5º capítulo

Max rolou na cama tentando fugir do toque insistente do celular, mas aquela ligação parecia realmente importante, porque fosse quem fosse que estava ligando estava insistindo demais.

Assim que desistiu de lutar contra o barulho e abriu os olhos para ver quem insistia viu que era uma ligação da secretária de Aaron, bufou raivoso e retornou a ligação.

- O que é Maísa?

- Ele quer te ver agora no escritório dele.

- Mas\, são cinco da manhã!

- Acredite\, ele me acordou as quatro e estou aqui desde então tentando te ligar\, ele está furioso!

Max suspirou pesado e decidiu se levantar.

- Diga a ele que estarei aí dentro de vinte minutos.

Max odiava o humor de Aaron, aquele homem tinha algum problema existencial, só podia, talvez fosse alguma alma desenganada vagando pelo mundo, ou apenas tinha entrado cinquenta vezes na fila do mau humor antes de descer na terra.

Assim que Max chegou à empresa ele se dirigiu até a mesa de Maísa.

- Cheguei quão ruim é a situação? A empresa faliu? Alguém morreu? Alguma maluca alega ter um filho dele?

- Não sei\, ele não me passou nada\, mas escutei alguns barulhos estranhos lá dentro\, acho que ele já quebrou metade do escritório.

Max fez um sinal da cruz brincalhão.

- Deus tenha pena da minha alma então\, se a caso eu não sair em meia hora chame a polícia...

Maísa sorriu achando engraçado e recebeu uma piscadela dele.

O rosto de Max surgiu na porta espiando para dentro e vendo boa parte das coisas quebradas e destruídas, havia vasos pelo chão, enfeites de mesa e até mesmo o notebook estava quebrado.

- Bom dia! – Sorriu tentando parecer animado.

- Bom dia? Está de brincadeira\, não é?

- Juro que achei que seu humor estaria melhor hoje\, acho que subestimei a senhorita Bristot\, o que houve?

- Preciso que a encontre novamente! Preciso estar com ela novamente!

- Me acordou às cinco da manhã apenas porque quer vê-la? Por favor\, Aaron... Tenha mais consideração\, ligue para ela e marque um novo encontro!

- Não tenho o número dela...

- Teve uma noite tão incrível com a garota que deseja repetir e não se lembrou de pedir seu número?

- Não. – Disse Aaron fechando o rosto e admitindo envergonhado que nada tinha acontecido. – Ela me chutou e fugiu feito uma corsa ferida!

Max soltou uma gargalhada alta sem conseguir se controlar.

- Eu disse! Eu disse que ela seria diferente das outras! Dois pontos para a senhorita Bristot!

Aaron se levantou furioso e caminhou até o amigo o encarando no fundo dos olhos.

- Está comemorando? Está mesmo feliz por ela ter me chutado como um cachorro sem dono? De que lado está afinal? Por acaso está feliz com isso Max? Não me diga que a quer para você e deseja minha ruína?!

Aaron estava aos berros, Max se afastou soltando um sorriso amarelo.

- Que isso Aaron\, sabe que sou seu amigo\, conheço você desde a faculdade\, nunca ousei dar em cima de alguma das suas conquistas\, mulher de amigo meu pra mim é homem\, você sabe... Sou fiel a você.

- Acho bom\, agora me consiga uma segunda chance com ela.

Max soltou um suspiro aliviado pelo amigo estar mais calmo, porém curioso.

- Porque está insistindo tanto nisso? Quero dizer\, nunca o vi correr atrás de nenhuma garota e agora de repente essa garota parece ter ganhado uma importância exagerada.

- Apenas não me sinto saciado\, eu a quero e ponto final\, estou decidido a tê-la para mim e vou tê-la\, estamos entendidos?

Max preocupou-se com o amigo, a solidão de Aaron o tinha transformado em alguém frio e sem sentimentos, saia com diferentes garotas apenas por vaidade, fazia sexo apenas por fazer, parecia sempre estar insatisfeito e incompleto, e sabendo de tudo que ele tinha passado em seu passado, não conseguia ajudá-lo.

- Não sei se deveria seguir insistindo nela.

Max recebeu um olhar furioso de Aaron.

- Espere me deixe terminar\, e não me interprete mal\, já disse\, não estou interessado nela\, porém eu fui até a casa de Luana e acho que ela se inscreveu no concurso por sonhar em mudar de vida realmente\, aquela me parece ser uma garota que já sofreu muito e que certamente enfrentou muita coisa.

- Porque pensa isso?

- Eu estive na casa dela\, e acredite Aaron\, não é um lugar que você vai querer conhecer\, não há um mínimo de higiene ou segurança\, aquela casa cheia a álcool e a cigarro\, é um bairro perigoso\, sujo e que não oferece nenhuma condição saudável de vida.

- Conheceu alguém da família dela?

Max tentou se lembrar dos minutos que ficou com o carro encostado em frente à casa de Luana.

- Não exatamente\, quem abriu a porta foi ela\, estava mal vestida e desarrumada\, nem parecia a mesma menina sorridente das fotos do concurso\, porém fiquei um tempo com o carro em frente a casa e vi quando um homem barrigudo chegou\, ele cambaleava\, estava visivelmente embriagado\, arrombou a porta irritado ao invés de simplesmente abrí-la\, não sei o que ele é da senhorita Bristot\, mas se for seu pai\, a convivência deve ser bem difícil.

Aaron mudou sua expressão parecendo interessado.

- Certo\, me convenceu\, me dê o endereço dela e eu mesmo vou até lá...

- Como é? Ficou maluco? Não ouviu o que eu disse sobre ser um bairro perigoso? Pode ser assaltado ou sequestrado!

- Ainda assim eu irei\, se não quiser me dar o endereço pedirei ele ao motorista que foi buscá-la ontem\, e então o que vai ser?

Max esfregou os olhos, cansado de ter que lidar com o gênio ruim de Aaron.

- Ok\, eu te dou o endereço\, porém se você for assaltado ou sequestrado\, ou até mesmo morto\, não me ligue\, eu estarei com o celular desligado e descansando.

Aaron sorriu.

- Tudo bem\, se eu for morto\, posso garantir que não ligarei.

Max tentou parecer sério diante da piada de mau gosto dele, pelo menos o humor de Aaron tinha mudado um pouco, não que fosse para melhor, mas estava menos irritado.

Aaron pegou o endereço e se dirigiu a casa de Luana, assim que chegou no bairro que Max tinha mencionado entendeu que o amigo não tinha exagerado nem um pouco o lugar era de fato horrendo, havia lixo acumulado nas esquinas, pessoas dormindo pelas calçadas ao lado de garrafas de bebida, enquanto outras mulheres circulavam por ali com roupas menores fazendo programa em plena luz do dia, suspirou balançando a cabeça e encostou o porsche vendo os olhares sobre ele, desceu calmamente observando tudo e então atravessou a rua seguindo pela calçada que daria na casa de Luana, um pouco distante dali avistou a casa que Max tinha falado e novamente o amigo não tinha exagerado, aquele lugar era de fato horrível, a porta que parecia ter sido arrombada diversas vezes estava amarrada por uma corda e não tinha fechadura, havia marcas de rachadura e as janelas estavam quebradas, por alguns segundos pensou se não seria melhor recuar e deixar aquela garota em paz, porém alguma coisa nele o fazia querer ir até o fim, sem pensar muito bateu à porta com cuidado.

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Odete Cabral

Odete Cabral

só Deus sabe o perigo de um homem sem amor

2025-07-18

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