...Beatriz Alencar ...
Saio da sala de aula com a cabeça fervendo. Estudar Medicina é bem difícil, afinal qualquer erro meu pode custar a vida de alguém. Estou cansada, mas ao mesmo tempo sinto um alívio estranho por estar ocupada o suficiente para não pensar em certas coisas.
Seguro firme meus livros contra o peito e caminho para o estacionamento, onde sei que os seguranças já estão à minha espera. É irritante, mas inevitável. Depois de tudo que aconteceu com a nossa família, meu pai e meus irmãos não me deixam dar um passo sozinha.
— Senhorita Beatriz, aqui. — um dos seguranças levanta a mão quando me vê.
Sorrio de leve, mas antes que eu consiga alcançá-los, sinto um puxão no braço.
— Psiu… não grita. — uma voz grave, carregada de deboche, sussurra no meu ouvido.
Meu coração dispara. Viro o rosto rápido e vejo aqueles olhos escuros, frios, que eu nunca esquecerei. Ramón.
— O que você está fazendo aqui? — sussurro, tentando me soltar.
Ele sorri torto, a poucos centímetros do meu rosto.
— Vim ver você, princesa. Faz tempo que não conversamos, não acha?
Olho em volta desesperada. Os seguranças estão a poucos metros, mas não notaram nada. Ramón me arrasta com uma firmeza disfarçada, como se fosse um colega qualquer me acompanhando até o carro.
— Me solta! — digo entre dentes, forçando o braço.
— Shhh… — ele pressiona mais forte. — Não quer que seus guardinhas venham estragar nosso momento, né?
Meu estômago se revira. Ele me guia por trás de um bloco da faculdade, onde a visão dos seguranças não alcança. A cada passo, a sensação de perigo aumenta.
— Você não deveria estar aqui. — digo, tentando manter a calma.
— Ah, mas eu estou. — seus olhos me examinam como se pudesse me despir só com o olhar. — Seu pai e seus irmãos acham que podem te trancar numa redoma, mas você sabe que nada segura alguém como eu.
A raiva me toma, mas junto dela vem o medo, o fato de ele ter conseguido driblar os seguranças prova que continua perigoso.
— O que você quer? — pergunto, firme, mesmo com a garganta seca.
Ele se inclina, tão perto que sinto seu hálito quente.
— Só lembrar que você me deve uma conversa. E eu sempre cobro o que é meu.
Um frio percorre minha espinha. Respiro fundo, tentando pensar em como escapar sem chamar atenção.
Meus olhos vão até a ponta do corredor. Se eu gritar, os seguranças virão correndo. Mas Ramón parece prever cada pensamento meu, porque aperta ainda mais meu braço e sorri com aquela calma cruel.
— Se gritar, eu faço pior. — ele avisa. — E você sabe que eu cumpro minhas promessas.
Meu coração parece martelar dentro do peito. Ramón não está aqui por acaso, ele quer algo e sei que não vai desistir tão fácil.
Ramón me encara em silêncio por alguns segundos, como se pudesse ouvir cada batida descompassada do meu coração. Então, de repente, ele me puxa pela cintura com brutalidade e cola sua boca na minha.
— Ramón… não… — tento protestar, mas sua língua já invade minha boca, quente, conhecida.
Meu corpo reage antes da minha mente. Os músculos ficam tensos, depois cedem, e eu me odeio por isso. Ele foi o primeiro… o único. E, por mais que eu saiba que ele é errado, meu corpo se lembra dele melhor do que eu gostaria.
Suas mãos deslizam pela minha cintura até a curva do quadril, apertando com força. Um arrepio percorre minha espinha. Maldita memória corporal. Meu corpo reconhece o toque, e a umidade que sinto entre minhas pernas me faz querer chorar de raiva de mim mesma.
— Ainda é minha, princesa. — ele murmura contra meus lábios, mordendo de leve minha boca. — Eu sabia… seu corpo nunca mente.
Sinto o calor subir no rosto, não só de vergonha, mas de ódio de mim mesma. Empurro o peito dele com força, rompendo o beijo, respirando rápido.
— Cala a boca! — minha voz sai trêmula. — Eu não sou sua, não mais.
Ele sorri de canto, como se tivesse vencido.
— Pode enganar quem você quiser, Beatriz… mas não a mim. Eu sei o que esse olhar significa… e sei o que você sentiu agora.
A vontade de esbofeteá-lo toma conta de mim, mas meus dedos tremem demais para levantar a mão. Por dentro, estou dividida entre a repulsa e o desejo, e essa é a parte que mais me destrói: ter gostado.
