capítulo:4_ NINGUÉM QUE PRECISA SABER
Dorian
O corredor da mansão estava mergulhado em silêncio. O sol entrava pelas janelas, iluminando as partículas de poeira suspensas no ar, mas tudo parecia escuro diante da tensão que pairava entre os três.
O invasor mantinha a arma apontada para Katherine, a respiração ofegante, o suor descendo pelo rosto sob a máscara.
— Fica parado! — gritou, os olhos arregalados. — Eu atiro nela!
Dorian não se moveu. Seu olhar era fixo, firme, quase cruel.
— Não vai atirar. — Sua voz foi baixa, carregada de certeza.
Katherine
Katherine engoliu em seco, sem entender como aquele homem, que acabara de aparecer, podia falar com tanta convicção. O cano gelado da arma contra sua pele parecia desmentir cada palavra, mas a postura de Dorian transmitia algo inegável: controle.
— Está achando que é quem? — rugiu o ladrão. — Herói?
Dorian
Um meio sorriso curvou os lábios de Dorian.
— Não. — Ele inclinou levemente a cabeça. — Sou o pior pesadelo que você poderia encontrar hoje.
Katherine
O invasor recuou um passo, nervoso. Katherine aproveitou para respirar mais fundo, tentando manter a calma. Seus olhos, porém, não se desgrudavam de Dorian. Quem era aquele homem? Como havia entrado?
De repente, o ladrão empurrou Katherine contra a parede, mantendo-a como escudo humano.
— Um passo a mais e ela morre!
O impacto fez Katherine soltar um gemido baixo. Sua coluna bateu contra a parede fria, e a arma pressionou ainda mais sua têmpora.
Dorian
Dorian estreitou os olhos. O mundo ao redor dele pareceu se reduzir àquela cena: Katherine vulnerável, sob ameaça, e aquele verme ousando encostar nela. Algo em seu peito queimou.
— Última chance. — A voz de Dorian tornou-se ainda mais grave. — Solte-a.
— Vai me matar? — o ladrão riu, histérico. — Ela morre primeiro.
Dorian moveu-se. Não foi rápido — foi certeiro. O olhar dele se desviou para a pistola, calculando o ângulo, a força, a fraqueza do homem. Sua mão foi até o coldre sob o paletó.
Katherine prendeu a respiração.

Katherine
Tudo aconteceu em segundos.
O invasor pressionou o gatilho. Um estalo seco ecoou. Katherine gritou, fechando os olhos — mas o tiro não disparou.
Dorian já estava sobre ele.
Com um movimento brutal, segurou o braço do homem e o torceu para trás. O som de ossos estalando reverberou pelo corredor. O ladrão gritou, a arma caiu no chão e deslizou até os pés de Katherine.
— Pegue. — Dorian ordenou, sem sequer olhar para ela.
Atônita, Katherine abaixou-se e apanhou a pistola. Sentiu o peso frio nas mãos, os dedos tremendo.
O invasor tentou reagir, mas Dorian o imobilizou com a mesma facilidade que esmagaria um inseto. Ajoelhou o homem no chão, pressionando o braço torcido contra as costas dele.
— Pedi que soltasse. — Sua voz era baixa, ameaçadora, próxima ao ouvido do ladrão. — Agora vai implorar para que eu te deixe respirar.
— P-por favor… — o homem arfava, a dor evidente. — Eu… eu só queria…
Dorian aplicou mais pressão, fazendo-o gritar.
— Não interessa o que queria. Você ousou apontar uma arma para ela. — Ele lançou um olhar para Katherine, que ainda segurava a pistola com as duas mãos, os olhos arregalados, sem conseguir desviar dele. — Isso não tem perdão.
O ladrão gemeu, desesperado.
— Eu… eu falo quem mandou… só… não me mata!
Katherine piscou, surpresa. Quem mandou? Não era um simples assalto?
Dorian manteve o homem preso, o olhar frio e calculista.
— Então fale.
— Foi… foi… — o invasor hesitava, o corpo tremendo. — Um homem… me pagou… disse que havia algo de valor aqui…
— Nome. — Dorian pressionou ainda mais.
— Eu não sei! Só recebi o dinheiro! — gritou, quase em lágrimas.
Dorian
Dorian o soltou de repente, mas apenas para erguê-lo pelo colarinho. O invasor estava pálido, ofegante, o corpo em colapso pelo medo.
— Suma daqui antes que eu mude de ideia. — Dorian o empurrou com violência em direção à escada. — Se tentar voltar, não vai sair vivo.
Dorian
O homem tropeçou, correu desajeitado, desaparecendo pelo corredor em direção à porta lateral por onde havia entrado.
O silêncio retornou à mansão. Apenas a respiração pesada de Katherine e o passo firme de Dorian enchiam o espaço.
Katherine
Ela ainda segurava a pistola nas mãos, sem saber o que fazer. Olhou para ele, o peito subindo e descendo rapidamente.
— Quem… quem é você? — perguntou, a voz vacilante pela primeira vez.
Dorian
Dorian a fitou. O olhar escuro se suavizou por um instante, apenas o bastante para revelar algo além da frieza. Fascínio.
Ele se aproximou devagar, até estar a poucos passos dela. Tirou a arma de suas mãos com delicadeza, como quem pega algo precioso.
— Ninguém que você precise conhecer. — disse, com um meio sorriso sombrio.
Katherine
Katherine sentiu o coração disparar. O cheiro dele, a presença imponente, a forma como dominava o espaço… tudo a confundia. Não era medo puro. Era algo mais.
Dorian
Dorian recuou lentamente, os olhos ainda fixos nela.
— Mas nos veremos de novo, bonequinha. — A voz grave ecoou pelo corredor iluminado.
E antes que Katherine pudesse responder, ele já havia desaparecido pelo mesmo caminho silencioso por onde entrou, deixando-a sozinha, com a respiração acelerada e o coração em chamas.
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