A cada ano, a Cerimônia de Iniciação dos Quinze Anos era o ápice da vida de um jovem mago, o momento em que seus núcleos mágicos se manifestavam formalmente. Finn observava as celebrações com uma dor familiar. Os adolescentes irradiavam luz, seus núcleos pulsando com a energia de sua essencia mágica. Kael, no ano anterior, havia brilhado com um orbe elétrico. Os aplausos e os gritos de alegria ecoavam no salão, e Finn sentia um vazio oco. Ele era o único a não ter um núcleo. Ele era o Sem Magia.
A vida de finn era uma trapaçaria de "poderia ter sido"
Enquanto Kael treinava seus raios e as outras crianças praticavam suas artes, Finn mergulhava nos livros da biblioteca da cidade. Ele buscava algo, qualquer coisa, que o conectasse àquele mundo que parecia ter esquecido dele. Ele lia sobre a história de Aethel, as lendas dos antigos e os mistérios do éter que permeava tudo.
Foi em um canto empoeirado da biblioteca que ele encontrou um tomo esquecido, sem título. Suas páginas eram finas e amareladas, e a tinta parecía desbotar à medida que ele a lia. Falava de uma "Fenda na Realidade", um lugar onde a magia se diluía, onde as leis do universo pareciam se curvar. Descrevia um presságio, uma época em que a própria magia de Aethel começaria a desaparecer, e um "Sem Magia" seria a chave para sua salvação. Além disso, mencionava o despertar de uma antiga escuridão e a necessidade de reunir os Quatro Heróis Lendários que uma vez selaram
Finn
Finn riu, um som sem alegria. "Que ironia", ele murmurou para si mesmo. "Eu, a personificação da ausência de magia, serei a salvação?"
Mas, quanto mais ele lia, mais uma estranha sensação de familiaridade o invadia. O livro descrevia fenômenos que ele já havia testemunhado, pequenos lapsos na magia que os outros pareciam ignorar. Uma vez, ele viu uma runa de proteção falhar inexplicavelmente. Outra vez, um riacho encantado de repente parou de brilhar.
Ele começou a observar. E o que ele viu o alarmou. As luzes estelares que teciam as casas de Aethel pareciam um pouco mais fracas a cada dia. Os rios encantados tinham um brilho menos intenso. Os magos, embora não admitissem, estavam começando a ter problemas com seus feiticos mais complexos.
A magia estava, de fato, diminuindo.
E não era só isso. Relatos de criaturas sombrias e estranhas perturbações começaram a surgir das fronteiras de Aethel. O medo se espalhava.
kael
Kaell, percebendo a seriedade de Finn, começou a acreditar. "Mas por que a magia se esgotaria, Finn?", ele perguntou uma noite, enquanto observavam as estrelas, que pareciam menos numerosas. "E essas criaturas... não parecem com nada que já vimos."
Finn
Finn folheou o livro novamente, as páginas quase se desfazendo em suas mãos. "A Fenda", ele murmurou. "O livro diz que quando a Fenda se manifesta, a magia é drenada de Aethel, puxada para outro lugar. E que o Sem Magia é o único capaz de atravessá-la. E sobre as criaturas... o Rei Demônio está despertando."
kael
"O Rei Demônio?", Kael exclamou, com os olhos arregalados. "Isso é só uma lenda de criança! Ele foi selado há milênios pelos Quatro Heróis!"
Finn
"O livro diz que o selo está enfraquecendo por causa da Fenda", Finn explicou, apontando para uma ilustração desbotada dos heróis. "E que a única forma de detë-lo é despertar os Quatro Heróis Lendários e pedir a ajuda deles novamente. Parece que eles adormeceram com a magia, e só alguém 'não tocado por ela pode alcançá-los."
kael
"Mas... isso é insano!", Kael exclamou. "Você não tem magia, Finn! Como você pode ser a chave para salvá-la? E como vamos encontrar heróis que nem sabemos se existem?"
Finn
Finn olhou para ele, seus olhos cheios de uma resolução recém-descoberta. "Talvez seja exatamente por isso, Kael. Talvez eu seja a única pessoa que pode ver o que realmente"
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