Cap 2: Um Toque de Coragem

O sol da manhã banhava a mansão Albuquerque com uma luz dourada, infiltrando-se pelas cortinas de linho do salão de jantar. Violeta arrumava a mesa para o café da manhã, alinhando os talheres de prata com uma precisão que escondia o turbilhão em seu peito. Desde o breve encontro de olhares com Erick no dia anterior, ela não conseguia parar de pensar nele. Cada gesto, cada palavra casual que ele dizia, parecia ganhar um peso que a fazia questionar sua própria sanidade. “É só um olhar”, repetia a si mesma, tentando apagar a esperança que insistia em crescer.

Na cozinha, Dona Rosa cortava frutas com a eficiência de anos de prática, mas seus olhos vigilantes não deixavam Violeta. — Você tá quieta demais hoje, menina. Tá tudo bem? — perguntou, o tom carregado de uma preocupação que Violeta conhecia bem.

— Tô sim, mãe. Só pensando no trabalho — respondeu Violeta, forçando um sorriso. Ela sabia que a mãe desconfiava de algo, mas não ousaria confessar o que sentia. Não ainda.

Enquanto isso, Erick descia as escadas, o cabelo ainda úmido do banho, vestindo uma camisa social azul que destacava seus olhos verdes. Ele entrou no salão de jantar e, por um instante, seus olhos cruzaram com os de Violeta novamente. Dessa vez, ela não desviou o olhar tão rápido. Havia algo diferente nela hoje — uma ousadia sutil, como se estivesse testando os limites de sua própria coragem. Erick hesitou, sentindo um leve desconforto, não por ela, mas pela sensação estranha que aquele olhar provocava.

— Bom dia, Violeta — disse ele, quase por reflexo, surpreendendo a si mesmo. Era raro ele dirigir-se diretamente a ela.

Violeta congelou por um segundo, o coração disparando. — Bom dia, senhor Erick — respondeu, a voz quase um sussurro, enquanto colocava a jarra de suco na mesa. O “senhor” soava forçado, um lembrete da distância que os separava, mas o tom dela carregava uma suavidade que fez Erick inclinar a cabeça, curioso.

Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, Dona Karen entrou no salão, o perfume caro precedendo sua presença. — Erick, você já revisou os papéis do contrato com os Martins? Não quero que nada saia errado hoje à noite — disse ela, sem nem ao menos notar Violeta, que se afastou discretamente para o canto da sala.

— Já está tudo sob controle, mãe — respondeu Erick, com um tom que misturava paciência e exaustão. Ele pegou um croissant da bandeja e se sentou, mas seus olhos, por um momento, seguiram Violeta enquanto ela saía para buscar mais guardanapos. Ele não sabia por que estava prestando atenção nela. Talvez fosse a maneira como ela se movia, com uma graça silenciosa, ou o jeito como seus olhos pareciam guardar histórias que ele nunca se preocupara em conhecer.

Na cozinha, Violeta apoiou as mãos na bancada, respirando fundo. — Meu Deus, o que tá acontecendo comigo? — murmurou para si mesma. A troca de palavras com Erick, por mais banal que fosse, parecia um terremoto em seu mundo. Ela sabia que era perigoso alimentar aqueles sentimentos, mas o coração não obedecia à razão.

Enquanto isso, no salão, Karen continuava falando sobre o jantar com os Martins, mas Erick estava apenas meio presente. Sua mente voltava àquele instante com Violeta. Havia algo nela que ele não conseguia definir — uma mistura de força e vulnerabilidade que o intrigava. Ele balançou a cabeça, tentando afastar o pensamento. “É só a filha da empregada”, disse a si mesmo, mas a frase soava vazia.

Mais tarde, no jardim dos fundos, Violeta varria as folhas caídas perto da piscina, um dos poucos momentos em que podia respirar sem sentir o peso da mansão. Ela ouviu passos e, ao virar, viu Erick se aproximando, com um copo de café na mão. Ele parecia descontraído, mas havia uma curiosidade em seu olhar.

— Você sempre trabalha tanto assim? — perguntou ele, quase como se quisesse preencher o silêncio.

Violeta parou, surpresa com a pergunta. — É o que faço, senhor Erick. Alguém precisa manter isso aqui em ordem — respondeu, com um leve sorriso que escondia o nervosismo.

Ele riu, um som leve que a fez corar. — É, acho que sim. Mas você já pensou em fazer outra coisa? Algo... sei lá, maior?

A pergunta pegou Violeta desprevenida. Ninguém nunca havia perguntado sobre seus sonhos. Ela hesitou, segurando a vassoura com mais força. — Às vezes. Mas a vida não é tão simples assim, né?

Erick a olhou por um momento, como se tentasse enxergar além das palavras. — Talvez não — disse, antes de tomar um gole de café e se afastar, deixando Violeta com o coração acelerado e uma pergunta que ecoava em sua mente: por que ele estava falando com ela?

Naquele instante, escondida atrás de uma das janelas do segundo andar, Dona Karen observava a cena. Seus lábios se apertaram em uma linha fina. Ela não sabia o que estava acontecendo, mas algo naquela interação a incomodava. Por enquanto, era apenas uma sombra de desconfiança. Mas Karen nunca deixava nada passar despercebido.

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