Capítulo 3: A Cela de Ouro

A corda era um nó de humilhação e dor. As fibras ásperas se cravaram em seus pulsos e tornozelos, e o aperto parecia sugar não apenas a circulação de suas mãos, mas também a sua última gota de liberdade. Rafaely se contorcia, puxava, lutava com cada fibra de seu ser, mas as amarras eram implacáveis. As feridas em sua pele, já secas e irritadas, eram uma lembrança constante da sua impotência. Seus músculos gritavam de exaustão, e a dor era uma presença constante, que sussurrava que sua luta era fútil. Em sua mente, o rosto de Marcel se repetia como uma imagem demoníaca: o sorriso cruel, os olhos frios, a promessa de que ela seria "domada". A raiva era o que a mantinha acordada, sua única fonte de energia contra o cansaço que a ameaçava engolir.

O tempo se tornou um conceito perdido. A luz que entrava pela janela pequena da cabana parecia a única maneira de medir as horas, mas ela não sabia se era a manhã, a tarde ou o crepúsculo. A fome era uma presença aguda, um buraco negro em seu estômago que parecia sugar toda a sua força. A sede era ainda pior, a garganta seca, as pálpebras pesadas. O medo era um companheiro silencioso, que se sentava ao lado dela na cadeira, sussurrando sobre o que Marcel faria, sobre o seu futuro incerto. Sua mente, antes um espaço de cores e criatividade, agora era um campo de batalha, onde a esperança e o desespero lutavam por cada centímetro.

"Não", ela sussurrava para si mesma, com a voz rouca e baixa. "Não vou desistir. Não vou me quebrar." Mas a sua boca estava tão seca que as palavras mal saíam. Ela tentou se concentrar em seu corpo, em seu coração que ainda batia com teimosia. Ela se lembrava do sol em seu rosto, da sensação da grama sob seus pés, do cheiro da liberdade. Essas memórias eram a sua última fortaleza, a sua última defesa contra o homem que queria roubá-las dela. Ela puxou as cordas mais uma vez, um grito silencioso de frustração escapando de seus lábios rachados. A dor a fez fechar os olhos. O mundo se tornou preto, e ela se rendeu, não ao seu captor, mas à exaustão física que seu corpo não podia mais suportar. A escuridão a engoliu, e o peso da derrota foi um alívio temporário.

A escuridão foi a sua única companhia por um tempo indefinido. A inconsciência foi um bálsamo temporário, uma fuga da dor e da realidade. Quando ela acordou, a primeira coisa que sentiu foi a estranheza. A madeira fria da cadeira tinha sido substituída por algo macio, e o chão duro, por algo ainda mais suave. Um cheiro de flores e sabonete caro, que era a antítese do cheiro de madeira e de poeira que impregnava a cabana. Ela abriu os olhos, com a mente ainda embaçada pelo sono e pelo cansaço.

O susto foi tão grande que ela quase se esqueceu da dor em seus pulsos. Ela não estava mais na cabana. Estava em um quarto. Não, aquilo era algo mais pessoal, mais imponente. O teto era alto, com um lustre de cristal que refletia a luz suave de uma luminária de cabeceira. As paredes eram cobertas com um papel de parede de seda em um tom suave de azul marinho, e uma cama enorme, com uma cabeceira entalhada em madeira escura, dominava o centro do cômodo. As colchas eram de um tecido macio e luxuoso, e uma poltrona de veludo verde, ao lado de uma mesa com um vaso de flores frescas, completava o cenário. O ambiente era um contraste gritante com a sua condição. Ela ainda estava amarrada.

O choque foi tão grande que Rafaely ficou paralisada por um instante. O tempo tinha passado, mas quanto? Horas? Dias? Como ela tinha chegado ali? A sua última lembrança era a dor e a escuridão. Ela sentiu uma pontada de pânico, e a fúria que a mantinha viva voltou com toda a força. Ela olhou para os seus pulsos, e a corda ainda estava lá. O terror se instalou em seu coração. Mesmo em um cenário de luxo, ela era uma prisioneira.

"Ele me moveu", ela pensou, sentindo uma onda de nojo. "Ele me tocou. Enquanto eu estava... inconsciente."

O pensamento fez sua pele se arrepiar de repulsa. Ele havia se aproveitado de sua fraqueza, de seu estado de inconsciência, para levá-la a um novo cenário de cativeiro. O controle dele era tão absoluto que ele podia movê-la de um lugar para outro, como se ela fosse uma peça de xadrez em seu tabuleiro de jogo perverso. Ela tentou se sentar, mas a corda ainda a mantinha presa à poltrona de veludo. A luta para se sentar era difícil, e ela se sentiu ainda mais fraca do que antes. A fome e a sede a estavam matando aos poucos.

O que ele queria? Qual era o propósito de todo esse luxo? Seria uma cela de ouro? Ele queria que ela se sentisse grata por ter um teto sobre a cabeça e um lugar macio para dormir, em troca de sua liberdade? A ideia a fez revirar o estômago. O luxo não a enganava. O ouro era apenas uma gaiola mais elaborada. A beleza daquele quarto era uma ironia cruel, um contraste grotesco com a sua alma aprisionada.

