Dois Corações e um Destino
05
Capítulo 5 — Manual do Casal Falso em Jantar Real
A ideia não foi deles, claro.
Foi da Lívia, que já estava montando um álbum mental chamado “Meus Amigos Gays Favoritos”, e do Zeca, que só queria uma desculpa pra beber vinho e fazer fofoca. Em menos de 24 horas, um jantar de casais estava armado.
Na casa da Dani e da Carol, um casal real que fazia questão de dizer "meu amor" a cada três frases — o que deixava tudo mais ainda mais desconfortável para o casal fake do mês.
Rafa tentou desistir, claro. Mas Caique respondeu:
caique
— Você já mentiu pra sua mãe, pra sua avó e pra dois grupos do WhatsApp. Agora aguenta, mozão.
E foi assim que, às 20h em ponto, eles chegaram de mãos dadas na casa da Dani.
Literalmente de mãos dadas.
rafa
— Por que você tá suando tanto? — murmurou Rafa, tentando soltar a mão.
caique
— Emoção. Ou nervoso. Ou porque você aperta que nem um alicate.
Dany abriu a porta sorrindo e gritou:
Cinco segundos depois, já estavam no sofá, com duas taças de vinho e um interrogatório social iniciado.— Quando foi o primeiro beijo?
— Quem deu em cima de quem?
— Já pensaram em viajar juntos?
— Qual o signo de vocês?
Caique, claro, improvisava com uma tranquilidade irritante:
caique
— O primeiro beijo foi quando ele derrubou café em mim. Foi quente, em todos os sentidos.
— Ele caiu na minha DM, mas finge que não.
— Viagem? Pretendemos. Noronha que nos aguarde.
— Eu sou leão. Ele é virginiano. Ou seja, drama com controle.
Rafa estava paralisado. Apenas sorria e acenava, como quem foi abduzido por alienígenas.
Durante o jantar, o caos se intensificou.
Carol serviu risoto de cogumelo, Dani colocou música ambiente, e Lívia tirava fotos escondidas do casal fake com a legenda “o amor venceu 💕”.
dany
— Vocês se olham de um jeito tão fofo — comentou Dani. — Até parecem de verdade
Rafa olhou pra Caique. Caique devolveu o olhar… e pela primeira vez, não tinha piada.
A mesa ficou um pouco silenciosa por um momento. Justo o bastante pra Rafa perceber que o coração dele estava… acelerado?
Pânico. Puro pânico.
Ele levantou de repente.
Foi pra varanda, sentou no banquinho e encarou o céu. Que droga tava acontecendo? Aquilo era só fingimento, certo? Certo?
caique
Caique apareceu minutos depois e sentou ao lado.
— Tá tudo bem?
rafa
— Eu tô ficando confuso — Rafa disse, sem olhar. — Isso era pra ser só uma mentira. Mas agora parece que todo mundo acredita. Até você parece que acredita.
Caique ficou em silêncio. Depois riu baixinho:
rafa
— Talvez eu esteja acreditando um pouco.
rafa
Rafa virou pra ele, o rosto uma mistura de medo e curiosidade.
— E você?
caique
— Talvez — Caique respondeu. — Mas se você quiser, eu paro. A gente pode voltar a ser só colegas de apê amanhã.
rafa
Rafa hesitou. Depois sorriu.
— Amanhã.
caique
E ficaram ali. No silêncio. Um pouco perto demais. Um pouco tempo demais.
Comments