Cinco anos atrás. Era verão em Seul quando Seo-jin conheceu Kang Min-jae. Ela tinha 13. Ele, 17. Ele apareceu na porta da casa dela com uma sacola de frutas e um corte sangrando na sobrancelha. Disse ser amigo do pai. Mentiu.
Ela odiou-o de imediato. Mas algo nele a fazia querer entender.
Naquela época, o pai dos dois ainda estava por perto — oficial da polícia, dedicado, mas com segredos demais. Às vezes voltava para casa com o cheiro de cigarro e sangue. Outras, não voltava por dias.
Foi numa dessas ausências que Min-jae se aproximou.
Ensinou Ji-hoon a jogar baduk, consertou o rádio velho da sala, preparou ramyeon para os três. Era como se fosse parte da família. Seo-jin sabia que não era. Sabia que o sorriso dele escondia algo.
Na terceira semana, encontrou uma arma escondida no fundo da mochila dele
Yun Seo-Jin
O meu pai está-te protegendo ou encobrindo-te? (perguntou ela, firme).
Min-jae sorriu. Foi a primeira vez que ele a olhou como igual
Kang Min-Jae
Ele está a tentar sobreviver. Assim como eu. Assim como você.
Nessa noite, Seo-jin escutou os dois discutindo na cozinha. Sussurros duros, uma ameaça, e depois… silêncio.
O pai desapareceu três dias depois.
A polícia não deu respostas. A mãe deles já estava morta havia anos. Seo-jin, então com 14, teve que assumir tudo. Ji-hoon tinha 11 e perguntava diariamente onde o pai estava.
E Min-jae… sumiu também.
Até aparecer, um ano depois, como líder de uma pequena facção. Mais frio, mais distante. Mas os olhos — os olhos eram os mesmos.
V●ᴥ●V
No presente, sentada no banco do metrô, Seo-jin observava os prédios passarem rápido pela janela. Ji-hoon estava na escola. Pela primeira vez em dias, ela obrigara-o a ir.
Agora, ia sozinha até Itaewon.
O endereço no bilhete de Dae-hyun era simples: uma casa de fachada cinza, cortinas discretas, guarda-chuva preto encostado na parede.
Ela bateu uma vez. Duas.
A porta se abriu. E lá estava ele. Kang Min-jae.
Os olhos escuros a examinaram de cima a baixo. Nenhum sorriso. Nenhum gesto.
Kang Min-Jae
Você veio
Yun Seo-Jin
Só porque quero respostas.
Kang Min-Jae
Respostas custam caro.
Seo-jin cruzou os braços
Yun Seo-Jin
E você cobra em sangue.
Ele afastou-se da porta. Deixou que ela entrasse
Na mesa da sala, documentos espalhados, mapas, nomes riscados com tinta vermelha. No centro, uma foto: o rosto de Ji-hoon, de uniforme escolar
Kang Min-Jae
Eles estão atrás dele. Porque ele é seu irmão. Porque ele é o filho de quem é. E, porque... ele está prestes a fazer algo que não entende
Seo-jin congelou
Yun Seo-Jin
O que fez com ele, Min-jae?
Ele aproximou-se, baixando o tom
Kang Min-Jae
Eu? Nada. Mas há algo que precisa aceitar, Seo-jin.
Kang Min-Jae
Ji-hoon não é mais só seu irmãozinho. Ele cresceu. E está se envolvendo com pessoas que nem eu consigo controlar.
O silêncio entre eles pesava como uma sentença. Lá fora, o vento batia nos varais
Seo-jin sentia aquilo que sempre tentava ignorar...
O passado estava voltando.
E Ji-hoon… estava no centro da próxima tragédia.
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