O som de uma chave na fechadura a fez prender a respiração. A porta do quarto se abriu, e um homem entrou. Não era Marcel. Era um homem alto, vestido com um terno preto, mas com uma expressão séria e profissional no rosto. Ele carregava uma bandeja com um prato de comida e um copo de água, e seus olhos mal olharam para Rafaely. Ele parecia um servo, um lacaio, mas o silêncio com que ele agia era assustador. Ele colocou a bandeja na mesa, olhou para ela por um instante, e então, sem dizer uma palavra, saiu do quarto, fechando a porta atrás de si com o mesmo som de chave.

Rafaely ficou olhando para a bandeja. O cheiro da comida era delicioso, mas ela não conseguia comer. A sua mente, antes um espaço de cores, agora estava cheia de perguntas e de um medo que ela nunca havia sentido antes. A sua vida, que antes era uma tela em branco, agora parecia ter sido pintada com a cor da obsessão e do perigo. Ela estava presa, mas a luta não havia terminado. A sua mente, a sua alma, ainda eram dela, e ela não permitiria que Marcel roubasse a sua última essência de liberdade.

Capítulos
1 Capítulo 1: O Vento e o Predador
2 Capítulo 2: O Propósito da Cela de Ouro
3 Capítulo 3: A Cela de Ouro
4 Capítulo 4: A Gaiola de Nova York
5 Capítulo 5: O Jantar com o Predador
6 Capítulo 6: O Segredo de Marcel
7 Capítulo 7: A Certidão de Propriedade
8 Capítulo 8: A Punição na Noite de Núpcias
9 Capítulo 9: O Julgamento do Predador
10 Capítulo 10: O Monólogo do Predador
11 Capítulo 11: O Fim da Luta
12 Capítulo 12: A Fuga Silenciosa
13 Capítulo 13: O Beijo da Traição
14 Capítulo 14: A Fuga Pela Noite
15 Capítulo 15: O Refúgio Inesperado
16 Capítulo 16: A Tempestade e o Refúgio
17 Capítulo 17: O Elo de Esperança
18 Capítulo 18: O Fim do Refúgio
19 Capítulo 19: O Confronto Final
20 Capítulo 20: O Olhar Gélido
21 Capítulo 21: O Preço da Esperança
22 Capítulo 22: O Caos e a Escolha Impossível
23 Capítulo 23: O Renascimento e a Obsessão
24 Capítulo 24: A Farsa da Submissão
25 Capítulo 25: A Máscara da Submissão
26 Capítulo 26: A Farsa da Sedução
27 Capítulo 27: A Senhora da Casa e a Dama da Noite
28 Capítulo 28: A Estratégia da Massagem
29 Capítulo 29: A Esperança e a Surpresa
30 capítulo: 30 A Sombra da Barbárie.
31 capítulo 31: A Caçada Começou
32 Capítulo 32: A Rainha e o Peão
33 capítulo 33: o segredo do escritório
34 Capítulo 34: A revelação do Sequestro e o Preço do amor proibido
Capítulos

Atualizado até capítulo 34

1
Capítulo 1: O Vento e o Predador
2
Capítulo 2: O Propósito da Cela de Ouro
3
Capítulo 3: A Cela de Ouro
4
Capítulo 4: A Gaiola de Nova York
5
Capítulo 5: O Jantar com o Predador
6
Capítulo 6: O Segredo de Marcel
7
Capítulo 7: A Certidão de Propriedade
8
Capítulo 8: A Punição na Noite de Núpcias
9
Capítulo 9: O Julgamento do Predador
10
Capítulo 10: O Monólogo do Predador
11
Capítulo 11: O Fim da Luta
12
Capítulo 12: A Fuga Silenciosa
13
Capítulo 13: O Beijo da Traição
14
Capítulo 14: A Fuga Pela Noite
15
Capítulo 15: O Refúgio Inesperado
16
Capítulo 16: A Tempestade e o Refúgio
17
Capítulo 17: O Elo de Esperança
18
Capítulo 18: O Fim do Refúgio
19
Capítulo 19: O Confronto Final
20
Capítulo 20: O Olhar Gélido
21
Capítulo 21: O Preço da Esperança
22
Capítulo 22: O Caos e a Escolha Impossível
23
Capítulo 23: O Renascimento e a Obsessão
24
Capítulo 24: A Farsa da Submissão
25
Capítulo 25: A Máscara da Submissão
26
Capítulo 26: A Farsa da Sedução
27
Capítulo 27: A Senhora da Casa e a Dama da Noite
28
Capítulo 28: A Estratégia da Massagem
29
Capítulo 29: A Esperança e a Surpresa
30
capítulo: 30 A Sombra da Barbárie.
31
capítulo 31: A Caçada Começou
32
Capítulo 32: A Rainha e o Peão
33
capítulo 33: o segredo do escritório
34
Capítulo 34: A revelação do Sequestro e o Preço do amor proibido

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