Agora, deixa eu abrir um pouco mais da minha história falando sobre ele… o homem que moldou quem eu sou.
(FABIO, 52 ANOS)
Meu pai, Fábio, nasceu com o mundo aos pés. Filho único do primeiro casamento do meu avô, cresceu cercado pelo cheiro da terra molhada dos campos de corrida e pelo aroma doce das uvas maduras — nosso haras e nossa vinícola. Essas duas paixões da família eram mais do que negócios: eram um império, e ele estava destinado a herdá-lo.
Mas o destino adora rir da palavra “destinado”.
Quando minha avó morreu, algo dentro dele quebrou. Aos dezoito anos, ao invés de assumir o que já era seu, ele largou tudo. Formou uma banda de rock e caiu na estrada, tocando em bares esfumaçados e vivendo de madrugada em madrugada. Meu avô, paciente e obstinado, segurava as rédeas do haras sozinho mesmo um pouco doente já.
Foram dois anos sem previsão de volta. E foi numa dessas viagens, entre um palco e outro, que meu pai conheceu uma mulher. Foi rápido. Intenso. Carregado daquele tipo de atração que não dá tempo para pensar em consequências. Foram apenas alguns dias juntos mas o suficiente para plantar uma sementinha, depois ele partiu para a próxima cidade. Quatro meses depois, uma ligação: ela estava grávida.
Aos 21 anos, Fábio se tornou pai de Emma.
Quando ela nasceu foi como um soco no estômago para voltar para a realidade, a banda já era a mesma coisa. Ele voltou para casa e, em pouco tempo, provou ao meu avô que era muito mais do que um filho rebelde. Inteligente e sagaz, assumiu o haras e a vinícola e enquanto Aloisio cuidava da parte burocrática.
Foi numa viagem de negócios que conheceu Alina. Uma única noite. Um deslize. Um segundo filho. Mas, ao contrário da mãe de Emma, Alina não procurou Fábio. Criou o menino sozinha, longe. Quem tinha ainda tinha contato com ela era a esposa de Aloisio que também nao abriu o bico sobre a criança, a pedido de Alina.
Anos se passaram. Aos 32, ele se tornou meu pai — dessa vez de forma planejada, amando minha mãe e me criando ao lado dela até meus quatro anos, quando a vida decidiu que seríamos só nós dois.
Ele me deu tudo: amor, proteção, princípios e a certeza de que eu era a menina mais sortuda do mundo.
Meu pai tinha 34 anos quando descobriu que meu avô, já um “velhinho safado”, tinha lhe dado dois irmãos. Um com dezoito anos hoje, outro com dezessete. Nenhum deles quis seguir no haras. Preferiram buscar seus próprios caminhos, mas herdaram outras propriedades da família.
O destino, mais uma vez, fez suas voltas. Quando Dominic, o filho que ele teve com Alina, já tinha quinze anos, a verdade veio à tona. Meu pai ficou furioso no início, mas a raiva deu lugar à compreensão. Entendeu por que Alina seguiu sozinha. Dominic tem hoje vinte e seis anos — e, mesmo sendo meu irmão, nunca fomos tão próximos igual ele é com Aiden. Ele sempre foi descolado demais, e eu sempre fui… eu.
A parte curiosa? Depois de tanto tempo, meu pai e Alina se reencontraram. E começaram algo quando eu tinha dezoito anos e se casaram no ano seguinte. A vida tem um senso de ironia afiado.
Agora que você já sabe de onde eu vim… a pergunta é: deixo a autora narrar minha história daqui para frente, ou assumo o volante e conto com as minhas próprias palavras?
Um beijo,
Helene
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Atualizado até capítulo 30
Comments
Jenny Ruiz Pérez
Escreva mais rapidinho!
2025-08-10
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