Sinto as pernas trêmulas, a respiração curta, e a culpa queimando dentro de mim por estar molhada depois de um beijo que eu deveria ter recusado desde o primeiro segundo.
— Você é um desgraçado. — sussurro, com a voz embargada.
Ele sorri, satisfeito.
— E você ainda é minha fraqueza favorita, por você eu faria tudo meu amor.
— Eu já disse, se faria tudo, me deixa em paz então!
— Fica comigo Beatriz, eu deixo minha vingança de lado, deixo por você.
Não deveria, mas meu coração acelera ao ouvir isso.
Mas logo recobro minha consciência.
Que tipo de vida teria ao lado dele?!
— E que vida eu teria ao seu lado?
— Você sabe que seria muito feliz ao meu lado.
— Você é um fugitivo, não tem nada a me oferecer.
— Eu tenho e muito, você sabe, você sabe que nenhum outro vai se comparar a mim, eu sei te conduzir, eu sei do que você gosta e não estou falando só de s*xo.
— Vai pro inferno!
— Eu já estou nele, principalmente sem você.
— Você é um desgraçado!
Um barulho de passos ecoa pelo corredor. Os seguranças. Ramón percebe, solta meu braço e dá dois passos para trás, como se nada tivesse acontecido.
— Até breve, princesa. — diz antes de desaparecer entre os blocos da faculdade, deixando-me ofegante, trêmula e com um gosto amargo de desejo e culpa na boca.
Quando os passos dos seguranças se aproximam, eu me encosto na parede, tentando ajeitar o cabelo e recuperar o fôlego. Meus lábios ainda ardem, e por mais que eu os pressione com os dedos, não consigo apagar a sensação do beijo.
Me sinto suja!
Preciso de um banho.
— Senhorita Beatriz! — um dos homens da segurança surge. — Está tudo bem?
— Sim… — respondo rápido, baixo demais, limpando as lágrimas que não percebi que escorriam. — Eu só… precisava de um minuto sozinha.
Eles se entreolham, desconfiados, mas não fazem perguntas. Apenas me escoltam até o estacionamento, onde o carro já me espera. Tento andar firme, sem mostrar o quanto minhas pernas ainda tremem.
Fecho os olhos e respiro fundo. O cheiro dele ainda está em mim, impregnado como um veneno.
Droga.
Minhas mãos deslizam nervosas pela saia, apertando o tecido, tentando abafar a lembrança de como fiquei molhada só com o toque dele. A vergonha me corrói por dentro. Como posso sentir isso por alguém que me destruiu?
— Bea? — a voz de Alex me arranca dos pensamentos. Ele está encostado no carro ao lado, braços cruzados, me observando. — Aconteceu alguma coisa? Você tá estranha.
Sinto meu estômago revirar. Olho para ele e forço um sorriso.
— Só cansada, irmão. Aula puxada hoje.
Ele me encara por longos segundos, como se pudesse enxergar dentro de mim. O coração dispara. Por favor, não desconfie…
— Hm. — ele dá de ombros e abre a porta para mim.
— O que faz aqui?
— Estava passando aqui perto e vim te buscar. Vamos, nossos pais estão esperando para jantar.
Assinto em silêncio e entro no carro. Fico o caminho inteiro olhando pela janela, mordendo o lábio para não chorar.
Enquanto a cidade passa diante dos meus olhos, só consigo pensar no beijo, no toque, na forma como meu corpo traiu minha mente.
Ramón ainda é o único homem que me marcou de verdade… e isso me assusta mais do que qualquer ameaça dele.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 21
Comments
Veranice Zimmer Ferst
Que nojo dela que burra mesmo 😒 nossa ela é fraca demais credo que nojento ela mais parece uma cadela no cio que nojo dessa história ela não fala a verdade para a família dela tomara que ela sofra muito espero que ela seja usada como uma buta credo!!!
Tenho nojo dela agora 🤢🤢🤢🤢🤢🤢🤢🤢🤢🤢🤢🤢
2025-09-12
4
Charlotte Peson
Oooo Bea é dos malvados que agente gosta mais né kkkkkkk !!!!
2025-09-12
2
Charlotte Peson
Entendam a história da pessoa antes de criticar!! Ele sempre tratou ela com muito carinho e amor o intuito era a vingança contra a família dela e se apaixonou foi enganada sim, mas simplesmente não houve conflito amoroso é difícil para ela,ele foi o primeiro homem dela dar para ver que está lutando mas ele não facilita nada 😹!!!
2025-09-12
5