Depois do jantar, Noah já pediu para Amanda se mudar para sua casa como estava no contrato e assim a mesma fez ao chegar a casa nova era enorme, moderna, e organizada como se tivesse sido arrumada por robôs com TOC. Amanda, no entanto, já havia deixado sua marca em apenas duas semanas: um cobertor com estampa de patinhos no sofá da sala, uma caneca com a frase “Café ou Colapso” na bancada da cozinha e um guarda-chuva rosa pendurado no lugar onde deveria estar uma obra de arte.
Ela não fazia questão de transformar o lar em algo seu, só precisava que tivesse wi-fi, comida e silêncio para estudar e felizmente, Noah parecia muito empenhado em manter distância.
Desde o jantar, ele não tentava conversar além do necessário, mantinha-se frio, profissional. Dormiam em quartos separados, como previsto e nos finais de semana, ele desaparecia — sempre às sextas à noite, retornando de madrugada ou só no domingo à tarde.
Amanda não perguntava,não queria saber.
Ela já tinha problemas o suficiente: três provas em uma semana, um seminário sobre anatomia patológica, e uma chefe que confundia “estágio” com “escravidão moderada”.
Lily: E ele já saiu de novo?
Perguntou Lily, por videochamada, enquanto Amanda mastigava um pedaço de pizza fria.
Amanda: Sexta à noite, é claro, saiu todo arrumado, cheiroso, provavelmente a caminho de alguma balada com nome francês que nem existe no Google Maps.
Lily: E você, tá de boa?
Amanda deu de ombros.
Amanda: Sinceramente? Tô tão exausta que, se ele aparecer com uma stripper montada num cavalo, eu só peço pra falarem mais baixo e apagarem a luz da sala.
Lily riu alto.
Lily: Você tá virando uma esposa frustrada sem nem ter casado de verdade!
Amanda: Eu sou uma esposa contratada, Lily,tipo uma funcionária CLT do amor e essa semana eu tô em hora extra.
Na madrugada de sábado para domingo, Amanda estava esparramada no sofá, estudando uma pilha de slides sobre histologia quando ouviu a porta da frente abrir com dificuldade.
Olhou para o relógio: 2h47 da manhã.
Bocejando, tirou os óculos e se levantou para verificar,quando chegou à entrada, Noah entrou cambaleando, apoiado numa figura feminina de salto, vestido justo e perfume doce demais.
Amanda: Você está brincando comigo
Amanda disse alto, sem pensar.
A mulher, alta e ruiva, olhou para ela com desdém instantâneo. Era o tipo de pessoa que já entra achando que é dona do ambiente.
Mia: Ah. Você deve ser... Amanda.
Disse a ruiva, como quem pronuncia “fungo de geladeira”.
Amanda: E você deve ser... o que, exatamente? Um brinde da balada?
Amanda cruzou os braços.
Amanda: Ou é uma daquelas acompanhantes que vem com manual de instruções?
Noah: Amanda
Noah falou, arrastando as palavras
Noah: Essa é a Mia,uma amiga, antiga,tipo da época da faculdade...
Amanda: Uau. Então ela veio visitar as lembranças? Porque você claramente está tentando lembrar onde está o chão.
Mia soltou uma risadinha forçada.
Mia: Eu vim só garantir que ele chegasse bem em casa,ele bebeu um pouco demais.
Amanda: Um pouco? Ele está com o olhar de quem tentou conversar com a parede do bar.
Noah se apoiou na parede e deu um meio sorriso bêbado.
Noah: Amanda é engraçada, né? Sempre com essas... piadinhas dela.
Amanda: Não são piadinhas. São defesas emocionais contra o show de horrores que acabei de presenciar.
Mia: Escuta aqui...
Mia começou, se armando para uma discussão.
Amanda: Não, você escuta aqui você querida Mia: essa casa é minha também, e enquanto eu estiver tentando memorizar estruturas microscópicas de tecidos, eu exijo um mínimo de paz, então, por favor, leve seu salto, seu perfume e seu ego pra casa, o seu 'amigo' já está bem demais para dormir no tapete da sala
Amanda apontou para Noah, que agora ria sozinho da própria sombra.
Mia: Eu não sou obrigada a ouvir isso
Mia disse, já se virando para a porta.
Amanda: Não é mesmo,pode ir com Deus, Baco ou seja lá qual divindade protege o ridículo
Respondeu Amanda, com um sorriso cínico.
Mia foi embora bufando, batendo os saltos como tambores de guerra no chão de mármore.
Amanda encarou Noah, que agora tentava tirar o sapato com a destreza de um polvo bêbado.
Amanda: Você tem noção do que está fazendo?
Noah: Eu só fui me divertir
Disse ele, afundando no sofá.
Noah: Não que isso seja da sua conta,tá no contrato: finais de semana livres.
Amanda: Tá no contrato também que você não ia me expor a situações... constrangedoras e ver você entrando aqui como um zumbi luxuoso acompanhado da “Mia-sou-muito-amiga-mas-te-olho-com-desejo” entra nessa categoria.
Ele passou a mão no rosto e suspirou.
Noah: Amanda, eu deixei claro desde o início,não quero envolvimento emocional,não quero apego,só um acordo,só isso.
Ela cruzou os braços, irritada.
Amanda: Ótimo. Porque se eu quisesse envolvimento, procurava um simulador de afeto com inteligência artificial,pelo menos o robô não chegava fedendo álcool e com uma ruiva grudada no pescoço.
Eles se encararam por alguns segundos, ele, ainda sonolento e alterado, ela, bufando, mas com as bochechas levemente coradas, parte raiva, parte... outra coisa que ela não queria nomear.
Amanda: Vai dormir, Noah. Amanhã a gente finge que isso não aconteceu,igual tudo que estamos fazendo.
E, com isso, Amanda se virou e subiu as escadas.
Mas, naquela noite, mesmo exausta, mesmo cheia de textos para revisar, ela não conseguiu dormir,porque algo dentro dela tinha começado a incomodar de verdade e não era só o cheiro do perfume barato da Mia.
Era a sensação estranha de estar... decepcionada.
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Atualizado até capítulo 32
Comments
Celi
a burra já se apaixonou, já sabia das condições era não envolver e fazer ele se apaixonar e arrepender das burradas que faz
2025-07-01
1
Sandra Camilo
😡😡que raiva desse babaca
2025-07-02
0
Dulce Gama
se a Amanda já está apaixonado por ele ela não tem que demonstrar tem que ser neutra sem.ele perceber senão ele vai pintar e bordar 🌟🌟🌟🌟🌟🌹🌹🌹🌹🌹🎁🎁🎁🎁🎁♥️♥️♥️♥️♥️👍👍👍👍👍
2025-07-03
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