Amanhecendo em Paris
Ayla Soares
Consigo correr dos policiais que me perseguem pelas ruas do Rio de Janeiro e a primeira vez que roubei na vida a fome estava demais hoje e passei a mão na maçã do verdureiro e corri .
São três dias nas ruas e já estou passando por apuro , passo correndo em frente a um carro de luxo que freia para não bater em mim , os olhos do motorista fica em mim e ele parece um arabe com aqueles olhos pretos e um echarpe no pescoço com uma túnica branca que dá destaque a pele morena bronzeada.
_ Pega essa ladra!
O policial grita fazendo ele olhar na direção dos policiais.
Ainda bem que a rua está vazia e consigo entrar correndo em outra rua, em disparada e fujo das vistas dos meus perseguidores.
O Árabe deve pensar que roubei um celular, ele sabe como estrangeiro que no Brasil existe muito pivete.
No País dele não deve existir nem ladrão, ou fica sem a mão.
Arrisquei pegando aquela fruta, minha barriga dava um nó nas tripas de fome e agir por impulso.
Estou morando na rua, o que aconteceu comigo acontece em vários lares do Brasil , a mãe conhece um homem e ele começa olhar malicioso para filha novinha e a mãe expulsa a menina porta a fora, sem querer saber se vai passar apuros na rua.
Sempre fui uma ótima filha, obediente indo na igreja com minha mãe Maria Inês.
Quando meu pai era vivo, éramos felizes morando na Tijuca em uma casa boa .
Depois da morte do meu pai , minha mãe começou a usar short curto e top e começou a subir para o morro, pra ir em baile funk , continuei indo na igreja , mas fui expulsa por causa do comportamento da minha mãe.
Estava com 18 anos e tinha planos de continuar meus estudos.
Mas uma bela noite, ela chegou com aquele traste e da minha casa nunca mais saiu , ele sempre de olho em mim , comecei a usar calça por ter saído da igreja e jamais usava short ou saia .
Mesmo assim minha mãe mandou eu ir embora de casa.
A família do meu pai era do Nordeste e não tinha nenhum parente e minha mãe era do sul .
Ela era uma loura de olhos azuis e puxei ela na aparência, só na aparência mesmo, eu jamais aceito seu jeito pecaminoso de se comportar .
Nos dois primeiros dias consegui dormir em um abrigo e hoje preciso sair um pouco mais a noite e não sei se consigo chegar a tempo .
O bom no abrigo que dá pra tomar banho e com a mochila que carrego pra todo lado nas costas , tenho uma calça para trocar com uma blusa de malha.
Pego a maçã na mão e como foi roubada não consigo morder e matar minha fome.
Fico sentada no meio fio da rua olhando fixamente para a maçã .
O carro de luxo para na minha frente e abre a porta è o árabe que quase me atropelou .
_ Menina, você está bem?
Ele fala português com um sotaque estrangeiro.
_ Sim senhor , moço eu estava com fome e roubei esta maçã mas eu quero devolver.
Falei chorando , não aguentava mais correr é melhor ser presa lá pelo menos tem comida.
_ Qual seu nome, menina? Vem eu te levo.
Olhei para o desconhecido e fiquei pensando se ele quer me fazer mal , ele continuava sentado no carro.
_ Ayla Soares e o seu senhor ?
Não vou entrar em um carro sem ao menos saber o nome, se é que ele quer que entro no carro dele .
_ Pode entrar, não vou te fazer mau linda, meu nome è khalil sou árabe
, se você quiser pagar eu te levo .
_ Quero só devolver senhor , não tenho dinheiro para pagar.
Entrei no carro e deixei a mochila no colo e fui apontando qual era a rua da feira livre.
Desci do carro em frente ao verdureiro e entreguei pra ele .
_ Desculpa senhor, eu estava com fome por isso roubei a maçã .
_ Não precisa, pode ficar, aqueles guardas gostam de mostrar serviço , apesar que se tivesse me pedido tinha te dado.
_ Desculpa senhor , obrigado.
O Khalil tinha saído do carro e chamado um segurança que estava atrás do carro dele com um carro com mais um segurança. .
_ Paga esse senhor por todas as maçãs que tem na banca .
O segurança pegou tanto dinheiro na mão e entregou ao verdureiro que ficou até assustado.
_ Posso pegar algumas maçãs e pra comer mais tarde.
Aproveitei que o verdureiro me deu uma sacola e joguei umas dez maçãs e coloquei na mochila.
_ Eu já vou embora, obrigado pela ajuda senhor Kalil .
Comecei andar na direção contrária que estava seu carro.
_ Oi moça.
Parei de andar pra ouvir o que o árabe queria me falar.
_ Aceita jantar comigo? Estava indo para o restaurante , quando quase te atropelei.
Estava esperando encontrar um lugar tranquilo pra comer pelo menos três maçãs mas comer uma comida de verdade é melhor.
_ Se não for te atrapalhar senhor.
_ Khalil me chame pelo nome Ayla.
O segurança estava dirigindo o carro dele e saiu para ele entrar.
Primeiro ele abriu a porta pra mim e entrei no carro.
