O Portal para o Segundo Andar brilhava como um véu de água suspenso no ar, ondulando suavemente no centro da praça de Rokuren. Kaito esticou a mão, sentindo a superfície gelada do portal antes de atravessá-lo. Uma sensação de formigamento percorreu seu corpo, e em um piscar de olhos, o cenário mudou.
O Segundo Andar se estendia à sua frente — um deserto vasto e escaldante, com dunas douradas que se perdiam no horizonte sob um céu cor de laranja. O calor virtual era tão intenso que até o ar tremeluzia.
—"Pelo menos não sentimos fome ou sede de verdade," murmurou Lena, limpando a testa seca com o braço.
Airi ajustou a Lança do Vento nas costas, seu presente pela vitória contra o Rei Kobold. A arma tinha um brilho prateado e um efeito de vento cortante em cada golpe.
—"Não subestime o sistema. Se o jogo diz que estamos com calor, nosso cérebro vai acreditar," ela respondeu, olhando para Kaito, que inspecionava sua nova Espada de Ferro.
A lâmina era mais pesada que a inicial, mas o corte era limpo e preciso. Ele deu um giro experimental com a arma antes de embainhá-la.
—"Vamos. A cidade segura deve estar perto."
A Cidade de Areia de Hakaze era um oásis no meio do deserto, com paredes de pedra avermelhada e ruas cobertas por toldos coloridos que protegiam do sol. Jogadores se aglomeravam em torno de uma fonte central, onde um mercador NPC vendia poções de resistência ao calor.
—"Precisamos comprar algumas dessas," Mika sugeriu, segurando seu Pergaminho de Cura como se fosse um tesouro.
—"Com que dinheiro?" Duran cruzou os braços. "Gastamos tudo em equipamentos depois do último boss."
Foi então que uma voz rouca os interrompeu.
—"Se precisam de dinheiro, eu tenho um trabalho para vocês."
Um homem encapuzado, com uma cicatriz que ia da testa até o queixo, observava o grupo de dentro de um beco escuro.
—"Quem é você?" Kaito colocou a mão no punho da espada.
—"Chamem-me de Rashid. E tenho um problema com Escorpiões da Areia atacando minhas caravanas. Eliminem o ninho deles, e eu pago 5000$."
Airi levantou uma sobrancelha.
—"Por que não faz você mesmo?"
Rashid sorriu, revelando dentes manchados.
—"Porque o ninho fica dentro da Caverna da Perdição. E lá... coisas desaparecem."
A entrada da caverna era um buraco negro na lateral de um penhasco, como se a terra tivesse aberto um sorriso maligno. O ar dentro era frio e seco, contrastando com o calor do deserto.
—"Luz," Kaito ordenou, e Lena acendeu uma tocha virtual, iluminando as paredes cheias de runas antigas.
—"Isso não parece coisa de escorpiões," Mika sussurrou, apertando o cajado contra o peito.
Ela estava certa.
No chão, rastros de arrasto marcavam a poeira, como se algo — ou alguém — tivesse sido puxado para o fundo da caverna.
—"Fiquem alertas," Duran avisou, levantando seu escudo.
Eles avançaram até uma câmara ampla, onde dezenas de Escorpiões da Areia (nível 8) se aglomeravam em volta de uma pilha de equipamentos abandonados.
—"Loot de jogadores," Lena identificou, franzindo a testa. "Isso não é normal. Monstros não recolhem itens."
Antes que pudessem investigar, os escorpiões os atacaram.
A batalha foi rápida, mas estranha. Os escorpiões não atacavam de forma aleatória — eles miraram primeiro em Mika, como se soubessem que ela era a curandeira.
De volta a Hakaze, Mika se recuperava em uma cama de taverna, enquanto os outros se reuniam em volta de uma mesa.
—"Duran era um deles desde o início," Lena resmungou, esmagando um copo vazio em sua mão. "Ele nos levou lá para sermos roubados."
Kaito olhou para a Espada de Ferro sobre a mesa.
—"Não podemos confiar em ninguém facilmente. Não aqui."
Airi observou o movimento da cidade pela janela — jogadores rindo, bebendo, como se não estivessem presos em uma sentença de morte.
—"Mas também não podemos fazer isso sozinhos."
Ele concordou com um aceno.
—"Então encontramos aliados... mas verificamos cada palavra deles."
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Atualizado até capítulo 53
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