Já no táxi, a caminho do escritório, repasso mentalmente tudo que me lembrava da noite anterior. Meu celular estava totalmente descarregado, não consegui avisar a Patrícia e Selma que eu estava bem, apesar das duas terem me deixado na casa daquele doido sozinha.
— Preciso lembrar de nunca mais beber daquele jeito.
— A senhorita falou algo? — O motorista me olhou pelo espelho retrovisor.
— Não senhor, só estou pensando alto.
Cheguei ao escritório, ainda com o vestido da noite anterior. Ao menos era um pretinho básico, sem decote. Durante o percurso , fiz uma mala básica com o que encontrei na bolsa, e um coque baixo, com meu próprio cabelo.
Entrei e cumprimentei as pessoas como faço todos os dias, mas senti algo estranho, eles me olhavam diferente.
Antes de entrar na sala que eu dividia com a cobra da Mirela , ouvi a voz do meu chefe me chamar até a sala dele.
— Bom dia Senhor, desculpe o atraso, tive um imprevisto esta manhã.
Ele me olhou sem dizer nada e mandou que me sentasse. Na mesa, um papel que ele me apontou com uma caneta. Ao ler a primeira linha me assustei, era uma carta de demissão em meu nome.
— O que significa isso?
— Apensas assine e saia daqui sem nenhum problema judicial.
— Problema judicial? Eu não estou entendo Senhor Martins. — Minha cabeça parecia querer explodir naquele momento.
— Nós descobrimos tudo, Henrico nos contou essa manhã, desolado. Um homem de caráter, não se deixou levar por seu namorado. Como você pode Camile? Depois de 2 anos conosco, estávamos prestes a lhe contratar.
— Senhor Martins, não sei o que Henrico lhe disse, mas não é verdade . Eu …
— Por favor, temos as provas, não quero me alongar nesta conversa. Só assine logo esta carta e saia daqui, antes que eu mude de ideia e você acabe perdendo sua carteira profissional.
Segurei o máximo que pude às lágrimas que estavam prestes a cair. Assinei aquele papel com as mãos trêmulas, não sabia o que o desgracado do Henrico tinha armado para aquilo está acontecendo, mas eu já descobrir e limpar meu nome.
Minhas coisas já estavam em uma caixa na recepção. Preferir não entrar na sala e encontrar Mirela, poderia me prejudicar ainda mais, com a raiva que eu estava. Desci, caminhei até o apartamento que dividia com Henrico, era apenas dez minutos de caminhada até lá. Subi até o primeiro andar e me deparei com minhas malas ao lado da porta. Tentei abrir a porta com minha chave, não consegui.
— Desgraçado!
Sentei ao lado da porta, coloquei a cabeça entre os joelhos e chorei feito uma criança. O porteiro me ouviu e subiu até onde eu estava.
— Senhorita Camile, eu sinto muito … muitas vezes eu queria poder te contar o que acontecia quando a senhorita não estava em casa …
— Você sabia, Manoel!?
— Todos aqui sabiam, já fazia muito tempo …
Senti o nó se formar em minha garganta, parece que eu era a única idiota que não desconfiava de nada.
— A senhorita já tem para onde ir?
— Sim, vou para casa de minhas amigas. O senhor pode me ajudar a descer as coisas?
— É claro! — Ele respondeu solicito.
Descemos as malas, Manoel não podia ficar o dia todo ali ao meu lado, se despediu de mim e voltou ao seu posto. E eu, fiquei ali sentada na calçada, perdida, sozinha.
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Atualizado até capítulo 106
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