de suas terras e celebrou a vitória com alegria e alívio. A guerra foi tão intensa que acabamos saindo da floresta sem perceber.
Porém, toda aquela felicidade tremeu, quando viu a face do grande monstro a sua frente. Era gigante, coberto de lama e cogumelos e fedia.
Não tinha olhos, porém nos enxergava.
O povo lutou. Apesar de seus esforços, o monstro parecia invencível. Chica, então, lembrou-se de uma estratégia corajosa.
Chica levantou-se diante do povo, sua voz embargada pelo medo, mas sua determinação inabalável. Ela sabia que seu sacrifício era necessário para salvar seus amigos e familiares, e ela estava disposta a fazer o que fosse preciso. Ela olhou para cada pessoa ali presente e disse com convicção: "Não deixem que minha morte seja em vão. Lutem, resistam e sobrevivam. Não importa o que aconteça, não desistam da vida. Nós somos mais fortes do que qualquer monstro ou inimigo que possa vir em nosso caminho. Eu vou para a morte com a cabeça erguida, sabendo que vocês vão continuar a lutar pela nossa liberdade e pela nossa sobrevivência. Eu amo todos vocês". Com essas palavras, Chica deu um passo à frente, pronta para enfrentar seu destino com coragem e heroísmo.
Eu não podia permitir que isso acontecesse.
- Não, Vó! - disse Eiva.
Mas ela já havia ido.
O monstro estava à lhe atacar, então eu e outros aldeões subimos em cima dele e descemos com a espada em sua pele o cortando de cima a baixo. O matando por completo.
O povo agradeceu a mim e homenageou Chica por seu sacrifício como uma heroína.
Manhã, colina da montanha:
5 anos depois...
Depois de muito pensar sobre o que aconteceu, decidimos não homenagear Primatos apenas Chica. Pois ele podia ter matado o monstro, mas não o fez, por seu grande medo. O medo não é uma coisa que apreciamos muito, mas sim a coragem e o heroísmo. Hoje em dia vivemos, em paz, e felizes. Na colina do vale, sempre recordando da minha vó Chica, nossa eterna heroína.
Que todos os sacrifícios por Ravvun e seu povo sejam lembrados eternamente.