Numa tarde tranquila, um velho homem de cabelos grisalhos encontra-se sentado na varanda do quintal de sua casa. Seus olhos contemplam o majestoso pé de acerola, que se encontra repleto de frutos vermelhos e suculentos. A cena é um convite à nostalgia e à reflexão.
Em breve, um jovem garoto, com aproximadamente 16 ou 17 anos, aproxima-se do velho homem e senta-se ao seu lado. O ar parece carregar uma atmosfera de cumplicidade entre eles.
— Como tem passado, irmão? Tem se alimentado adequadamente? - questiona o rapaz com ternura.
— Por que perguntas isso? - indaga o velho homem com um misto de curiosidade e desconfiança.
— Não posso me preocupar com meu irmão? Você sabe que me importo com você - responde o jovem, demonstrando afeto em suas palavras.
— Deixe de mentiras, você me vê todos os dias. - retruca o velho homem com um sorriso contido.
— Ah, mas isso não significa que eu não deva perguntar, não acha? - o rapaz replica com um leve tom de brincadeira.
— Chega dessa conversa repetitiva - o idoso interrompe, expressando uma mistura de cansaço e resignação.
— Desculpe, irmão. É que não tenho muitas novidades para contar, mas gosto de ouvir suas reclamações - admite o garoto, buscando amenizar o clima com um toque de humor.
— Mano, estive refletindo um pouco - o velho homem começa a falar, mudando o tom da conversa.
— Sim, compartilhe esses pensamentos comigo - o jovem responde com interesse, aguardando as palavras do irmão.
— Há quanto tempo você acha que este pé de acerola está aqui? - o idoso questiona, desviando o olhar para a árvore carregada de frutas.
— Hum... Acredito que ele tenha uns 97 anos - arrisca o jovem, levando a mão ao queixo em um gesto de pensamento.
O homem velho volta-se para o lado e observa seu irmão com um olhar suave e acolhedor. Naquele momento, compreende que tudo do passado já se foi, e não há mais razões para lágrimas ou arrependimentos.
Seu irmão sabe que ele carrega consigo a culpa por tudo o que aconteceu, mas ele já havia aceitado o perdão. Com um olhar melancólico e um sorriso terno, o jovem fala com uma voz cansada.
— Seu velho rabugento.
— O quê? - o velho homem responde, surpreso com a fala do irmão.
— Você sabe que eu já te perdoei, não é? - o jovem insiste, reafirmando seu amor e perdão.
— Eu sei, mas eu mesmo não consigo me perdoar, mano - admite o velho homem, sentindo o peso de suas próprias culpas.
— Mesmo com uma aparência envelhecida, você continua sendo meu amado irmão — afirma o jovem com ternura, transmitindo seu amor e afeto.
O velho homem é tocado pelas palavras do irmão mais novo. Um sorriso nostálgico surge em seu rosto, misturado com um brilho de gratidão nos olhos.
— Obrigado, meu querido irmão. Seu perdão é um presente valioso para mim. Você sempre foi generoso e compassivo. Saiba que eu te amo muito — responde o velho homem, sua voz carregada de emoção.
Enquanto o sol se põe, a conversa entre os dois continua. O velho homem e seu irmão compartilham memórias, risadas e reflexões.
— Esta será a última vez que venho te visitar, então cuide-se bem e alimente-se adequadamente, tá? - diz o jovem com satisfação.
— Certo, mano. - responde o velho homem com um sorriso gentil, aceitando a decisão.
O momento é interrompido pela chegada do neto do velho homem, que se aproxima e senta-se ao lado dele.
— Vovô, por que está sorrindo? - pergunta o neto, curioso.
— Estou sorrindo porque o pé de acerola está cheio de frutas deliciosas. Vamos poder fazer muito suco juntos! - responde o velho homem, compartilhando a alegria do momento com seu neto.