Capítulo 4

Pietro

Voltei para a sala de espera e minha tia estava me aguardando para me dar a chave de seu consultório, onde tem um sofá confortável e um banheiro caso precise. Lhe agradeci pegando as chaves e fui para o terceiro andar onde fica a oncologia. Juro que se eu pudesse trocar de lugar com minha mulher, trocaria sem pensar duas vezes e sei que ela faria o mesmo por mim. Faz dois meses que completamos 2 anos de casados sem ser capazes de pensar no que nos aguardava hoje. Tínhamos planos para o próximo bebê, que ela não quer agora, mas juju foi bastante convincente rs. Planos para nossa pequena e para o Sullivan, que também é nosso filho. Coisas que queremos tanto fazer com eles e para eles... como tudo desmoronou tão rápido?

Pior, quem foi capaz de tentar matar a Emily, que hoje já não é vista somente como uma mera funcionária da Bella. Emily conquistou o respeito da sociedade e o temor de alguns. Ao lado da Bella, Violeta e Bruna, ela combate a escravidão sexual e o tráfico de mulheres e crianças. Sem medo algum, ela luta e enfrenta qualquer um para libertar uma criança, ela dá tudo de si pelos outros e não merecia estar passando por isso.

Fecho os olhos e vejo o sorriso dela, enquanto meu telefone toca, o mesmo que sempre acalmou meu coração.

Ligação on

Pietro – Oi

A voz embargada só me permite dizer essa palavra.

Emilly – Filho!

As lágrimas voltam a descer e escuto minha pequena ao fundo

Juju – Papa... pa... pa... papa

Emilly – Ela não para de te chamar.

Respiro fundo enxugando as lágrimas e peço para ela colocar no viva voz

Pietro – Oi, princesa do papai!

Juju – Pa... papa... papa... papa

Pietro – Meu amor, papai está aqui.

Emilly – Como você está, filho?

Pietro – Destruído, mãe..., mas vou ficar de pé por ela, não vou desistir.

Emilly – Assim que se fala. Emily vai sair dessa e vocês ainda serão muito felizes.

Pietro – Sim, nem que eu tenha que mover o mundo por ela.

Emilly – Não espero menos de você, ela merece que dê tudo de si.

Pietro – É o que farei.

Emilly – Tá bom, vou tentar pôr essa mocinha para dormir.

Pietro – Obrigado, mãe! A senhora falou com minha sogra? Não sei se Bella conseguiu a visar eles.

Emilly – Sim, Bella os trouxe para cá, pois estavam muito nervosos, Roseli não estava se sentindo bem.

Pietro – Tá, qualquer coisa me avise.

Emilly – Pode deixar, te amo e fique firme, vai dar tudo certo.

Pietro – Vai sim, beijo! Beijo, filha!

Ligação off

Assim que olho para a tela do telefone, vejo a foto que exibe minha pequena família. Essa foto Emily me mandou em um dia que ela resolveu ficar em casa e em um momento de descontração, ela tirou essa foto com a Juju e o Sullivan, que lambia o rosto da nossa pequena. Lembro que eu dei tanta risada no trabalho, pois Juju tentava a fastar o irmão com as pequenas mãozinhas. Foi nessa época que ela começou a brigar com ele... imaginem um toquinho de gente balbuciando alguns sons e com a carinha de enfezada, era ela. Mas depois da briga, ela o abraçava e dava muitos beijos kkk

Volto para minha realidade em uma sala fria e escura onde o medo de perder tudo isso é persistente.

Pela manhã...

Quando o dia clareou, a primeira coisa que fiz foi lavar meu rosto para esperar minha tia chagar, quero saber como Emily passou a noite e sei que não posso ir lá. Não demorou muito para ela chagar e me olhar com um sorriso de quem sabia do que eu precisava.

Emília – Lhe trouxe um café! (risos)

Pietro – Eu preciso saber como ela está, tia!

Emília – Imaginei e por isso passei lá antes de subir...

Pietro – E?

Emília – Continua estável, o médico que a operou passou a noite no CTI lhe vigiando á meu pedido e graças a Deus, ela está lutando.

Pietro – Graças a Deus!

Solto todo o ar que estava segurando e me jogo no sofá.

Emília – Ela ainda não está fora de perigo, mas o mais importante é que ela está lutando para sobreviver. O pior é sempre a primeira noite e isso não quer dizer que podemos descansar, mas se ela aguentar mais um pouco, vamos nos despreocupar

Pietro – Ela vai, tenho certeza! Minha mulher não foge de uma briga rs

Ela sorri e eu respiro aliviado com o fio de esperança que surgiu.

Seis meses depois...

Acordei essa manhã sentindo meu corpo pesado, nos últimos meses não tenho me alimentado direito e até Julia diz que estou magro. No início, ela perguntou muito pela mãe e chorava quase todos os dias. Emily ainda está em coma e mesmo estando com o mínimo de sedação, ela não acorda. Não como direito, não durmo direito e até não trabalho direito. Denise vem duas vezes na semana ver a Julia mesmo que eu não esteja em casa. De vez em quando, ela também vem ao hospital para ver a Emily e as vezes até me rende aqui para eu ir em casa, pois não gosto de deixar minha esposa sozinha por muito tempo.

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