Estava tão simples, espero que não me leve a um restaurante chic .
_ Posso escolher o restaurante?
_ Sim Ayla , não conheço nenhum restaurante no Rio de Janeiro .
Pedir a ele para virar uma rua e chegamos em um restaurante que serve comida a kilo.
_ Já almocei aqui com meu pai , quando era vivo..
Entramos e deixei minha mochila pendurada na cadeira e lavei a mão na pia e ele me imitou sorrindo.
_ Pega o prato e coloca o que vai comer e depois è só pesar..
Colocamos arroz, feijão, carne, macarrão e salada.
Ele chama muito atenção com aqueles dois seguranças enormes na porta .
_ Manda seus seguranças se servirem .
Ele fez um sinal para eles e conversou em árabe e eles fizeram um bom prato e sentaram em outra mesa, mas continuam atentos ao patrão.
Sentamos a mesa e começamos a jantar ,tentava comer devagar mas dois dias comendo na janta uma sopa que servia no abrigo , aquela comida è um jantar dos Deuses.
_ Onde está sua família menina?
_ Meu pai morreu ano passado e minha mãe casou e tive que sair de casa .
_ Você fugiu de casa?
_ Eu tenho 18 anos, fui convidada a sair.
Continuei a comer já me sentindo satisfeita .
A garçonete vem perguntar o que queríamos beber.
_ Refrigerante .
Vou aproveitar, eu não sei que dia vou ter esta sorte de encontrar um homem tão bom na rua.
_ Você bebe bebida alcoólica?
_ Não , eu fui de uma religião que não tem costume de beber .
_ Eu como muçulmano também não bebo.
Tomei o refrigerante e olhei o relógio da parede do restaurante.
_ Preciso ir embora Khalil o abrigo que durmo vai fechar e não quero dormir na rua è perigoso.
Quando ia levantar ele segurou na minha mão e me fez sentar de novo.
_ Fica aqui e termina de jantar e dorme no meu hotel hoje.
_ Eu não vou dormir na sua cama!
_ Você vai dormir em outro quarto , não se preocupe.
_ Então tudo bem , eu aceito.
_ Agora eu quero saber porque foi convidada a sair de casa.
Contei a minha história da minha vida até aquele momento , não escondi nada dele.
_ Ayla você se converteria a religião Muçulmana?
Passou para uma cadeira do meu lado e pegou minha mão.
_ Eu estou de passagem no Rio de Janeiro e quando voltar ao meu país quero voltar casado com você.
_ Você não me conhece direito.
_ Sim, mas eu gostei dos seus valores è os mesmos meus .
_ Você tem que me ensinar como comportar na sua religião.
_ Pode deixar que te ensino , não muda muito da sua religião ,apenas tem que cobrir os cabelos e mostrar apenas para seu marido.
Estava com uma touca na cabeça cobrindo os cabelos longos e louros.
_ Porque não escolhe uma moça do seu país?
_ Minha família estava mesmo conversando com algumas família mas, quem escolhe sou eu.
_ Não vou aceitar que tenha outras esposas.
_ Vocês mulheres do Ocidente são muito ciumentas.
_ Vai me dizer que se eu casasse com outro homem você aceitaria.
_ Mas eu sou homem .
_ Se você não casar com outra mulher eu aceito, se não, pode ir embora e casa com uma esposa que sua família escolher.
_ Não vou deixar você Ayla solta sozinha pelas ruas e não se preocupe , vai ser minha única esposa .
_ Eu tenho só dezoito anos e podemos ter filhos mais pra frente?
_ Sim claro , quero levar minha mulher para conhecer o mundo inteiro.
Sorri e abaixei a cabeça sentindo vergonha.
_ Agora vai ficar envergonhada Ayla Soares .
_ Não tenho vergonha , só um pouquinho.
_ Qual è a cor do seu cabelos? Já sei a cor dos seus olhos.
_ Depois eu tiro a touca è um pouco grande.
_ Adoro mulheres de cabelos longos e namorado , já namorou?
_ Não , meu pai nunca deixou eu namorar..
_ Ainda bem , vamos então , vou comprar muita roupa pra minha noiva e cobrir você de ouro .
_ Princesa acorda .
Abrir os olhos devagar, quando ouvir a voz do meu marido.
Na janela do hotel a Torre Eiffel aparecia linda .
_ Não sou eu que devia buscar seu café.
_ Jamais, minha mulher vai ser tratada como uma princesa por mim , ontem a noite você estava perfeita.
Sorrir ficando vermelha pelas travessuras que fizemos na noite anterior.
Nosso casamento foi rápido e saímos do Brasil no jato particular do Khalil , ele é dono de poços de petróleo è mais rico do que imaginei .
Um pouco ciumento mas muito carinhoso.
Na nossa mansão nas arábias , ele que diz , vai ter uma festa de casamento quando chegarmos.
Estou aprendendo árabe e o meu professor é uma mulher claro.
_ Vamos deixar o café da manhã para depois que estou com saudades da minha mulher.
Beijo meu insaciável marido das arábias
Quem diria amanhecer em Paris nos braços do meu amor
Veralu