Capítulo 3 – Bruna
Todo mundo aqui me chama de "a irmã do Nando". Como se eu não tivesse nome, vida, vontade.
O Nando fez tudo por mim, eu sei. Me criou quando a nossa mãe fugiu. Me protegeu de tudo e de todos.
Só que essa proteção virou uma jaula.
Ele não sabe, mas eu cresci. Tenho 18 anos, corpo de mulher, cabeça de mulher… e desejos de mulher.
E é aí que entra o Grego.
Cristiano, vulgo Grego, é o braço direito do meu irmão. Sempre foi.
Ele é lindo… do jeito perigoso que faz a gente perder o juízo. Moreno, tatuado, olhar de quem já viu mais morte do que devia… mas com um sorriso torto que me desmonta.
A gente se envolve escondido. Nos becos, nos cantos, nas madrugadas.
Se o Nando descobre... meu Deus… o Grego tá morto.
Mas eu não consigo parar.
E agora, com a chegada da Vivi… eu tô vendo que meu irmão anda mais estranho ainda.
Ele tá diferente. Mais quieto… mais no mundo dele.
Parece que o gelo que ele tem no peito tá começando a rachar.
E eu sei exatamente o motivo.
Capítulo 4 – Cristiano (Grego)
> "Lealdade tem limite. O meu... tá começando a rachar."
Fernando me tirou da lama. Literalmente.
Eu era só mais um moleque sem futuro, metido com coisa errada, até ele me puxar pra perto. Me deu respeito, lugar, nome.
Hoje, no morro, quem fala de mim fala com cuidado. Porque todo mundo sabe: onde o Nando vai… eu tô junto.
Só que ninguém sabe o que eu faço quando o Nando não tá vendo.
Bruna.
A irmãzinha dele. A garota que eu vi crescer. A menina que virou mulher… linda, forte, teimosa… e completamente proibida pra mim.
Mas o desejo… é foda.
A gente se esconde, se pega como se fosse a última noite, como se a qualquer momento o mundo fosse acabar.
E pode acabar mesmo… se o Nando descobre.
Agora tem essa tal de Viviane rondando o morro…
Eu vejo como o Nando olha pra ela. Tentando disfarçar… mas eu conheço ele. Melhor do que ninguém.
Ele tá mexido.
E quando o dono do morro perde o foco… todo mundo fica vulnerável.
Inclusive eu.
cristiano!
Capítulo 5 – Viviane
> "Às vezes, no meio do caos, a gente encontra paz nas pessoas mais improváveis."
A rua tava vazia naquela manhã. O sol batia forte no asfalto rachado, e eu carregava duas sacolas do mercadinho do morro, descendo devagar pela ladeira íngreme, tentando não escorregar.
A mochila pesava mais que o meu humor.
Foi quando ouvi um assobio atrás de mim.
Me virei, já esperando algum comentário idiota — o morro pode ser bonito, mas mulher andando sozinha por aqui... é campo minado.
Mas não era um cara.
Era uma menina, uns 18 anos talvez. Short jeans, tênis gasto, top preto e uma cara de quem não leva desaforo pra casa. Ela vinha com fones de ouvido e um jeito leve de andar, como se flutuasse pela quebrada.
Parou do meu lado, me olhou dos pés à cabeça.
— Primeira semana no morro, né? — ela falou, tirando um lado do fone.
Eu ri, meio sem jeito.
— Deu pra perceber?
Ela deu de ombros e pegou uma das minhas sacolas sem pedir.
— O jeito que você anda já entrega. Cuidado com o buraco ali, se pisar torto vai parar lá embaixo.
— Valeu… — sorri, surpresa. — Eu sou a Viviane. Mas todo mundo me chama de Vivi.
— Bruna. — ela respondeu, com um sorriso sincero. — Mas não me chama de Bruninha, odeio apelido fofo.
Rimos.
Conversamos o resto do caminho. Descobri que ela morava ali desde pequena. Que tinha um irmão mais velho meio "mandão" (palavras dela), e que odiava quando diziam que ela só tinha a vida fácil porque era “irmã do chefe”.
Eu fingi que não entendi a indireta. Mas no fundo, sabia quem era o irmão dela.
Fernando. O tal Nando.
Mas naquele momento, nada disso importava. A gente falava de música, de filmes, de sonhos que pareciam distantes demais pra quem cresceu num lugar como aquele.
Chegamos na frente da minha casa e ela parou.
— Tá a fim de ir na laje mais tarde? Levo um som, refrigerante e uma vista top!
— Tô dentro.
Ela sorriu, dessa vez de verdade.
E ali, no meio do morro, em meio a todas as incertezas, eu tive certeza de uma coisa:
A Bruna ia ser mais do que uma amiga. Ia ser minha irmã de guerra.
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Atualizado até capítulo 90
Comments
Ngực lép
Pegou minha atenção.
2025-06-25
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