O Convidado da Noite

Manuel não foi trabalhar naquela noite.
Hwang insistiu para que ele entrasse em sua casa — ou melhor, em seu refúgio — uma antiga residência escondida entre as ruas esquecidas de Seul.
Onde o tempo parecia ter parado no século XIX. A porta de madeira rangia ao abrir, e o interior era repleto de livros antigos, cortinas pesadas, móveis escuros e uma lareira acesa que estalava em um tom reconfortante.
Nada fazia sentido, mas, estranhamente, Manuel sentia que pertencia àquele lugar.
Manuel
Manuel
Você vive aqui sozinho?
Respondeu Manuel, olhando ao redor, os olhos absorvendo cada detalhe.
Hwang
Hwang
Sempre vivi só... é mais seguro assim.
Respondeu Hwang, enquanto servia uma taça de vinho — ou, pelo menos, o que Manuel pensava ser vinho.
Manuel hesitou ao aceitar, mas bebeu mesmo assim.
O gosto era doce, denso, e provocou um calor na garganta. Hwang o observava com atenção, como se cada movimento do humano fosse uma obra de arte prestes a desaparecer.
Manuel
Manuel
Por que me trouxe aqui?
Hwang sentou-se à frente dele, as mãos juntas, os olhos intensos.
Hwang
Hwang
Eu disse que você é luz. E não menti.
Hwang
Hwang
Desde que me tornei o que sou... nunca mais vontade de me aproximar de ninguém.
Hwang
Hwang
Nunca desejei... me permitir sentir.
Hwang
Hwang
Mas você apareceu, feito tempestade, e destruiu minha maldita calma.
Manuel
Manuel
E isso é ruim?
Respondeu Manuel, tentando entender o medo por trás daquela confissão.
Hwang
Hwang
É perigoso. Porque eu não sou humano.
Hwang
Hwang
E você não sabe o que eu sou capaz de fazer com quem amo...
Um silêncio pesado caiu sobre a sala. A lareira lançava sombras que dançavam nas paredes.
Hwang parecia lutar contra algo dentro de si. Manuel, apesar do medo, deu um passo a frente.
Manuel
Manuel
Você sempre está com medo de me machucar?
Hwang
Hwang
Sempre.
Manuel
Manuel
Mas você não me machucou. Nem tentou.
Hwang
Hwang
Ainda não.
A voz de Hwang quebrou como vidro.
Hwang
Hwang
Mas a sede... a sede sempre volta.
Hwang
Hwang
E eu não quero ferir você. Não você.
Manuel se aproximou, agora muito perto. Seu coração batia forte, mas havia algo em Hwang que o chamava. Um vazio que gritava por companhia.
Manuel
Manuel
Então não lute sozinho. *Sussurrou*
Foi quando Hwang o olhou de forma diferente.
Não com fome. Mas com um desejo que ultrapassava séculos de solidão.
Ele ergueu a mão e tocou o pescoço de Manuel, onde ele pulsava forte.
Mas, em vez de morder, a penas encostou os lábios, fechando os olhos como se respirasse vida pela primeira vez em muitos tempo.
Hwang
Hwang
Eu não vou te machucar.*disse baixo*Mas se ficar... sua vida nunca mais será a mesma.
Manuel sorriu leve.
Manuel
Manuel
Talvez seja isso que eu estaja procurando.
Continua
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Amelia Quil

Amelia Quil

Autora, volta logo com mais capítulos!

2025-07-03

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